Opinião
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27 de agosto de 2021
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14:53

Cuidados com a saúde mental durante e após a pandemia (por Ana Luiza de Souza Castro)

Falta de dados confiáveis prejudica formulação de políticas de enfrentamento da doença. (Foto: Pixabay)
Falta de dados confiáveis prejudica formulação de políticas de enfrentamento da doença. (Foto: Pixabay)

Ana Luiza de Souza Castro (*)

No mês em que se comemora o Dia da/o Psicóloga/o (27 de agosto), o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS) ressalta a importância do trabalho de psicólogas/os no contexto da pandemia da Covid-19, reforçando que a necessidade de um cuidado com a saúde mental da população deverá seguir por um longo período.

Recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que todas as pessoas foram afetadas de alguma forma, seja pela ansiedade ligada à transmissão do vírus, o impacto psicológico do isolamento, ou fatores como desemprego, dificuldade financeira e exclusão socioeconômica. A OMS frisou que “não é apenas o contágio ou o medo de ser contaminado que afetaram a saúde mental da população”, mas também “o estresse provocado pelas desigualdades socioeconômicas e os efeitos das quarentenas, do confinamento, do fechamento de escolas e locais de trabalho, que tiveram consequências enormes”. Ainda, segundo a OMS, a saúde mental e o bem-estar devem ser entendidos como direitos humanos fundamentais. Sendo assim, é necessário que os governos façam investimentos em políticas públicas que democratizem o acesso ao cuidado em saúde mental e que são essenciais para o enfrentamento das desigualdades existentes.

Privilégios e desigualdades sociais foram evidenciados ou se agravaram com o aumento da pobreza, da violência contra algumas populações e do desemprego. Ressalta-se aqui que as pessoas mais atingidas foram as negras, pobres, LGBTQIA+ e com deficiência. A Psicologia foi convocada, desde o início da pandemia, a atuar nessa dura realidade, contribuindo para transformar vidas e diminuir sofrimentos. Houve um reconhecimento da/o profissional da Psicologia e da ciência psicológica como necessários ao enfrentamento da crise. A profissão segue, agora, trabalhando com as consequências dessa emergência sanitária, lidando com a superação de desigualdades, com o luto e com sequelas emocionais. Essa atuação se dá em múltiplos contextos: na clínica privada, nas organizações, nas emergências hospitalares, nas escolas, na saúde pública, no sistema prisional, na política de assistência social e em outros contextos das políticas públicas.

Além disso, é importante destacar a necessidade de reinvenção da profissão com a pandemia. Profissionais, em seus diferentes âmbitos, tiveram que adaptar seus fazeres e o atendimento on-line passou a ser uma realidade para a maioria das/os psicólogas/os. 

Com mais de 24 mil profissionais ativos no Rio Grande do Sul, o CRPRS vem oferecendo total apoio à categoria desde o início da pandemia. O cadastro para atendimento on-line, que é obrigatório, foi simplificado, foram desenvolvidos protocolos com orientações para a atuação, tanto à distância quanto de forma presencial, e foi realizado um levantamento sobre as condições de trabalho das/os profissionais e disponibilizado máscaras de proteção. 

Antes, durante e após a pandemia, a Psicologia seguirá trabalhando e forma a contemplar a diversidade e a inclusão, estando a serviço de todas/os/es, sem restrição, sempre transformando vidas.

(*) Conselheira presidenta do Conselho Regional de Psicologia do RS

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.

 


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