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28 de novembro de 2023
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17:55

Trecho 2 da Orla terá elevação do solo e da entrada de edificações após inundação do Guaíba

Por
Luciano Velleda
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Prefeitura planeja grande mudanças no trecho da orla onde está o Anfiteatro Pôr do Sol. Foto: Ivo Gonçalves/ PMPA
Prefeitura planeja grande mudanças no trecho da orla onde está o Anfiteatro Pôr do Sol. Foto: Ivo Gonçalves/ PMPA

As chuvas intensas que atingem Porto Alegre desde setembro e causaram a maior inundação do Guaíba desde 1941 irão alterar o projeto da Prefeitura para o futuro trecho 2 da Orla, localizado entre a Rótula das Cuias e o Arroio Ipiranga. Embora o espaço não tenha sido tão afetado pela subida das águas como os trechos 1 e 3 da Orla, que ficaram submersos, a inundação acendeu o alerta.

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Em novembro, o Guaíba atingiu a marca histórica de 3,46 metros na medição realizada no Cais Mauá, superando em quase meio metro a cota de inundação na região, que é de 3 metros. Em 1941, as águas passaram de 4 metros e invadiram o centro da cidade.

A recomendação para que haja mudança no projeto do governo Sebastião Melo (MDB) em conceder a região à iniciativa privada partiu do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE).

Em entrevista na última sexta-feira (24) à rádio Gaúcha, Darcy Nunes dos Santos, diretor-geral adjunto do órgão, explicou que os técnicos do DMAE analisaram o estudo de concepção geral do projeto (também chamado de “masterplan”), encomendado pela Secretaria Municipal de Parcerias, e emitiram diretrizes a serem seguidas para respeitar a proteção contra alagamentos e inundações.

As alterações propostas se referem ao nível das construções e à altura do solo. O piso da orla no trecho 2 já é naturalmente mais elevado, o que protegeu a região da recente inundação. Ainda assim, a concepção geral do projeto trabalhava com 3 metros de altura, enquanto os técnicos do DMAE sugeriram elevar para 3,23 metros. Secretária de Parcerias, Ana Pellini diz que, por prudência, agora estão sendo feitos estudos para elevar ainda mais o solo, talvez chegando entre 3,30 e 3,40 metros.

“Vemos com bons olhos as dicas do DMAE, é um órgão especialista com grande conhecimento”, elogia a secretária.

 

Projeto apresentado para o Trecho 2 da Orla do Guaíba. Arte: Cheetah Consultoria / Divulgação / PMPA

Além da elevação do solo, os técnicos do DMAE sugeriram também aumentar a altura da entrada das edificações planejadas para o local, como o aquário, centro de eventos e open mall, entre outras. A proposta é que tais entradas fiquem na cota entre 5,80 metros e 6 metros, alinhada com a altura da avenida Edvaldo Pereira Paiva (avenida Beira-Rio).

O diretor-geral adjunto do órgão explica que a capital gaúcha tem um dique de proteção que começa na zona sul, na Avenida Diário de Notícias, e costeia a orla até o Cais Mauá. “Esse dique oscila na cota entre 5,8 e 6 metros, que é a cota que a gente estabelece na cidade para evitar inundações e cheias nas construções. O objetivo é proteger a perda de patrimônio e vidas humanas. É a cota do nível da pista da avenida Edvaldo Pereira Paiva.” De acordo com ele, eventuais construções temporárias poderão ter cota menor.

Santos ressalta que o piso do trecho 2 da Orla até poderia permanecer na mesma altura atual pois, em caso de inundação, ao menos não causará perda de patrimônio ou de vidas. De todo modo, conforme a secretária Ana Pellini, o solo do trecho 2 deverá ser mais elevado.

A partir de agora, ela diz que o projeto está em fase de detalhamento dos estudos e deverá ser colocado em consulta pública em janeiro ou fevereiro pelo prazo de um mês. A seguir, o projeto é enviado ao Tribunal de Contas do Município, onde estima que será analisado por cerca de 3 ou 4 meses. Se tudo avançar como a prefeitura planeja, o edital de concessão à iniciativa privada do trecho 2 da Orla será lançado no segundo semestre de 2024.

Ana Pellini diz que não adianta ter pressa. “Temos que ter calma e ouvir todo mundo.”

 

Arte: Cheetah Consultoria / Divulgação / PMPA

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