Opinião
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3 de outubro de 2022
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13:12

As nossas bolhas e as deles (por Ricardo Almeida)

Imagem: Pixabay
Imagem: Pixabay

Ricardo Almeida (*)

Vamos ser sinceros: todo o mundo fala para as suas bolhas… nós e eles! O problema é que as bolhas deles são orgânicas e as nossas são depósitos de informações, muitas delas baseadas na ironia e no esculacho do povo e dos “adversários”. Nós não enxergamos as deles e eles invadem as nossas com a utilização de robôs.

Entendo que precisamos compreender os “subterrâneos da internet”, além de amadurecer o nosso relacionamento com as pessoas reais. Por exemplo, é preciso trabalhar o tema da esperança (do verbo esperançar) na vida e nas redes sociais. Ou seja, não basta citar o nome de Paulo Freire em vão… É preciso traduzir os seus ensinamentos na prática da liberdade e acreditar (de verdade) que todo o mundo é “sujeito” da sua própria autonomia. Que chamar alguém de “pobre de direita” é arrogante e de uma prepotência sem igual, etc., etc., etc.

Apesar de algumas limitações, nós conseguimos quase 50% dos votos para presidente e elegemos bons parlamentares nos estados e para nos representar nas disputas que teremos no Congresso Nacional. As decepções e surpresas revelam que ainda não mudamos a nossa forma de dialogar com as pessoas e que as nossas bolhas ainda se alimentam de uma fé abstrata em Lula e em alguns dos(as) nossos(as) candidatos(as).

Concordo que as nossas redes sociais estão mais articuladas e que as caravanas do Lula mostraram que já somos milhões em várias regiões do país. No entanto, creio que ainda estamos muito esperançosos, mas do verbo esperar, focados apenas no passado e/ou na constatação da dura realidade.

Faltou a gente inserir algumas pautas populares nas nossas bolhas (incluindo a chamada mídia independente) para organizar novos comitês autônomos e convergentes, sempre dentro do possível. Não esqueçam que são as temáticas que convergem e alimentam a esperança do povo, enquanto que as ironias e as constatações apenas revelam o quanto estamos de “salto alto”.

Enfim, falta muito pouco para vencermos no segundo turno… E ainda dá tempo para mudar a nossa forma de agir e de dialogar com quem realmente vai decidir: o povo brasileiro.

(*) Ex-diretor do departamento dos projetos estratégicos do governo Tarso Genro. Ativista cultural.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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