Opinião
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22 de novembro de 2022
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08:23

Ouro: ‘nele vi rostos, vidas ceifadas’ (por Roberto Liebgott)

Invasão de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, em maio de 2020 (Foto: Chico Batata/Greenpeace)
Invasão de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, em maio de 2020 (Foto: Chico Batata/Greenpeace)

Roberto Liebgott (*)

Andando pela calçada o vi reluzente, amarelo queimante, exposto numa enfeitada vitrine comercial de Genebra, Suíça.

Arquivo pessoal

Olhei fixamente pra ele, estava compactado numa barra de mil gramas e, ao seu redor, havia moedas extravagantemente esparramadas pelo chão.

Parei abruptamente na calçada, não havia interesse em admirá-lo, ao contrário, nele vi rostos, vidas ceifadas, lágrimas, dores, horrores.

Vi a barbárie, os corpos subnutridos, vi crianças desesperadas, mulheres agredidas, nele vi os Yanomami, os Munduruku e suas terras arrasadas.

E ele permanece lá, sem nenhum pudor, na vitrine mais cara do mundo, na capital do capital, dos lucrativos bancos prostituindo-se aos ricos do mercado transnacional.

19 de novembro de 2022

(*) Cimi Sul – Porto Alegre

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.

 


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