Opinião
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17 de março de 2023
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07:43

Lei da Insegurança Bancária: de portas abertas para o crime (por Everton Gimenis)

Divulgação
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Everton Gimenis (*)

Fomos surpreendidos, no fim de 2022, com a aprovação na Câmara de Porto Alegre do Projeto de Lei 244/22, do vereador Ramiro Rosário (PSDB), que atenta contra a segurança dos bancários e da população ao acabar com a obrigatoriedade das portas com detector de metais nas agências bancárias.

A lei municipal de 1994 que obriga a instalação dessas portas não foi feita por acaso, foi necessária, porque, na época, tínhamos em média três assaltos à mão armada por dia nas agências da Capital. Eu mesmo, que trabalhava no Banco Mercantil de SP, na avenida Farrapos, sofri, junto com colegas, três ataques do tipo.

Foi nesse cenário que a Câmara aprovou esse e outro projeto, para obrigatoriedade das câmeras de monitoramento. As leis foram muito eficazes, pois dados oficiais demonstram que os assaltos a bancos diminuíram 91% depois.

Os argumentos do autor do PL 244 são praticamente uma cópia do que ouvimos dos banqueiros: liberdade econômica, desburocratização… Só esconde o principal argumento dos bancos: aumentar seus já ultrajantes lucros. Alegam que outros agentes financeiros, como fintechs, cooperativas e lotéricas não possuem essa obrigação, tendo um custo menor.

Rosário falou para seus pares que o projeto não oferecia mudança substancial, que se aplicava a novas agências. Uma falácia! O PL excetua os caixas eletrônicos, existentes na maioria das agências, que têm muito dinheiro e podem ser acessados pelos bancários. Com o fim das portas giratórias, os bandidos poderão entrar armados nos bancos e obrigar os bancários a abrirem os caixas.

Sem falar em outro crime que já ocorre em agências que não têm as portas: os marginais entram armados e obrigam os bancários a transferirem valores das contas dos clientes por TED ou pix. O trauma psicológico que os trabalhadores e clientes sofrem numa ocorrência dessas é imensurável! É a essas situações que os bancários e a população estarão expostos se esse projeto for sancionado. Por isso, alertamos: pela segurança e pela vida, veta, Melo!

(*) Vice-presidente da CUT-RS

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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