Política
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11 de abril de 2024
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19:41

Moisés Barboza nega denúncia de Mari Pimentel e chama de narrativa ‘sem pé nem cabeça’

Por
Luís Gomes
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Vereadores Moisés Maluco do Bem (esq.) e Mari Pimentel (dir.) em imagem de arquivo | Foto: Divulgação/CMPA
Vereadores Moisés Maluco do Bem (esq.) e Mari Pimentel (dir.) em imagem de arquivo | Foto: Divulgação/CMPA

A vereadora Mari Pimentel (Republicanos) protocolou nesta quarta-feira (10) um requerimento junto à Comissão de Ética da Câmara Municipal de Porto Alegre contra o vereador Moisés Barboza (PSDB), conhecido como “Maluco do Bem”. Segundo a vereadora, o colega teria insinuado que ela ofereceu dinheiro para trocar de partido — Mari deixou o Novo em abril. Em conversa com o Sul21 nesta quinta-feira (11), Moisés negou que tenha feito tal insinuação e disse que a acusação de Mari Pimentel é “descabida”.

Conforme consta na denúncia protocolada, o fato motivador foi uma manifestação feita na tribuna da Câmara na quarta, em que Moisés comentou o troca-troca de legendas que ocorreu durante a janela partidária — período de 30 dias, encerrado em 6 de abril, em que vereadores puderam trocar de partido sem perder o mandato.

“Não posso deixar de, orgulhosamente, dizer que o PSDB e o Cidadania que, inclusive, está aqui representado pelo vereador Cassiá Carpes, fizeram um trabalho muito bem feito de convites. E não aceitamos ninguém que veio ofertar dinheiro, recursos, porque o dinheiro ele não compra tudo, viu, Vereador Idenir Cecchim? O dinheiro não compra tudo. E eu tenho muito orgulho de fazer parte de um grupo de pessoas que não fez parte desse tipo de diálogo na janela partidária. Mas a gente sabe que teve. A gente sabe que teve, a gente critica”, disse o vereador.

Na denúncia apresentada à Comissão de Ética, Mari Pimentel argumenta que a “fala desrespeitosa” poderia ter passado “batida”, não fosse o fato de que Moisés teria comentando em grupos de conversas e até para a imprensa o suposto suborno. Ela diz ter recebido imagens de grupos nos quais o vereador insinua que ela pretendia jogar “o jogo milionário” ao molhar a mão de dirigentes partidários para trocar de legenda. Em um dos grupos, o vice-prefeito Ricardo Gomes respondeu à insinuação com a imagem da logo da empresa O Boticário, rede de lojas de perfumaria da qual a família de Mari manteve franquias em Porto Alegre.

Ao Sul21, Moisés negou que sua fala tenha sido direcionada à colega, destacando que teria sido um comentário geral sobre os movimentos que acontecem na janela partidária. Ele também negou que as falas que aparecem no print tenham sido uma inferência de que a troca de partido por Mari Pimentel envolveu negociações financeiras. Segundo ele, o termo “jogo milionário” se refere a articulações que a vereadora teria feito para tentar entrar na federação PSDB-Cidadania.

“Quando eu falo a expressão jogo milionário, é para deixar claro que ela, até o último minuto, foi por cima, em autoridades estaduais e até nacionais, para tentar vir para o PSDB. Isso é público, notório, está nos jornais. A minha manifestação é para dizer que ela jogou pesado para entrar no PSDB e o PSDB e o Cidadania de Porto Alegre tiveram o entendimento de não querer a filiação dela”, diz Moisés.

O vereador ainda afirma que, ao falar sobre o tema na Câmara, Mari faz uma acusação “sem pé nem cabeça” ao destacar que a postagem nas redes teria sido feito “à meia-noite” e que o grupo em que as declarações foram feitas seria de apoio ao prefeito Sebastião Melo. Segundo Moisés, a postagem foi feita durante a tarde e o grupo envolve líderes de partidos da base aliada do prefeito, o que inclui liderança do Republicanos.

“Ela está criando um factoide para surfar”, diz. “O que mais me impressionou nesses factoides criados por ela foi ela criar um horário fictício, de dizer que ‘à meia-noite estavam pensando em mim’. ‘O senhor deveria estar pensando em amar a sua esposa seus filhos’. Olha só, isso é muito baixo, é muito baixo. Uma coisa é tu discutir ideias e posicionamentos políticos, isso a gente aceita totalmente. Agora, envolver a família da pessoa e criar coisas que não existem, é de uma baixeza tremenda”.

Para o vereador, a Comissão de Ética da Câmara nem deveria receber a denúncia.

Por sua vez, Mari Pimentel reafirmou a denúncia nesta quinta-feira. “Essa narrativa já estava acontecendo um tempo antes até desse print, na qual eles estavam falando que O Boticário estaria oferecendo dinheiro ao governo do Estado para depois bancar uma campanha presidencial em 2026. E a gente já tinha ouvido por outros políticos que estava rolando essa narrativa, e achei tão esdrúxula que eu não estava dando bola. Daí, ele me sobe no plenário e diz que alguns vereadores tiveram até um posicionamento de um jogo milionário para poder entrar no partido, e que ele, na sua índole, não deixou acontecer na federação Cidadania-PSDB. Quando ele falou dos outros vereadores, que daí sim pediram dinheiro para entrar em outras siglas, ele falou de uma outra maneira. Então, ele falou em duas situações, vereadores pedindo dinheiro para negociar com as siglas, e por isso ele não teria tido sucesso em fazer uma nominata de peso para o PSDB, e também eu ofertando dinheiro para o PSDB me aceitar a nível estadual ou nacional”, diz a vereadora.

Ela também pontua que o uso do logo do Boticário indicaria a insinuação de que a empresa estaria tentando influenciar a troca de partidos. “Ontem, eu ouvi de uma pessoa de um veículo de imprensa que tinham fontes que afirmaram que rolou uma ligação do Boticário para as instâncias superiores do PSDB. Então, quando começou essa rádio corredor a aumentar e ele sentiu a liberdade de vir na tribuna e afirmar isso, só não deu nomes, me parecia que tava na hora dele entender o que é de verdade, o que é de mentira, e até que nível ele pode criar fake news ou não”, complementa.


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