Meio Ambiente
|
6 de janeiro de 2023
|
17:24

Alertas de desmatamento na Amazônia batem recorde no fim do governo Bolsonaro

Por
Sul 21
[email protected]
O município de Lábrea, no sul do Amazonas, é um dos líderes de desmatamento de agosto a dezembro de 2022. Foto: Christian Braga/Greenpeace
O município de Lábrea, no sul do Amazonas, é um dos líderes de desmatamento de agosto a dezembro de 2022. Foto: Christian Braga/Greenpeace

A área sob alertas de desmatamento na Amazônia atingiu 4.793 km2 no acumulado de agosto a dezembro, recorde para o período na série histórica iniciada em 2015, segundo dados do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (6). Houve aumento de quase 54% em relação aos mesmos cinco meses de 2021.

Como a taxa de desmatamento na Amazônia é medida sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte, o recorde de desmatamento tende a ser “herdado” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na taxa oficial que ainda será divulgada em 2023.

Mesmo com dados parciais (foram contabilizados 30 dias de dezembro até o momento) e influenciados por cobertura de nuvens (isso ocorre principalmente de novembro a abril), o Observatório do Clima avalia o resultado do Deter-B como “alarmante”. O aumento do desmatamento no fim do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reverte a tendência de queda registrada pela taxa oficial, do sistema Prodes, de agosto de 2021 a julho de 2022 em relação ao período anterior.

“Os alertas de destruição da Amazônia bateram recordes históricos nos últimos meses, deixando para o governo Lula uma espécie de desmatamento contratado, que vai influenciar negativamente os números de 2023. O governo Bolsonaro acabou, mas sua herança ambiental nefasta continua”, afirma Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clim,.

Lábrea e Apuí, no sul do Amazonas, lideram o ranking de municípios com maior área desmatada de agosto a dezembro de 2022. As cidades ficam no eixo da BR-319 (Manaus-Porto Velho), obra da ditadura civil-militar que o governo Bolsonaro retomou – a licença prévia para o asfaltamento da rodovia foi concedida em junho, ignorando recomendações técnicas do próprio Ibama. O aumento do corte raso na região é explicado pela expectativa da obra, que corta o maior bloco de florestas intactas do bioma.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora