Geral
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23 de outubro de 2022
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20:37

Depois de atirar contra policiais, Roberto Jefferson é finalmente preso no Rio de Janeiro

Por
Luciano Velleda
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Roberto Jefferson gravou vídeo contando  ter atirado nos policiais. Imagem: Reprodução
Roberto Jefferson gravou vídeo contando ter atirado nos policiais. Imagem: Reprodução

Depois de mais de 8h de resistência, o presidente de honra do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) Roberto Jefferson foi preso no começo da noite deste domingo (23). O ex-deputado estava cercado por agentes da Polícia Federal (PF) em sua casa, na cidade de Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, desde o começo da tarde.

Mais cedo, Jefferson reagiu à prisão e disparou tiros de fuzil contra os agentes da PF, ferindo duas pessoas. De acordo com a polícia, o aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda jogou uma granada contra os agentes policiais.

A concretização da prisão se arrastou ao longo do dia após Bolsonaro intervir e, numa atitude sem precedentes, enviar o ministro da Justiça, Anderson Torres, ao Rio de Janeiro para negociar com o aliado. Apesar da ação inusual, os agentes da PF acabaram efetivando a prisão antes da chegada do ministro.

O ex-deputado estava em prisão domiciliar depois de ter sido preso em agosto de 2021, acusado de integrar milícias digitais que ferem a democracia. Jefferson foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por incitação ao crime, ameaça às instituições e homofobia.

Ele teve a prisão domiciliar revogada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), depois de divulgar um vídeo, na última sexta-feira (21), com ofensas contra a ministra Cármen Lúcia, do STF, chamando-a de “prostituta arrombada” ao ofendê-la devido a decisão judicial tomada pela ministra no âmbito das eleições.

O vídeo foi publicado na rede social da filha e uma das condições para usufruir do benefício da prisão domiciliar era não participar de redes sociais.

Em vídeo divulgado no começo da tarde de domingo (23), Jefferson filmou a própria televisão, onde é possível ver os agentes da Polícia Federal parados próximos da sua casa. O ex-deputado então faz um discurso em que se coloca como uma vítima que está sendo perseguida, afirma que não vai se render e ainda convoca a população a “lutar” e seguir seu exemplo.

“A minha raiz está plantada, o que quero vocês sabem. O jogo que estou jogando, vocês sabem”, diz ele. Na sequência, a filmagem feita por Jefferson já mostra o automóvel da Polícia Federal com o vidro quebrado e ele anunciando que atirou nos agentes, o que pode ser considerado como tentativa de homícidio.

Apesar de estar em prisão domiciliar, o ex-deputado mantinha diversas armas em sua residência.

“Não me entrego, chega de abrir mão da minha liberdade em favor da tirania. Vou cair de pé”, afirmou o ex-deputado e aliado de Bolsonaro. Jefferson ainda faz uma fala em que dá a entender pensar que o episódio poderia levá-lo a morte. “Eu vou, se Deus quiser, vou embora, mas deixo plantado o meu exemplo”, comentou, e continuou com convocações à luta contra o que chama de “tirania”.

Em outro vídeo divulgado pelo ex-deputado após o episódio, é possível ouvir uma voz feminina ao fundo lamentando o ocorrido, ao que Jefferson pondera que não atirou nos policias, mas “perto”.

“Não atirei em ninguém pra pegar. Atirei no carro e perto deles. Eram quatro, eles correram e falei: ‘Saí que vou pegar vocês’”, ele conta, enquanto segue a convocação das pessoas à luta e para “colocar a cruz de Cristo no topo do mundo”.

Após a prisão, o ministro Moraes se manifestou no Twitter: “Parabéns pelo competente e profissional trabalho da Polícia Federal, orgulho de todos nós brasileiros e brasileiras. Inadmissível qualquer agressão contra os policiais. Me solidarizo com a agente Karina Oliveira e com o delegado Marcelo Vilella que foram, covardemente, feridos”, disse

Também pelo Twitter, Bolsonaro primeiro se manifestou sobre a atitude do aliado, repudiando a agressão verbal contra a ministra do STF Carmen Lúcia e a ação armada contra os agentes da Polícia Federal. O presidente, entretanto, equiparou os dois episódios protagonizados por Jefferson aos inquéritos que tramitam na Suprema Corte, os quais o presidente diz não terem respaldo na Constituição.

Após a concretização da prisão de Jefferson, o presidente publicou outro vídeo nas redes sociais, visivelmente constrangido e, pela primeira vez, chamando o aliado de “criminoso”.


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