Opinião
|
13 de julho de 2021
|
08:46

Caso Pamella amplia discussão sobre violência contra a mulher (por Stela Farias)

Stela Farias (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Stela Farias (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Stela Farias (*)

O nome do agressor que tomou conta das redes sociais neste final de semana é DJ Ivis. Um ídolo para muitos jovens! Ainda que sejamos de gerações distintas, este caso não difere em nada de inúmeras situações de violência contra a mulher, que chegaram ao meu conhecimento, ao longo da vida. O fato do agressor ser famoso fez com que o caso tivesse uma repercussão ainda maior, e servisse para nos mostrar que a violência contra as mulheres, apesar de toda a nossa luta, ainda é socialmente aceita. Prova disso é ele ter ganho milhares de novos “seguidores” nas redes sociais.

A violência de gênero permeia todos os níveis e camadas sociais e precisamos exigir que a lei seja cumprida. Infelizmente, vivemos uma realidade que fortalece essa violência e misoginia. Mais uma mulher vítima do machismo que carregará as marcas da violência para sempre. As imagens mostram Pamella sendo golpeada inúmeras vezes por seu ex-companheiro. Os golpes foram desferidos por todo o corpo (cabeça, rosto, pés, mãos, pernas) e pelo que tudo indica, ela está amamentando. Talvez essa circunstância, sirva como agravante. 

O prejuízo na luta das mulheres é que nossa sociedade e instituições seguem produzindo e reproduzindo ideias e padrões sexistas. Este é mais um exemplo da necessidade de ampliarmos o entendimento em relação à violência contra as mulheres. 

Para romper esta realidade é fundamental a consolidação de políticas públicas e efetividade da Lei Maria da Penha para a investigação, punição e prevenção destes crimes. Uma luta antiga dos movimentos de mulheres!

A partir do golpe de 2016 que destituiu a Presidenta Dilma e com a ascensão de Bolsonaro ao poder, o Brasil vem extinguindo políticas públicas para as mulheres de forma permanente, retirando recursos públicos anteriormente destinados às políticas específicas, sucateando e fechando órgãos destinados ao combate à violência.

O enfrentamento da violência de gênero precisa da atuação conjunta de vários organismos, do atendimento em rede que compreende ações transversais nas áreas do sistema de Justiça, entre outros. Este caso só reforça a necessidade de ampliação da discussão sobre o tema da violência, pois o que se apresenta é uma realidade que ainda culpabiliza as mulheres pelas situações vividas em seus relacionamentos e as desampara em políticas e serviços de suporte e de proteção.

(*) Professora, Deputada Estadual Suplente da Bancada do PT/RS

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora