Opinião
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14 de março de 2023
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13:49

Quem mandou matar Marielle? (por Luciana Genro)

Deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS) (Divulgação/ALRS)
Deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS) (Divulgação/ALRS)

Luciana Genro (*)

Neste dia 14 de março a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes completa cinco anos. São cinco anos de impunidade, em que repetimos a mesma pergunta: Quem mandou matar Marielle e por quê?

Quem deu a ordem ainda não foi identificado, mas quem disparou o gatilho, sim. O policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz estão atrás das grades pela execução do crime. Ambos são conhecidos por serem matadores de aluguel, portanto é preciso saber a mando de quem atuaram. A Polícia Civil apurou, inclusive, que Lessa tinha patrimônio incompatível com a renda de sargento PM e vivia uma vida de luxo. Enquanto não soubermos quem eram os chefes destes dois assassinos e quais interesses os moviam não teremos justiça pela morte de Marielle e Anderson.

O fato é que no governo Bolsonaro as investigações não avançaram. Desde o crime em 2018, houve várias trocas no comando das apurações. Três grupos de promotores ficaram à frente do caso no Ministério Público do Rio de Janeiro. Já na Polícia Civil, cinco delegados chefiaram as investigações.

Neste sentido é uma boa notícia o fato de que finalmente o governo federal dará apoio às investigações, como já anunciou o ministro Flávio Dino. A mudança do ambiente político do país, no momento em que inclusive a irmã de Marielle é ministra, é sem dúvidas um elemento fundamental para que essa impunidade possa ter fim.

Mas isso não elimina a necessidade de seguirmos lutando, cobrando e exigindo justiça. É por isso que, como sempre fazemos desde 2018, vamos novamente às ruas hoje. A morte de Marielle transformou o 14 de março em um dia de luta não só por justiça para a nossa vereadora, mas em defesa de toda a juventude negra, tão massacrada em nosso país pela brutalidade das forças de segurança pública e pela falta de oportunidades oriunda da desigualdade e do racismo estrutural. Só a luta para superar este abismo pode nos mover em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.

(*) Deputada estadual e presidente do PSOL-RS

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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