Política
|
2 de junho de 2022
|
19:50

Ruas confirma conversas com PT e PCdoB, mas diz que PSOL não dialoga com PSB no RS

Por
Luís Gomes
[email protected]
Pedro Ruas e Edegar Pretto fizeram um gesto ao final de evento com Lula que pode sinalizar a união entre seus partidos no Estado | Foto: Luís Eduardo Gomes
Pedro Ruas e Edegar Pretto fizeram um gesto ao final de evento com Lula que pode sinalizar a união entre seus partidos no Estado | Foto: Luís Eduardo Gomes

O evento com a participação do ex-presidente Lula em Porto Alegre nesta quarta-feira (1º) teve o objetivo de mostrar a união de sete partidos em torno de uma pré-candidatura presidencial. Contudo, o encerramento foi marcado por um gesto que pode mudar os rumos da corrida pelo Palácio Piratini. Após Lula apelar em sua fala para a necessidade de uma unidade de esquerda na disputa, Edegar Pretto (PT) e Pedro Ruas (PSOL), ambos pré-candidatos ao governo, foram até a frente do palco e, de mãos dadas, ergueram os braços para saudar o público.

Nesta quinta-feira (2), a reportagem conversou com Ruas para entender se o gesto carregava algum símbolo para além do ato ou se era apenas algo do momento. Mais cedo, enquanto Lula falava, Pretto e Ruas também haviam se juntado a Manuela D’Ávila (PCdoB) para uma conversa em cima do palco.

Ruas confirma que o gesto sinalizava, ao menos, uma intenção de realizar uma nova rodada de conversas sobre a conformação de uma chapa para a disputa estadual. “O que tu observaste ontem é correto, nós sinalizamos que nós queremos conversar, que nós nos damos bem, que nós temos afinidades. Podemos ter divergências? Sim, temos. Mas podemos, e é o apelo do Lula, e devemos conversar”, diz. “Os eventos como o de ontem propiciam, necessariamente, conversas maiores com o PT e com o PCdoB, e aí somos do mesmo do campo. E elas vão acontecer”.

Contudo, Ruas destaca que ainda não há qualquer sinalização sobre a conformação da chapa e que o PSOL espera que as conversas ocorram em “pé de igualdade”.

“O que eu coloquei, e não fui contestado em nenhum momento, é que essas conversas devem ocorrer em pé de igualdade. Isso é fundamental. Vamos debater as coisas em pé de igualdade e podemos ter um bom avanço”, diz.

Segundo ele, uma nova rodada de conversas pode ocorrer até o início da próxima semana. Ruas diz que o próprio Lula falou de um prazo de duas semanas para a possibilidade de um acordo, o que considera como razoável.

“Essas conversas que ocorrerão têm alguns critérios, poucos, mas têm. O primeiro deles é o seguinte: acho que todos nós temos que ter humildade, mas é aquela humildade dentro de uma igualdade. A gente tem que sentar para conversar com igualdade de condições, paridade. Não pode ser desnivelado. Não é porque tem um partido maior que pode mais. Nós estamos muito bem nas pesquisas, em muitas delas na frente, inclusive, tanto do PT quanto do PSB”, complementa.

Ele ainda destaca que essa discussão, por parte do PSOL, está ocorrendo entre a direção estadual, uma vez que a Executiva nacional não irá intervir.

Por outro lado, Ruas é enfático em dizer que o PSOL não considera a possibilidade de apoiar uma pré-candidatura de Beto Albuquerque (PSB) ao governo do Estado. Aliado a nível nacional, com a presença de Geraldo Alckmin na disputa à vice-presidência, o PSB tem pressionado a direção nacional do PT e o próprio Lula a convencer os petistas gaúchos a abrirem mão da candidatura de Pretto.

Ruas considera que, caso esse cenário fosse colocado, o PSOL não poderia participar desta aliança. “Acho que as conversas podem ser muito positivas, mas basicamente, repito, entre PSOL, PT e PCdoB, eu não estou incluindo nessas conversas o PSB. Não há diálogo do PSOL com o PSB politicamente”, diz.

Segundo ele, essa possibilidade de inclusão do PSB não existe por parte do PSOL porque o partido foi base dos governos de José Ivo Sartori e Eduardo Leite, aos quais PSOL, PT e PCdoB foram oposição.

“No governo Sartori, o PSB e o Beto eram formuladores de política, porque tinham secretários, e davam os votos. Extinguiram as fundações, com o Beto Albuquerque junto. No governo Leite também, o fim das garantias constitucionais na questão da CRM, Sulgás, CEEE, Corsan, Banrisul e Procergs. O Beto pode ser uma ótima pessoa, mas não é de esquerda, não é do nosso campo. Como alguém que participou do governo Sartori vai ser do nosso campo?”.

Ruas ponderou ainda que o PSOL e ele próprio foram a todos os eventos organizados em torno da visita de Lula a Porto Alegre na quarta-feira, mas que Beto Albuquerque não participou de nenhum e que o PSB teve representação no encontro a portas fechadas, mas não houve nenhuma fala do partido durante o evento no Pepsi On Stage.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora