A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) divulgou na tarde desta sexta-feira (17) uma nota em que critica a posição da Polícia Federal de que não haveria indícios de um mandante ou organização criminosa por trás dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
Em nota divulgada à imprensa mais cedo, a PF informou também que as diligências continuam e que, apesar de não haver mandante, outras pessoas devem estar envolvidas no crime e novas prisões podem ocorrer nos próximos dias.
Em sua nota, a Univaja diz que a PF desconsiderou as informações oferecidas pela entidade em “inúmeros ofícios” desde o segundo semestre de 2021. “Tais documentos apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando nas invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual Pelado e Dos Santos fazem parte”. As alcunhas referem-se a Amarildo Oliveira e Oseney da Costa de Oliveira, respectivamente, dupla que confessou ter participado do assassinato de Dom e Bruno.
A Univaja destaca que foi em razão das denúncias contra a organização criminosa que Bruno Pereira passou a receber ameaças, assim como membros da própria entidade.
“A nota à imprensa, emitida pela PF hoje, corrobora com aquilo que já destacamos: as autoridades competentes, responsáveis pela proteção territorial e de nossas vidas, têm ignorado nossas denúncias, minimizando os danos, mesmo após os assassinatos de nossas parceiros, Pereira e Phillips”, diz a Univaja.
Por fim, a entidade cobra a continuidade das investigações. “Exigimos a continuidade e o aprofundamento das investigações. Exigimos que a PF considere as informações qualificadas que já repassamos a eles em nossos ofícios. Só assim teremos a oportunidade de viver em paz novamente em nosso território, o Vale do Javari”, finaliza a nota.
Dom Phillips e Bruno Pereira foram vistos pela última vez na manhã de domingo (5), na região da reserva indígena do Vale do Javari. Os restos mortais foram encontrados durante buscas realizadas com a presença do pescador Amarildo da Costa Oliveira. Ele confessou a participação no desaparecimento e indicou o local onde os corpos foram enterrados, uma área de mata fechada a cerca de três quilômetros da calha do Rio Itaquaí, afluente do Rio Javari.
Na quinta-feira, um avião da Polícia Federal transportou os remanescentes humanos encontrados para o Aeroporto de Brasília. O material foi levado ao Instituto Nacional de Criminalística, onde será periciado para confirmação da identidade das vítimas.