Opinião
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17 de fevereiro de 2022
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12:59

Volta às aulas: se eles não fazem nada do lado de lá, faremos tudo daqui! (por Alejandro Guerrero)

Alejandro Guerrero (Foto/Bárbara Moreschi/Divulgação)
Alejandro Guerrero (Foto/Bárbara Moreschi/Divulgação)

Alejandro Guerrero (*)

A educação durante o último período tem uma uma marca: é esvaziada, precarizada e muitas vezes nos traz a sensação de abandono por parte do poder público. Isso porque historicamente, no nosso país, essa área tem um modelo subfinanciado. Ou seja: é uma demanda permanente e crescente e que na maioria das vezes conta com um investimento muito aquém do necessário. Todos esses dados se encontram na nota técnica da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, a UBES, em parceria com o Centro de Estudo e Memória da Juventude, CEMJ, que carrega o nome: Vida, pão, vacina e educação – Pelo direito de estudar. Essa nota foi entregue a vários secretários estaduais de educação e há mais de 420 dias existe uma tentativa da entidade de uma reunião com o Ministério da Educação, porém, sem sucesso.

Se, por um lado, a marca dessa educação nos traz um sentimento de esquecimento dos governantes, por outro, ela também revela uma face cruel do modelo de educação atual. Esse modelo submete todos os dias milhares de crianças e adolescentes ao trabalho precarizado, que muitas vezes coloca em risco a integridade física desses estudantes e a possibilidade de um futuro digno. Esse modelo de educação, durante a pandemia, fez a evasão escolar aumentar 171%! Em números, mais de 250 mil jovens, do Brasil inteiro, entre 6 e 14 anos estão alijados das salas de aula. É uma geração inteira de jovens que convivirá com o reflexo de um país desigual e injusto com os mais pobres e, sobretudo, o povo negro.

Nesse momento, a luta dos setores da educação precisa se dar a partir de uma mobilização permanente em defesa da educação; os cortes de Bolsonaro não nos cabem. É urgente que o poder público faça uma busca ativa real, que vá ao encontro dos estudantes que trocaram as escolas pelos centros comerciais. Precisamos garantir que a jornada de lutas, de março desse ano, denuncie as contradições do Novo Ensino Médio e que cobre melhorias e mais investimento na educação. Essa é uma luta histórica do movimento estudantil e necessária para que o Brasil supere seus problemas.

Por outro lado, urge a necessidade de uma campanha solidária, que dialogue com a juventude que está fora da escola e que garanta material escolar ao maior número de crianças e adolescentes possível. Nas últimas semanas a UJS Gaúcha, ao lado do mandato popular da vereadora Bruna Rodrigues e o Movimento Coletivo, lançou a campanha “Volte às aulas: para o sonho ser real, tem que ter material!”’ Ao longo dos próximos dias o movimento social terá a possibilidade de transformar de fato a vida de uma geração que está ameaçada. E não é pouca coisa transformar o futuro de um jovem. Ou de milhares de jovens. É a possibilidade real de garantir um Brasil com uma educação libertadora.

Portanto a luta pelo combate à evasão e o abandono escolar tem um norte claro: pressão popular por mais investimento na educação, através de mobilizações de rua, de bairro e nos locais de atuação – e uma grande campanha de solidariedade, que faça com que, como diria Drummond de Andrade, não nos afastemos muito. Vamos de mãos dadas!

(*) Vice-presidente regional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas no Rio Grande do Sul

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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