Política
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23 de janeiro de 2023
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18:56

Na Argentina, Lula pede desculpas por ‘grosserias’ de Bolsonaro

Por
Sul 21
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Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Na primeira viagem internacional de seu terceiro mandato, o presidente Luiza Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o Alberto Fernández em uma conversa que marcou a retomada da relação entre os dois governos. Em Buenos Aires, Lula reconheceu falas de seu antecessor, Jair Bolsonaro, que desrespeitaram Fernández e distanciaram os países.

“Estou pedindo desculpas ao povo argentino por todas as grosserias que o último presidente do Brasil, que eu trato como genocida, por causa da falta de responsabilidade no cuidado com a pandemia [de Covid-19], todas as ofensas que fez ao Fernández. Um país que tem a grandeza do Brasil […] não tem o direito de ficar procurando inimigos. Nós precisamos de construir amigos e parceiros. E por isso quero afirmar que o Brasil está de volta para acolher os companheiros argentinos nos negócios, na cultura, no futebol e na manutenção da relação de amizade que temos há tantos anos”, disse Lula em declaração após o encontro com o chefe de estado argentino.

Segundo Fernández, além de fortalecer as relações bilaterais, Brasil e Argentina têm o mesmo entendimento de tornar mais eficiente e potencializar o Mercosul e outros instrumentos, como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Na economia, equipes trabalham em uma proposta de criação de uma moeda comum que possa ser usada nos fluxos comerciais e financeiros. O objetivo seria reduzir custos operacionais e a dependência de moedas estrangeiras.

Lula disse que isso será feito “com muito debate e muitas reuniões”. “É o que vai acontecer”, disse ele. “Se dependesse se mim, a gente teria comércio exterior sempre nas moedas dos outros países, para não precisássemos ficar dependendo do dólar”, argumentou o presidente.

Questionado sobre a possibilidade de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiar obras desse projeto, Lula disse que é papel de “países maiores” auxiliar aqueles que têm menos condições. “De vez em quando no Brasil somos criticados por pura ignorância, pessoas que acham que não pode haver financiamento de engenharia para outros país. Acho que não só se pode como é necessário o Brasil ajudar todos os seus parceiros. E é isso que vamos fazer dentro das possibilidades econômicas do nosso país”, disse.

Também em Buenos Aires, as ministras da Saúde do Brasil e da Argentina, Nísia Trindade e Carla Vizzotti, respectivamente, assinaram uma declaração conjunta abordando diferentes áreas. São 19 ações prioritárias previstas, entre as quais, a promoção da igualdade e equidade de gênero e o acesso aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, que aparece no topo do acordo.

O documento cita a eliminação de barreiras de acesso aos serviços e melhoria dos resultados de saúde das diversas culturas e grupos étnicos regionais, cooperação para o desenvolvimento do complexo econômico-industrial sanitário dos dois países e o fortalecimento do trabalho conjunto de pesquisa, desenvolvimento e produção de vacinas, medicamentos e inovações tecnológicas em saúde, visando contribuir para uma autossuficiência regional em termos sanitários.

“Entre as ações prioritárias, estão a garantia de direitos fundamentais e de acesso à saúde, a vigilância epidemiológica para antecipar emergências e o desenvolvimento do complexo econômico-industrial em Saúde, parte da estratégia de integração e autonomia regional do Mercosul”, escreveu a ministra Nísia Trindade em suas redes sociais, para mencionar o acordo.

Do lado argentino, em nota oficial publicada na página de governo, a ministra Carla Vizzotti destacou a importância do Brasil ter, pela primeira vez na história, uma mulher à frente da pasta da Saúde. “Que possamos articular duas mulheres na gestão, sobretudo considerando o retrocesso que teve o Brasil nos últimos anos em relação aos direitos sexuais e reprodutivos, os direitos das mulheres, das pessoas gestantes e a perspectiva de gênero.”

Nesta terça-feira (24), Lula participa, em Buenos Aires, da 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), grupo de 33 países do hemisfério. No dia seguinte, o presidente brasileiro faz uma visita ao Uruguai, onde se encontrará com o presidente Lacalle Pou. Em seguida, retorna ao Brasil.

Com informações da Agência Brasil


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