Opinião
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5 de novembro de 2022
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18:46

Derrotado o fascismo, agora uma oposição popular (por Miguel Rossetto)

Foto: Leandro Molina
Foto: Leandro Molina

Miguel Rossetto (*)

Quis a história que por menos de 3 mil votos fosse Leite e não nós para o segundo turno. No primeiro turno, Eduardo Leite fez praticamente a mesma votação do candidato do PT, Edegar Pretto, pouco mais de 26%. Um dos menores índices já alcançados por um governador na reeleição; 74% dos eleitores disseram não à sua continuidade.

Votamos em Leite para derrotar Onyx, o fascista local. Leite foi eleito com os votos do PT e da esquerda. Foi uma opção pela democracia.

O PT decidiu indicar o voto em Leite não por uma avaliação positiva de seu governo, ao contrário. Nós e o povo gaúcho avaliamos de forma muito negativa o seu mandato. É um grave erro político Leite pensar que a vitória, com os votos do PT e da esquerda, assegura legitimidade para a continuação de um programa rejeitado pela ampla maioria do povo gaúcho no primeiro turno.

O atual governo e Leite não têm autoridade política para continuar, por exemplo, com a indefensável privatização da Corsan, que deveria ser imediatamente suspensa. Pelas razões locais, e pelas razões nacionais. Lula eleito vai rediscutir a nova Lei do Saneamento – acima de tudo um instrumento de privatização das estatais do saneamento – e o BNDES vai voltar a ser um banco de desenvolvimento e não um suporte para a destruição dos bens públicos.

Fora nossa opção de deter o fascismo, Leite nada tem em comum com o PT, com a esquerda ou com o povo pobre. Leite provém de uma linhagem de governantes que sempre combatemos e que tem como norte reduzir os serviços públicos em nome de uma crise fiscal criada por eles próprios em cada isenção fiscal, redução de impostos e acordos da dívida. Esta linhagem vem de Britto, Yeda, Sartori e agora é encarnado por Leite.

Todos venderam patrimônio, todos abusaram das isenções, todos comprimiram salários do funcionalismo, todos destruíram a capacidade de planejamento do estado, todos arruinaram os serviços públicos, todos aumentaram a pobreza e a desigualdade no RS, e todos agravaram a crise do Estado.

De todos os ataques ao Rio Grande, talvez o mais violento seja justamente o de Leite por meio do Plano de Recuperação Fiscal; vendido como a solução da crise quando na verdade é a condenação final do estado, diante da volta de um insuportável pagamento da dívida e pelas proibições de novos investimentos nos serviços públicos e na infraestrutura. Tamanho é o desastre deste acordo, que os pretendidos R$ 4 bilhões arrecadados com a venda da Corsan, pagariam dois anos da dívida. Dois anos! Faltam 28…

Agora chegou o momento de fazermos na Assembleia o papel que o povo nos deu na eleição: ser oposição.

O povo gaúcho pode contar com a integridade, a combatividade e a coerência da Bancada do PT na Assembleia Legislativa.

(*) Miguel Rossetto, eleito deputado estadual pelo PT, foi deputado federal, vice governador do RS, ministro do Desenvolvimento Agrário, do Trabalho e Previdência e da Secretária-geral da Presidência da República

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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