Noticias>Os Caminhos do Desenvolvimento
|
20 de novembro de 2012
|
08:00

Programa auxilia agroindústria familiar gaúcha de formalização até vendas

Por
Sul 21
[email protected]

Felipe Prestes

Com 32 agricultores cooperados, a Cooperativa dos Produtores Ecologistas de Garibaldi (COOPEG), na Serra gaúcha, nem sempre produzia seus vinhos orgânicos e outros produtos com o mesmo sabor, coloração e rótulo. “Com a assistência da EMATER nós conseguimos a padronização e um sistema de qualidade, o mesmo sabor, a mesma cor, a mesma qualidade visual. Isto agrega valor. Com 32 cooperados, se cada um fizer de um jeito já viu, né?”, comenta a presidente da cooperativa, Salete Arruda.

A assistência da EMATER à COOPEG foi obtida por meio do Sabor Gaúcho, ou Programa de Agroindústria Familiar, que oferece assistência a quem possui este tipo de empreendimento em diversas áreas, desde cursos de gestão até a comercialização. “A prioridade número um é colocar a agroindústria familiar na formalidade”, explica Ricardo Fritsch, diretor do Departamento de Agroindústria Familiar, Comercialização e Abastecimento da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural.

Feira da Agroindústria Familiar
Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural vem oferecendo cursos de boas práticas de gestão para empresários de agroindústria familiar | Foto: Camila Domingues / Palácio Piratini

Com ajuda da EMATER, que recebeu R$ 300 mil para execução, a Secretaria tem oferecido cursos de boas práticas de gestão. O empresário de agroindústria familiar cadastrado no programa ganha hospedagem, alimentação, o próprio curso e a apostila de graça, pagando apenas o transporte. Também estão sendo realizados seminários sobre o programa Sabor Gaúcho em todas as regiões do Estado (seis já ocorreram).

A SDR também tem auxiliado numa questão importante para a formalização dos empreendimentos: o rótulo dos produtos. “Prestamos assistência no desenvolvimento de rótulos. O consumidor compra com os olhos. A agroindústria familiar produz produtos de alta qualidade, mas é importante que eles tenham bons rótulos. E há uma legislação a se adequar, regras do Inmetro, do Ministério da Saúde”, afirma o diretor.

Fritsch revela que, por meio do FEAPER (Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais), o Governo também concede crédito de R$ 10 mil por produtor para construção de agroindústria ou reforma, compra de insumos e de equipamentos. Deste valor, R$ 8 mil são a fundo perdido e os outros R$ 2 mil podem ser pagos em oito anos. “Os R$ 10 mil são por agricultor. Uma agroindústria com mais proprietários pode receber mais”, explica Fritsch.

Feira da Agroindústria Familiar
Governo do RS concede crédito de R$ 10 mil por produtor para construção de agroindústria ou reforma, compra de insumos e de equipamentos | Foto: Camila Domingues / Palácio Piratini

“A agroindústria familiar precisa ter venda”

Além das ações listadas acima, o Governo também presta apoio na questão tributária e no licenciamento ambiental, com as participações da Secretaria da Fazenda e da FEPAM, respectivamente. Mas Ricardo Fritsch revela que um dos focos principais do programa Sabor Gaúcho é na comercialização.

“A agroindústria precisa ter venda. Muitas vezes o produtor é excelente fabricante, mas a comercialização ele não domina. Ele precisa ter este saber. Estamos focando muito em comercialização”, afirma Fritsch. Para tanto, a SDR tem organizado várias feiras. Na Praça da Matriz, a Feira da Agricultura Familiar já ocorreu mais de uma vez em 2012. Entre 12 e 16 de setembro, houve uma grande feira no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, com a participação de 160 agroindústrias. No verão, já está marcada uma feira em Torres, entre os dias 30 de janeiro e 3 de fevereiro, e outras devem ocorrer no Litoral neste período. “Estamos fazendo várias feiras para que o agricultura tenha acesso direto ao consumidor e aos supermercados, lojas”.

“A realização de feiras é uma das coisas mais importantes do programa. A agroindústria familiar vive das feiras. É onde se tem o contato direto com consumidor, sem o atravessador, que é quem fica com todo o lucro fora das feiras”, opina Salete Arruda da COOPEG.

Feira da Agroindústria Familiar
Agroindústria familiar vive das feiras, diz presidente de cooperativa: “É onde se tem contato direto com consumidor, sem atravessadores” | Foto: Camila Domingues / Palácio Piratini

A proprietária da cachaçaria Harmonie Schnaps, de Harmonia, município do Vale do Caí, Fabiane Hansen também ressalta a importância das feiras organizadas pela SDR, cujo diferencial, para a empresária, é que não há necessidade de pagar para participar. “A gente ganha o espaço, às vezes até transporte, hospedagem e alimentação. Não precisando pagar pelo espaço, o vendedor participa da feira bem mais tranquilo. Quando tem que pagar pelo espaço, é preciso vender muito mais só para conseguir pagá-lo e a feira não pode ser só vendas, é uma vitrine, é lá que seu produto fica conhecido, faz contatos”.

Na Expointer 2012, houve um pavilhão da agricultura familiar, que vendeu mais de R$ 1 milhão. Além disto, o Governo do Estado também tem auxiliado os produtores que integram o Sabor Gaúcho a entrar nas compras do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), ambos do Governo Federal.

Selo do Sabor Gaúcho dá credibilidade à agroindústria familiar

As agroindústrias que conseguem regularizar as questões sanitária e ambiental, além de cumprir com outros critérios de participação no programa, passam a utilizar um selo do Sabor Gaúcho em seus produtos, o que é mais um fator que ajuda na comercialização. “Com este selo, eles pegam o produto com mais segurança. É garantia para o consumidor”, afirma João Vitor Mocelin, produtor de queijos de Casca, cidade do Noroeste do Rio Grande do Sul.

Feira da Agroindústria Familiar
“O produto gaúcho é muito valorizado fora do Estado. A gente vai a muitas feiras fora daqui e o selo tem ajudado muito, o pessoal olha com outros olhos” | Foto: Camila Domingues / Palácio Piratini

Fabiane Hansen, da cachaçaria Harmonie Schnaps, também elogia o selo. “O produto gaúcho é muito valorizado fora do Estado. A gente vai a muitas feiras fora daqui e o selo tem ajudado muito, o pessoal olha com outros olhos”, afirma.

“Nós já somos formais, mas ao participar do programa e obter o selo, a agroindústria firma um compromisso com a regularização e a qualidade dos produtos”, enfatiza Salete Arruda, da COOPEG.

Jair Bergamaschi, um dos proprietários da agroindústria Bargamaschi, que produz salames que foram escolhidos o melhor do Estado na Expointer, considera “tudo de bom” o programa. “Eu fiz tudo pela Emater. Ela veio aqui, nos disse tudo o que precisava, agilizou todas as questões que precisávamos agilizar”, afirma. “O selo ainda está começando, não é tão conhecido, mas está sendo bem aceito”, completa.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora