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16 de março de 2023
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14:24

Justiça começa a ouvir testemunhas do feminicídio de liderança do MAB

Por
Sul 21
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Foto: Movimento dos Atingidos por Barragem
Foto: Movimento dos Atingidos por Barragem

Familiares, amigos e integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e de organizações feministas realizaram nesta quarta-feira (15) uma manifestação em frente ao Foro Central de Porto Alegre em memória de Débora Moraes, líder do movimento assassinada em 12 de setembro 2022. A Justiça realizou nesta quarta a primeira audiência judicial do caso, que tem o marido de Débora, Felipe Faustino, como acusado pelo assassinato.

Durante a tarde, cinco testemunhas de acusação foram ouvidas por quase duas horas. Débora foi assassinada em casa, na Vila dos Herdeiros, zona leste de Porto Alegre. Ela tinha uma filha de seis anos. No final da audiência, a defesa do Felipe, que aguarda preso o julgamento, pediu o relaxamento da prisão, mas o pedido foi negado.

A advogada Alice Resadori, que atua como assistente de acusação, avalia que as provas que constam no inquérito policial e o relato das testemunhas indicam cometimento do feminicídio por parte do réu. “A nossa expectativa é que a juíza pronuncie ele como feminicídio qualificado e que ele seja levado a júri para que seja responsabilizado criminalmente. Nesse sentido, a responsabilização é uma resposta necessária não só à família da Débora, mas à sociedade. Especialmente porque no último ano, os números de feminicídio no estado do Rio Grande do Sul cresceram em 10,4%, conforme o mapa do feminicídio de 2022. Então, é urgente que a gente dê respostas efetivas contra todas as formas de violência contra a mulher, especialmente contra o feminicídio, que é a forma mais grave delas”, disse a advogada.

Na manifestação desta quarta, foi montado um altar com fotos, flores e bandeiras de movimentos sociais que lembravam a trajetória de luta em defesa dos direitos dos atingidos pela barragem da Lomba do Sabão.

“Para nós do MAB o dia de hoje é muito importante, porque é um dia de lutarmos por justiça por Débora e por todas as mulheres vítimas de feminicídio. Débora foi uma lutadora, que se organizava no Movimento para garantir melhorias para toda a comunidade. Eu lutei ao lado de Débora e sou testemunha da sua grandeza”, diz Maria Aparecida Luge, coordenadora do MAB.

A madrinha de Débora, Elaine Teresinha Alves, participou da vigília e pediu justiça pela morte da afilhada. “O sentimento no dia de hoje é muito difícil. A gente está aqui pedindo por justiça. Não se tira uma vida assim. Ele tirou uma vida muito importante pra nossa família. Cada dia é difícil. Mas em algumas datas, essa dor fica pior. No último domingo, fez seis meses da morte dela. No meu aniversário, eu não recebi a mensagem da minha afilhada. No Dia da Mulher, que ela sempre me mandava mensagem, também não. É uma ausência sentida no dia a dia”, afirmou.

Ainda não há data de quando novas testemunhas serão ouvidas.


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