Opinião
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27 de dezembro de 2021
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18:17

O Banrisul continuará nosso! Inevitável é o fim do governo Leite. (por Miguel Rossetto)

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Miguel Rossetto (*)

O governador Eduardo Leite fez um balanço antecipado de seu governo, em recente entrevista ao jornal ZH, e lamenta não ter vendido o Banrisul. Na capa, em letras grandes, aquilo que é considerado pelo jornal o mais importante, a sentença quase divina: “A privatização do Banrisul é inevitável”. Em uma frase, Leite mostra falta de honestidade com sua palavra – prometeu não privatizar o Banrisul e a CORSAN na campanha em que se elegeu – e com os fatos: a privatização do Banrisul não só é evitável, como é um crime contra o estado. Manter o Banrisul público faz bem para todo o RS.

Vamos aos fatos. O Banrisul é o maior banco do Rio Grande, com mais de 4 milhões de clientes, 500 agências e 1074 pontos de atendimento. Em 96 municípios, é a única instituição bancária existente. O nosso banco é uma ferramenta indispensável para desenvolvimento do estado; tem uma equipe de profissionais qualificada e, com muita experiência, que conhece a economia estadual e os desafios regionais. Diferente do que diz o governador, ter um sistema de crédito e serviços públicos com o Banrisul, Badesul e o BRDE, articulados com o sistema cooperativo, é uma enorme vantagem comparativa para o estado, em um momento que precisamos voltar a crescer e ofertar trabalho.

O Banrisul é uma empresa altamente lucrativa, que tem gerado lucros anuais de mais um bilhão de reais de forma consistente e continuada ao longo dos anos. Portanto, do ponto de vista da comunidade ou da lucratividade, não há uma vírgula de argumento que sustente a obsessão privatista do governador. Mas, e do ponto de vista do governo do estado, haveria esta razão? Mais uma vez, vamos aos fatos: o Banrisul é um grande financiador do governo estadual. Nos últimos 20 anos, o banco transferiu aos cofres do estado a quantia de 16 bilhões de reais. Resumindo: o Banrisul é lucrativo, garante investimentos públicos no estado, seja em educação, em saúde ou infraestrutura, e apoia o nosso desenvolvimento regional. Onde está a inevitabilidade, governador?

O mais absurdo dos argumentos do governador Leite traz a marca de uma mistura de ignorância, arrogância e pseudomodernidade provinciana. Dá a entender que os bancos tradicionais perderam a razão de ser com surgimento das fintechs. Não consta que os acionistas do Itaú, do Bradesco e do Santander estejam desesperados e reconhecendo como inevitável a venda de seu patrimônio. Aliás, os bancos registraram lucros líquidos de R$ 66,8 bilhões, entre janeiro e setembro de 2021, quase 70% maior que o mesmo período de 2020. O escandaloso e revelador da gestão desastrosa de Leite é que conseguiu a proeza de derrubar – de R$ 11 bilhões para R$ 5 bilhões – o valor de mercado do Banrisul nos três anos de sua gestão.

O que resta dos argumentos de Leite, além de sua falta de compromisso com a palavra e de um verdadeiro compromisso em destruir o Banrisul, abrindo mercados para os grandes bancos privados? Absolutamente nada.

Inevitável, governador, é o ajuste de contas do povo gaúcho com seu governo. Uma gestão que fechou 1,8 mil turmas de educação pública estadual; que abandonou as escolas e humilhou as professoras e professores que há sete anos estão sem o reajuste salarial da inflação; que vendeu a CEEE a preço de carro usado e que insiste em privatizar a CORSAN em meio a tenebrosas transações e ausência de justificativas. Um governo que, não pagando uma única parcela da dívida com a União, deixa o estado mais endividado; que vira as costas para os 600 mil gaúchos que não encontram trabalho e para os agricultores familiares que não encontram apoio.

Inevitável é seu governo chegar ao fim e o Rio Grande começar a enorme tarefa de reconstrução das políticas para o povo. Felizmente, contaremos com o Banrisul para isto.

(*) Miguel Rossetto foi deputado federal pelo PT, vice-governador do Rio Grande do Sul e Ministro do Trabalho e Previdência Social

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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