Opinião
|
29 de agosto de 2022
|
18:09

A eleição mais importante das nossas vidas (por Stela Farias)

"A fome voltou": Lambe lambe em muro na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Roberto Parizotti/Fotos Públicas

Stela Farias (*)

O fascismo está presente e isso diz muito sobre o pesadelo deste momento histórico que estamos vivendo. O Brasil está numa encruzilhada entre a democracia e o fascismo, entre a vida e barbárie! Nesta eleição não decidiremos apenas quem serão os deputados, senadores, governadores e o próximo presidente da República. Decidiremos o destino do Brasil e do povo brasileiro pelas próximas décadas.

Estamos convocados a restaurar a democracia e começar a reconstruir o nosso país depois das ruínas deixadas pela extrema-direita fascista. É inaceitável o que está acontecendo. Vivemos a tragédia da fome, da miséria, do desemprego, do desamparo, do ódio, da carestia, do racismo. Um retrocesso de mais de 30 anos em conquistas sociais. 

Dentre todos os indicadores o mais terrível é a fome. São mais de 33 milhões de brasileiras e brasileiros passando fome todos os dias no Brasil, o equivalente a 15,5% da população. Seis em cada 10 famílias não tem acesso pleno à alimentação. São mais de 127 milhões de pessoas.

E são as mulheres as mais impactadas pela tragédia social que vivenciamos. Ao todo, 47% das mulheres no Brasil não têm dinheiro para comprar comida para filhos e dependentes. A maioria das famílias que estão em situação de vulnerabilidade social são chefiadas por mulheres, sobretudo as mulheres negras, o que também mostra como o racismo aprofunda a desigualdade social no Brasil.

As elites derrubaram Dilma e inventaram aquela farsa para prender Lula e impedir que o país continuasse no caminho do desenvolvimento, do emprego, da solidariedade, dos direitos. Em meio a esta tragédia toda, no entanto, temos o enorme privilégio de ter um ser humano da dimensão do Lula, uma figura política tão relevante para o Brasil assim como para o mundo. 

Um presidente que foi o responsável por combater a fome e teve o reconhecimento mundial por isso.  Essa é a verdadeira guerra que precisamos enfrentar no próximo período: lutar pela vida e não pela morte. A fome é a mais perigosa arma, pois destrói o futuro. Além de ser um problema social, é um problema político porque é o resultado de uma forma de fazer política. 

A naturalização da fome e da miséria é uma forma de poder, uma forma de manter o controle e a dominação. E pior: para sustentar esse desastre, as elites dominantes constroem a falsa ideia de que as vítimas da falta de oportunidades, do racismo e do preconceito seriam culpadas pela pobreza em que vivem, enquanto o 1% fica cada vez mais rico porque concentra a riqueza em vez de distribuí-la em forma de políticas públicas. 

Acabam o trabalho, a carteira assinada, a escola pública e o posto de saúde, aumentam os preços da comida, do gás, da luz porque esses serviços agora precisam gerar lucro. Um povo sem trabalho e com fome é um povo mais fácil de ser dominado, porque o desemprego e a miséria corroem a nossa dignidade, rompem laços de solidariedade e a nossa capacidade de viver numa democracia. Não é natural num país como o Brasil que mais de 60% da população viva em situação de vulnerabilidade social. Por isso, também, falar da fome é falar de democracia. Ou melhor, da falta dela, pois, não há democracia numa sociedade que exclui a maioria do seu povo. 

A democracia não é apenas o direito de manifestação e liberdade de expressão, de votar e ser votado. Democracia é também garantir comida na mesa para todas e todos. É garantir políticas públicas, é distribuir a riqueza entre o povo brasileiro e não entre acionistas internacionais. É garantir uma legislação que garanta recursos para políticas sociais em educação, saúde, para garantir trabalho, água potável e moradia decente e não a sustentação de orçamento secreto para ser utilizado por oligarquias políticas. Democracia significa garantir o direito de mães e pais terem trabalho digno e creches, escolas e universidades públicas e acessíveis para seus filhos e filhas. É ter o direito básico de comer três vezes ao dia, como diz Lula. 

Precisamos inverter a lógica da política que vem sendo feita na base do clientelismo e da exploração da miséria, com medidas temporárias que não garantem a emancipação das famílias da condição de dependência. Precisamos tornar nossa ação política um instrumento para o desenvolvimento econômico, social e de democratização do Brasil. 

Por isso, temos lado na vida pública. E isso significa falar de soberania nacional, significa falar de direitos, de inclusão, de cotas raciais e sociais, de Educação para todos, de Saúde pública, de respeito à diversidade, de respeito às diferenças, de combate à violência contra mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIA+. Significa falar de cuidado, de afeto, de amor e não de ódio.

(*) Deputada estadual (PT-RS)

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora