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30 de maio de 2023
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15:31

Cerca de 80 famílias ocupam prédio da União na Avenida Farrapos, em Porto Alegre

Por
Duda Romagna
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Ocupação na Avenida Farrapos foi chamada de Sepé Tiaraju. Foto: Luiza Castro/Sul21
Ocupação na Avenida Farrapos foi chamada de Sepé Tiaraju. Foto: Luiza Castro/Sul21

Na madrugada do último sábado (27), cerca de 80 famílias que residiam em bairros periferia de Porto Alegre passaram a ocupar um edifício na Av. Farrapos, no bairro Floresta, em ação organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). O prédio de número 285 é de posse da União e abrigava o Laboratório Nacional Agropecuário no Rio Grande do Sul (Lanagro RS), vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Nesta segunda-feira (29), um ato para a reinvindicação do espaço como moradia foi realizado no saguão do edifício.

 

Prédio abrigava laboratório vinculado ao Ministério da Agricultura. Foto: Luiza Castro/Sul21

Segundo os coordenadores da ocupação, nomeada de “Sepé Tiaraju”, em homenagem ao líder indígena, o imóvel estaria desocupado há pelo menos cinco anos, e, portanto, sem cumprir sua função social. Explicam ainda que a escolha do espaço conta com uma possível abertura do governo federal para negociação. De fato, a acreditação do laboratório, emitida em 2011, foi cancelada em 2018, o que significa, na prática, o fim das atividades da unidade do Lanagro. Uma sede do laboratório foi inaugurada em 2016 no bairro Ponta Grossa, na zona sul da Capital.

Segundo o MLB, as famílias alocadas na ocupação viviam em condições precárias, muitas vezes sem saneamento básico.

 

Analise Thomaz é moradora e uma das coordenadoras da ocupação Sepé Tiaraju. Foto: Luiza Castro/Sul21

“A gente tem que lutar pela moradia dos jovens, o aluguel, na periferia, é dois terços de um salário mínimo. Aí tem que pagar água, tem que pagar o gás, tem internet, tem a comida. Como é que a gente vai fazer isso?”, questiona Analise Thomaz, moradora e uma das coordenadoras da ocupação. “A gente vai fazer ocupação porque tem prédio aqui em Porto Alegre totalmente abandonado, jogado às traças, sabendo que tem pessoas morando na rua, morando embaixo da ponte e não dá para ser assim. Chega no inverno e faz tanto frio que as pessoas morrem de frio na cidade, a gente tem que se organizar”, completa.

Apesar de recente, a ocupação já estabeleceu, no prédio, uma cozinha e espaços como creche e dormitórios. Além disso, Analise explica uma série de regras de convivência dentro da nova casa, que abriga diversos trabalhadores e suas famílias. “Essa ocupação tem regras levadas muito a sério, a principal delas é: não há violência à mulher nessa ocupação, ok?. Aqui é um lugar livre de fome e livre de qualquer tipo de violência que a gente possa sofrer.”

 

Cozinha improvisada já oferece comida para as 80 famílias. Foto: Luiza Castro/Sul21

Procurado pela reportagem, o Ministério da Agricultura não se manifestou sobre o assunto até a publicação da notícia.


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