Opinião
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17 de junho de 2021
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08:40

Respeito Já! (por Sindicato dos Engenheiros do RS)

(SENGE/RS - Reprodução)
(SENGE/RS - Reprodução)

Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (*)

De forma irônica e premeditada, um vereador da maior cidade do País, em plena sessão plenária, avança com as mãos no corpo de uma colega vereadora, sem o devido consentimento dela.

O presidente da maior confederação esportiva brasileira é acusado de assédio sexual por uma de suas funcionárias mais próximas.

Médico porto-alegrense de renome internacional impõe constrangimentos deploráveis a uma vendedora em estabelecimento comercial egípcio; não satisfeito, compartilha em vídeo sua cínica depravação.

Qualquer pessoa minimamente informada percebe o que têm em comum os fatos acima citados.

De um lado, evidenciam e ilustram com riqueza de detalhes comportamentos machistas, misóginos e imperdoáveis que caracterizam de maneira trágica a sociedade em que vivemos já na terceira década do Século XXI.

De outro, demonstram que a mesma sociedade já não os tolera e luta pela imprescindível responsabilização e contra a absurda impunidade que ainda protege aqueles que ainda insistem em perpetrá-los.

Embora ainda vivamos num cenário de acirrada injustiça social e ampla desigualdade, é evidente que a cidadania e suas instituições associativas e colaborativas arregaçam cada vez mais as mangas para travar um combate dramático contra atitudes reiteradas que agridem e constrangem as minorias. Concentram esforços contra aqueles que atentam  contra as mulheres, as pessoas da terceira idade, a população LGBTQIA+, os indígenas e, acima de tudo, contra os negros e pardos, mantendo viva, de forma por vezes dissimulada por vezes nem tanto, a chaga da escravidão. Avançamos bastante, mas o caminho a ser percorrido é ainda maior. Muito maior.

Por isso, o Sindicato do Engenheiros deseja não apenas fazer eco às denúncias e às atitudes individuais e coletivas contra este estado intolerável de desrespeito pelo ser humano. Como agentes de transformação, sustentamos que a diversidade, sob todos os aspectos, é uma das mais preciosas características da humanidade. Conhece-la e respeitá-la nos fará crescer como indivíduos, como instituições e como nação.

Segregá-la, minimizar sua importância, soterrá-la com o manto da prepotência, do autoritarismo ou da simples, mas contundente falta de educação, são atitudes que impõem uma barreira de difícil sobreposição para qualquer projeto de construção de uma nação livre, justa e soberana.

Democracia é água pura. Qualquer mácula coloca todos em prontidão. Que país queremos construir sem respeito às minorias, onde a Declaração Universal dos Direitos Humanos é sistematicamente distorcida? Onde o meio-ambiente e suas instituições são vilipendiados por quem devia preservá-los e protegê-los. Somos diariamente chantageados pela ameaça do autoritarismo como solução mais eficaz às nossas mazelas. Alguns defendem que o processo democrático e jurídico são os responsáveis pelo estado de injustiça e desigualdade que chegamos,  agora, agudamente agravado na pandemia.

Estatutariamente, o SENGE-RS não levanta bandeiras político-partidárias. Porém, nada nos impede de defender a ética e os princípios progressistas e humanitários umbilicalmente ligados à Engenharia em todas as suas manifestações. Concluímos afirmando que injustiça não se combate com injustiça; violência gera violência; respeito exige respeito. Só assim avançaremos na construção do Brasil que todos acreditamos ser viável e factível.

(*) Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE-RS)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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