Internacional
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7 de dezembro de 2022
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16:25

Após anunciar dissolução do Congresso, presidente do Peru é destituído do cargo

Pedro Castillo | Foto: Reprodução/Twitter
Pedro Castillo | Foto: Reprodução/Twitter

Da Ansa Brasil

O Parlamento do Peru destituiu na tarde desta quarta-feira (7) o presidente Pedro Castillo de seu cargo, com 101 votos a favor, seis contra e 10 abstenções. Após a exoneração, o Parlamento convocou a vice-presidente Dina Boluarte para a oficialização da sucessão presidencial.

Na sequência, a Polícia Nacional do Peru publicou em sua conta no Twitter que o agora ex-presidente foi detido. A informação, no entanto, foi deletada alguns minutos depois. Na mensagem nas redes sociais, a polícia referiu-se ao artigo 5.º do Decreto-Lei 1267, que habilita a polícia a usar a força legítima para manter a ordem no país e garantir o funcionamento dos poderes do Estado no quadro constitucional.

Mais cedo, Castillo havia anunciado a dissolução do Congresso do país e um “governo de exceção” até a realização de novas eleições. A medida foi vista como um golpe de Estado do mandatário pela oposição.

Em uma mensagem à nação, Castillo afirmou que é preciso “convocar o mais rápido possível eleições para um novo Congresso com capacidade constituinte para criar uma nova Constituição em, no máximo, nove meses”. “Até que se instaure um novo Congresso, o país será governado por meio de decretos-lei”, acrescentou ainda.

Além disso, o mandatário chegou a determinar um toque de recolher para evitar protestos – que já estavam programados pela oposição. Também anunciou uma “reorganização do sistema de justiça”, com mudanças no Poder Judiciário, Ministério Público, Junta Nacional de Justiça e Tribunal Constitucional.

Enquanto os opositores, que já estavam debatendo o terceiro pedido de impeachment contra Castillo, falam em golpe, os apoiadores do mandatário dizem que ele ativou a medida que consta na Constituição.

Castillo, de esquerda, assumiu o poder em julho do ano passado ao derrotar a candidata de extrema direita Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori. Desde então, por várias vezes, foi alvo de moções e investigações parlamentares que tentavam retirá-lo do poder, mas o político conseguia reverter as medidas durante as votações em plenário.

O país sul-americano tem uma política turbulenta há décadas, tendo praticamente todos os presidentes eleitos nos últimos 20 anos ainda vivos presos por crimes durante os mandatos. Os dois antecessores de Castillo, que eram de direita, renunciaram após serem alvos de diversos pedidos de impeachment.


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