Opinião
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16 de maio de 2022
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15:47

A Caixa forte dos gaúchos. O Rio Grande de joelhos (por Érico Corrêa)

Érico Corrêa, presidente do SindiCaixa (Divulgação)
Érico Corrêa, presidente do SindiCaixa (Divulgação)

Érico Corrêa (*)

Há exatamente 25 anos, o governador Antônio Brito, em meio a uma negociação com o governo federal, determinou a extinção da Caixa Econômica Estadual. Um banco público, com uma rede de mais de 150 agências espalhadas pelo RS e que tinha uma proposta de ser “o banco do povo gaúcho”.

“Gaúcha, tostão por tostão”, “o cofre do povo”, “a galinha dos ovos de ouro”, foram alguns dos tantos slogans desta instituição. Sozinha, a Caixa Estadual detinha o segundo maior saldo em depósitos de poupança em toda a região sul do país, mesmo atuando em um só Estado.

Sua fórmula de atuar era bastante singela: estar ao lado das pessoas simples, dos servidores públicos, dos trabalhadores que juntavam suas moedas para constituir uma reserva financeira. Este modelo cativou o povo gaúcho e a Caixa era muito querida em “todas as querências”!

Esta tradição, construída com muito empenho e dedicação de um corpo funcional identificado com esta proposta, com um atendimento personalizado, onde os clientes eram mais do que clientes, mas amigos que confiavam e se sentiam em casa em cada uma das nossas agências. 

Tudo isto foi simplesmente destruído por conta de uma negociação com o governo federal. A ideia era simples: o RS privatizaria as empresas públicas, fecharia a Caixa Estadual e a União liquidaria a dívida do Estado. É famosa a capa da Zero Hora com a manchete: Rio Grande liquida a dívida”. 

Pois bem, 25 anos depois estamos vivendo exatamente a mesma situação. Eduardo Leite encaminhou a adesão do RS ao Regime de Recuperação Fiscal. Quando Brito firmou tal acordo, a dívida era R$ 9 bi. De lá até hoje foram pagos mais de R$ 37 bi e o estado ainda deve R$ 70 bilhões!

Passado tanto tempo, vale a afirmação de Marx: “A história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. E é justamente o que está acontecendo agora. Um governo subordinado aos interesses do sistema financeiro, algoz dos servidores e sem compromisso com os investimentos sociais. Mais uma vez, as consequências desta política serão terríveis para o povo trabalhador, com a redução de investimentos nas áreas sociais e para os servidores públicos, com mais ataques e arrocho salarial.

Assim como fez Antônio Brito, Leite tenta colocar o Rio Grande de joelhos. Depois da tragédia, a farsa!

(*) Presidente do SINDICAIXA

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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