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1 de março de 2024
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14:27

Polícia trata agressão a porteiro no bairro Rio Branco como crime racial

Por
Sul 21
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Guarita do prédio onde o porteiro foi agredidos a socos por um morador. Fotos: Marihá Maria/Sul21
Guarita do prédio onde o porteiro foi agredidos a socos por um morador. Fotos: Marihá Maria/Sul21

A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira (1º) que o caso da agressão ao porteiro Rodinei Antônio Xavier em um condomínio no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, está sendo tratado como um crime racial. A agressão ocorreu no último dia 21, quando um morador do condomínio agrediu Rodinei após o porteiro não permitir a subida de um motoboy que não possuía o endereço correto para a entrega de um lanche.

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Em coletiva nesta sexta, o diretor do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), delegado Christian Nedel, confirmou que o caso está sento tratado como um crime racial e que está trabalhando em parceria com a Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI).

“A Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância tem um papel fundamental na preservação dos direitos humanos das pessoas que estão em situação de hipossuficiência e vulnerabilidade. Aqui, neste caso específico, de vítimas de crimes raciais e crimes de intolerância”, afirmou o delegado Nedel.

Já a titular da DPCI, delegada Tatiana Bastos apresentou a cronologia dos fatos e informou sobre o andamento da investigação: “Realizamos oitivas, ouvindo o porteiro e testemunhas, que aparecem no vídeo das câmeras do condomínio. Nesta manhã, o suspeito foi ouvido. Nos próximos dias estaremos concluindo este inquérito policial que apura os crimes de lesão corporal, ameaça e injúria racial”, afirmou.

O episódio ocorreu na noite do dia 21. Segundo Rodinei disse ao Sul21, o entregador tinha o número do apartamento, mas não sabia em qual torre do condomínio ficava. Ele diz que chegou a tentar interfonar para o possível morador, mas o aparelho não funcionou. Em seguida, a esposa do morador ligou para a portaria e ele informou que o entregador havia ido embora. Foi então que a pessoa desceu, acompanhada do síndico, para tirar satisfação.

Nesse momento, as ofensas e ameaças continuaram, até que o suspeito passou a agredir fisicamente a vítima, que estava sentada, com socos no rosto e, principalmente, na região dos olhos.

Após a chegada da Brigada Militar e do SAMU, a vítima foi levada para atendimento médico no Hospital de Pronto Socorro (HPS) e posterior exame de lesões corporais no DML. O suspeito evadiu-se do local sem ter sido devidamente identificado pela Brigada Militar.

No dia 24, foi registrada uma ocorrência policial dando conta do crime de injúria racial na 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, o que levou à abertura de um procedimento para apurar os crimes de racismo, ameaça e lesão corporal na Delegacia de Intolerância.

Na conversa com o Sul21, o porteiro contou que, desde o episódio, tem conseguido dormir apenas com o uso de remédios. “Estou abaixo de remédio para dormir, estou tendo insônia. A doutora me receitou Rivotril, além dos remédios para dores porque ele deu vários golpes na cabeça”, disse. Ele disse ainda que não deve voltar a trabalhar no condomínio.


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