Política
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22 de agosto de 2023
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17:53

Daiana Santos denuncia ameaças de ‘estupro corretivo’ em e-mail com conteúdo lesbofóbico

Por
Duda Romagna
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Daiana Santos (PCdoB) é a primeira deputada assumidamente lésbica a ser eleita pelo Rio Grande do Sul. Foto: Luiza Castro/Sul21
Daiana Santos (PCdoB) é a primeira deputada assumidamente lésbica a ser eleita pelo Rio Grande do Sul. Foto: Luiza Castro/Sul21

A deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS) denunciou uma ameaça de “estupro corretivo” que recebeu por e-mail na noite do dia 14 de agosto. A agressão, motivada pela orientação de Daiana, primeira mulher assumidamente lésbica eleita pelo Rio Grande do Sul, aconteceu em meio à programação do mês da visibilidade lésbica.

Em um dos trechos da mensagem, o autor pontua o estupro corretivo como “terapia” que “cura o homossexualismo feminino” e fala que iria na casa da deputada para realizar a “terapia”. Afirma, ainda, que ser “sapatão” seria uma aberração. Daiana deve registrar um boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), em Brasília. “Esses ataques foram falando de algo que é um absurdo e que há muito tempo já vem sendo debatido que é o ‘estupro corretivo’. Não existe correção para o que não é erro, como não existe cura porque não é doença”, afirma Daiana.

A parlamentar pede que as ameaças sejam investigadas e seus autores responsabilizados. “É uma tentativa nítida de intimidação, de fazer nós, mulheres lésbicas legitimamente eleitas, recuarmos na nossa luta por direitos. Essa ação criminosa só mostra a importância da nossa atuação e da necessidade e comprometimento do Estado brasileiro com a garantia da proteção da vida da população LGBTI+”, afirma.

Mensagens com o mesmo conteúdo foram enviadas para outras parlamentares, como para a deputada estadual de Minas Gerais Bela Gonçalves (PSOL) e para Mônica Benício (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro e viúva da vereadora Marielle Franco. Segundo a vereadora, o autor se identifica como Astolfo Bozzônio Rodrigues. Na queixa-crime, ela explica não saber se essa é uma identidade real, e ressalta que há uma conta vinculada a esse nome na rede social X (antigo Twitter), com publicações homofóbicas.

“Estupro corretivo é, infelizmente, uma realidade para nós, mulheres lésbicas, em uma sociedade que acha que o corpo da mulher deve ser exclusivamente posse de um homem. Quando isso foge à norma, é tido como uma aberração, o estupro corretivo seria a prática de um estupro em uma mulher lésbica para persuadi-la a deixar de ser lésbica, como se isso fosse algo possível de ser feito, cometendo mais uma violência”, lamenta Mônica.

“Isso, para mim, fica muito objetivo, a partir do momento que a gente começa a criar uma relação com a política que não é uma relação de conivência, é sim uma estrutura que a gente utiliza para pautar aquilo que é importante nas nossas construções. Isso cria um tensionamento e gera uma disputa e a gente já espera, infelizmente, que, com o protagonismo, isso ia gerar um incômodo”, relata a parlamentar. “Deixo isso muito registrado: a gente não vai recuar em nenhuma das ações, a gente não vai recuar em nenhuma das inserções políticas, não vai ter negociação com isso”, completa.

Na terça-feira (29), Daiana Santos promoverá a primeira sessão solene do Dia Nacional da Visibilidade Lésbica na Câmara.


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