Política
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21 de dezembro de 2021
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06:55

Cronologia do desastre: Instituto lança linha do tempo da destruição presidida por Bolsonaro

Por
Sul 21
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Linha do tempo aponta sequência de violações de direitos e ataques à democracia. (Reprodução/INP)
Linha do tempo aponta sequência de violações de direitos e ataques à democracia. (Reprodução/INP)

O Instituto Novos Paradigmas (INP) lançou no dia 20 de dezembro, dentro do Projeto Incide, a série “Cronologia do Desastre – Um semestre da destruição presidida por Jair Bolsonaro”. Tratase de uma linha do tempo com cerca de 300 links para notícias referentes a iniciativas do governo federal, do presidente e de seus aliados e notícias da consequência dessas iniciativas. Uma linha que mostra a destruição cotidiana e deliberada do país. Segundo os organizadores da iniciativa, o propósito é registrar a natureza dos discursos e a consequência das ações do governo, tendo em vista a profusão de acontecimentos que muitas vezes dificulta a compreensão dos cenários.

Essas notícias fazem parte de uma coleta que o INP faz desde meados de junho, com as seguintes categorias temáticas: Ambiente, Bolsocrise (desemprego, desvalorização do real, PIB quase negativo, precarização do trabalho), Bolsocaro (inflação de alimentos e combustíveis), Bolsolucros (pagamentos recordes de dividendos), Desinformação, Poder (movimentos de Bolsonaro para tentar sua reeleição e para reprimir opositores), Desmanche (na educação, na pesquisa, em instituições do governo), Saúde, Privatização, Segurança, Educação e Fome.

A Cronologia do Desastre é um resumo – somente as notícias coletadas pelo INP são mais de 2 mil. Seu objetivo é registrar uma memória deste momento, em meio a muita desinformação, crises fabricadas e mudanças de versões sobre os problemas do país. Ela vai estar hospedada no site do INP e pode-se fazer buscas por temas. O banco de notícias continuará a ser alimentado e, no início de 2022, será aberto para uso livre.

Em setembro, houve uma ameaça de ruptura institucional por conta das urnas eletrônicas. Em novembro, Bolsonaro afirmou, simplesmente, que “passamos a acreditar nas urnas eletrônicas”. Enquanto isso, cedeu pedaços cada vez maiores do orçamento ao Centrão. Em outubro, o gás de botijão chegou ao maior preço da série histórica da Agência Nacional de Petróleo e o Brasil atingiu o menor consumo de carne vermelha em 26 anos.

Ao completar mil dias de governo, em setembro, o governo havia editado 1229 atos infralegais, incluindo 122 reformas institucionais extinção, alteração e fusão de órgãos), 57 atos de desestatização, 37 revisões de regras, 58 de flexibilização, 54 de desregulação e 37 revogações – em questões referentes ao Ministério do Meio Ambiente. Ricardo Salles havia deixado o governo em junho, investigado em pelo menos dois graves processos, mas sua boiada seguiu passando. Nada disso foi citado por Bolsonaro em sua mensagem à COP 26 – e em 17 de novembro foram publicados os números de desmatamento do último ano – cresceu 33% de janeiro a outubro em relação ao ano passado e registrou novo recorde.

Também em outubro, o país chegou à marca de 600 mil mortos por covid-19. Neste mesmo mês, as redes sociais derrubaram um vídeo de Bolsonaro em que ele associou a vacina ao desenvolvimento de sintomas de AIDS. Na linha do tempo pode-se ver que o governo e os filhos do presidente só passaram a apoiar a compra de vacinas depois de assinada a compra, pelo Ministério da Saúde, de 20 milhões de doses da Covaxin – suspensa em junho depois de denúncias na CPI da Covid.

Desde o começo do governo Bolsonaro, 2,4 milhões de pessoas perderam seu emprego ou fecharam seu pequeno negócio. O salário médio dos brasileiros caiu 7,3%. Quase R$
200 a menos no bolso. No início do governo, uma cesta básica custava 103 horas de trabalho do paulistano. Agora, custa 134 horas – mais 31 horas de trabalho no mês. No dia 29 de outubro, o Bolsa Família, programa reconhecido internacionalmente, fez seu último pagamento. O governo substituiu uma política pública exitosa de 18 anos pelo Auxílio Brasil – e pendurou o novo programa na negociação de uma liberação bilionária de recursos para emendas destinadas à sua base de apoio.

O Instituto Novos Paradigmas (INP) é uma instituição social, sem fins lucrativos, sustentada por uma rede de associados empenhada na produção de análises, diagnósticos, reflexões e estudos que contribuam para a afirmação de uma agenda democrática contemporânea. O Conselho diretor é presidido pelo ex-ministro e exgovernador Tarso Genro e conta no seu quadro de conselheiros nomes como Boaventura de Sousa Santos, Professor Catedrático da Universidade de Coimbra, Baltasar Garzón, jurista, magistrado, professor e advogado
espanhol, Pilar del Río, presidente da Fundação José Saramago, Fernando Haddad, ex-ministro da educação e ex-prefeito de São Paulo, entre outros.


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