Política
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21 de novembro de 2021
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11:15

Comandante da FAB emite nota para negar carona a Olavo de Carvalho: ‘Devaneios ou leviandades’

Jair Bolsonaro e o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior. Foto: José Dias/PR
Jair Bolsonaro e o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior. Foto: José Dias/PR

Da Revista Fórum

Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), o tenente-Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior foi às redes sociais na madrugada deste domingo (21) publicar uma nota oficial em que o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica nega que Olavo de Carvalho, guru do clã Bolsonaro, tenha pegado carona em uma de suas aeronaves para retornar às pressas aos EUA após tratamento de saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.

“Estarei sempre à disposição do Congresso Nacional. A nota abaixo talvez comprove que “evidências” podem ser, apenas, devaneios ou leviandades”, tuitou o militar, que foi alçado ao comando da FAB por se mostrar um apoiador de Bolsonaro.

A nota foi tuitada como resposta ao deputado Jorge Solla (PT-BA) e replicada em publicações também de Maria do Rosário (PT-RS). Solla e Paulo Teixeira (PT-SP) anunciaram neste sábado (20) que vão pedir investigação sobre a suposta carona ao guru.

Na nota divulgada por Baptista Junior, a FAB “repudia e não aceita a suposição de que teria participado de algum transporte de passageiro de maneira irregular ou oculta” – leia a íntegra ao final do texto.

“Sobre os comentários levianos e irresponsáveis relativos a um voo de aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para os Estados Unidos, no dia 13 de novembro, que têm circulado nas redes sociais, a instituição reiteira que não transportou qualquer passageiro, incluindo o Sr. Olavo de Carvalho, no trecho em questão. Apenas os tripulantes que cumpriam a missão estavam a bordo”, diz a nota.

Segundo apuração realizada pela escritora Daniela Abade, evidências apontam que Olavo de Carvalho pode ter embarcado, em São Paulo, em aeronave da FAB que foi utilizada pelo ministro Fábio Faria, das Comunicações, nos Estados Unidos. A partir de dados do Flight Aware, a escritora apontou que o avião que foi utilizado por Faria teria partido da capital paulista no dia 13, às 12h48, e feito um trajeto distinto do habitual.

A aeronave Legacy VC99B aterrissou em um aeroporto pequeno nos Estados Unidos e parte de sua rota no Brasil não pôde ser captada pelos sistemas de monitoramento.

Em vídeo publicado na terça-feira (16), Olavo admitiu que partiu para os EUA em um “voo repentino”. “Como eu vim parar aqui? Quando eu estava no hospital me ofereceram um voo repentino, que partiria em 15 minutos, e eu aceitei”, disse o guru bolsonarista. Ele não deu mais detalhes sobre o porquê de ter tido que embarcar às pressas.

As informações disponibilizadas por Daniela Abade alarmaram parlamentares de oposição. “Urgente: denúncia grave, oferecida pela escritora Daniela Abade aponta que Olavo de Carvalho fugiu do Brasil num avião da FAB que serviu ao Ministro Fábio Farias. Caso verdadeira, dois crimes foram praticados: obstrução da justiça e prevaricação. Vamos pedir investigação”, escreveu Paulo Teixeira no Twitter.

“Vamos pedir na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara a convocação do comandante da FAB e o ministro Fábio Faria, precisam explicar essas evidências tão graves de terem usado voo da FAB para dar fuga ao foragido da Justiça Brasileira Olavo de Carvalho”, anunciou Jorge Solla.

O ministro das Comunicações usou as redes sociais para negar o envolvimento em uma possível fuga de Olavo e atacar a escritora. “FAKE NEWS!! Não conheço Olavo de Carvalho, nunca o vi na vida e não fui de FAB para os EUA. Irresponsabilidade soltar maluquices na imprensa sem checar. É preciso investigar e punir esses devaneios que se espalham irresponsavelmente”, escreveu Fábio Faria, sem se aprofundar no tema.

O ministro foi cobrado a apresentar a lista de passageiros que embarcaram na viagem. Esses nomes estão em sigilo.

Olavo disse que a “coisa foi tão rápida” que não foi possível, sequer, se despedir dos médicos e enfermeiros do hospital. “O pessoal chama de saída à francesa”, ironizou. Em sua versão, o bolsonarista alegou que a saída do pais “não foi escondida de ninguém”, mas porque disseram a ele que “ou embarca agora ou não vai ter outro voo”.

A PF já tentou colher duas vezes depoimento de Olavo no inquérito que investiga a existência de uma milícia digital que atua contra a democracia e as instituições. Nas redes, Olavo também negou que tenha sido intimado pela PF. “A Fôia e o Coveiro Brasiliense também mentem a meu respeito. Dizem que saí do Brasil porque recebi uma intimação da Polícia Federal. Não recebi intimação nenhuma”, escreveu em sua página no Facebook na sexta-feira (19).


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