Eleições 2022
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27 de setembro de 2022
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18:55

Segurança pública garante ‘efetivo total’ para eleição de domingo no RS

Por
Flávio Ilha
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Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP) informou que todo o efetivo policial do Estado estará mobilizado no próximo domingo (2) para garantir a integridade de eleitores e de profissionais que atuarem no processo eleitoral. A força-tarefa, que além dos efetivos da Brigada Militar e da Polícia Civil reúne também representantes da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Defensoria Pública, Agência Brasileira de Inteligência, TRE, Ministério Público e Polícia Federal, será coordenada pelo Gabinete de Governança Integrada de Segurança Pública.

O Gabinete foi criado com o objetivo de garantir a segurança e a integridade física dos eleitores, dos candidatos e das pessoas envolvidas no processo das eleições, assim como a segurança das informações e a elaboração dos planejamentos institucionais próprios das instituições organizadoras do pleito. A SSP também mencionou a necessidade de mitigar riscos e facilitar o processo de tomada de decisões por parte principalmente da Justiça eleitoral. Os casos de violência política têm aumentado na reta final da campanha: pelo menos três agressões, duas das quais resultaram em morte, foram registradas desde o final de semana.

Segundo o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio Feoli, a corporação terá todo o seu efetivo acompanhando integralmente as zonas eleitorais do Estado até o recolhimento das urnas. Uma ordem de serviço foi emitida pormenorizando o que cada policial deverá fazer em situação de anormalidade. Feoli informou ainda que a Brigada usará drones para coibir a boca de urna e monitorar as ações de grupos suspeitos.

Feoli reconhece que a preocupação com a segurança é diferente nesta eleição. “Diante da polarização que temos observado, decidimos deixar todo o efetivo, mesmo quem tem direito a folga, de sobreaviso”, explica. O comandante reforçou que o uso da inteligência tem sido aplicado para analisar situações de eventuais ameaças à segurança. “Tudo o que chama a atenção sobre rivalidades políticas está sendo monitorado, para que possamos fazer correções de rumo no nosso planejamento se isso for necessário. Esse monitoramento começou em agosto e vai terminar somente quando tivermos o final da apuração, seja no primeiro ou no segundo turno”, informa. Polícia Civil e PF estarão igualmente com 100% de seus efetivos de plantão no domingo.

O analista judiciário do Núcleo de Inteligência do TRE, Augusto Gomes Schulz, disse que a prioridade será garantir segurança em todas as 8,5 mil seções eleitorais do Rio Grande do Sul. “Não podemos expor o plano de segurança, por motivos óbvios. Mas podemos garantir que haverá mobilização total no policiamento, com todo mundo de plantão”, reforçou. Segundo ele, nenhuma ameaça real foi detectada até agora no Estado em relação à segurança do pleito.

A coordenação da campanha do PT no Estado informou que vai orientar os eleitores e militantes do partido a evitarem atritos com adversários. Isso não inclui, porém, discrição na hora de votar. “Vamos incentivar que os eleitores levem suas bandeiras, vistam camisetas, estejam plenamente identificados com seus candidatos. Mas que não aceitem provocações”, explica uma das coordenadoras, Mari Perusso. Em pouco mais de um mês de campanha, o partido não registrou confronto com adversários em nenhum roteiro cumprido pelas candidaturas majoritárias.

Diante da possibilidade de uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno, a SSP decidiu fechar a circulação de veículos em duas quadras da rua Lima e Silva, na Cidade Baixa, onde fica o comitê central da campanha do PT. O bloqueio se estenderá até a Loureiro da Silva. O trânsito será bloqueado a partir das 17h, quando inicia a apuração dos votos.

O Ministério da Justiça também informou que irá monitorar a segurança e proteção aos cidadãos, eleitores e servidores da Justiça Eleitoral por meio da Operação Eleições 2022, que iniciou na segunda-feira (26). A ação conjunta durante o primeiro turno será acompanhada, em tempo real, por representantes do TSE, das polícias civis e militares, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do Ministério da Defesa, da Agência Brasileira de Inteligência e das secretarias de Segurança Pública e Defesa Civil.

As forças de segurança pública estão destacadas para atuar em cartórios eleitorais, locais de votação e de apuração dos votos, vias públicas e estações de transporte nos 26 estados e também no Distrito Federal. O foco são possíveis crimes eleitorais, como boca de urna, transporte ilegal de eleitores ou compras de votos, entre outros, manifestações violentas, bloqueio de vias, rixas, ameaças e atentados, além de eventuais quedas de energias em locais de votação e de apuração dos votos.

Preocupadas com o aumento da violência política, as principais centrais sindicais do país entregaram nesta terça-feira (27) ao presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, uma carta de reivindicações na qual pedem reforço especial no policiamento e mobilização de todo o aparato de segurança para garantir um plano de proteção e segurança. Além disso, sugerem a suspensão das atividades dos clubes de tiro entre a sexta-feira (30) e a quarta-feira (5) posterior à eleição.

“Salientamos ainda que, desde já, é preciso planejar a segurança pós primeiro turno e nos meses de novembro e dezembro, que poderão vir acompanhados de elevação das agressões e da violência. Também deve ser nossa prioridade desarmar a população e difundir a cultura da paz e da tolerância, porque violência e os assassinatos crescem no cotidiano da nossa sociedade”, diz o documento.

O texto cita uma pesquisa do instituto Datafolha no qual mais de 67% dos entrevistados afirmam terem medo de serem agredidos fisicamente em decorrência de suas escolhas políticas. Na mesma pesquisa, 3,2% dos entrevistados afirmam terem sido ameaçadas por suas posições políticas nos 30 dias anteriores a pesquisa, divulgada no dia 15 de setembro – isso representa cerca de 5 milhões de eleitores. “Essa agressividade é incentivada por lideranças políticas que fomentam o uso da força, de atitudes agressivas e de armas. Infelizmente, somos informados diariamente pela imprensa e redes sociais que cidadãos, militantes e ativistas foram agredidos ou assassinados”, justificam as centrais.

No sábado (17), Moraes, atendeu ao pedido de tribunais regionais eleitorais e autorizou o envio de militares das Forças Armadas para reforçar a segurança do pleito em 568 localidades de 11 estados. Militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica vão garantir a segurança de zonas eleitorais e auxiliar na logística de distribuição das urnas eletrônicas e do transporte de pessoal para comunidades localizadas em áreas rurais, indígenas e ribeirinhas.

As forças armadas devem atuar também em 167 localidades do Estado do Rio de Janeiro, conforme solicitação do TRE-RJ. Já o Maranhão solicitou apoio em 97 localidades. Também serão enviadas forças de segurança para o Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Piauí e Tocantins. Entre as solicitações dos TREs destes estados estão apoio logístico, inclusive em terras indígenas.


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