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7 de fevereiro de 2022
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18:41

Policiais civis preparam mobilização de rua, para março, por reposição salarial

Por
Sul 21
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Isaac Ortiz: 'de nada adianta superávit, se ele não é utilizado para melhorar os serviços públicos'. (Foto: Luiza Castro/Sul21)
Isaac Ortiz: 'de nada adianta superávit, se ele não é utilizado para melhorar os serviços públicos'. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

O Sindicato dos Agentes da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (Ugeirm Sindicato) está preparando uma mobilização de rua para o mês de março, reivindicando resposição salarial para a categoria. “Após completar três anos sem nenhuma reposição salarial e enfrentar o maior déficit de pessoal da sua história, a categoria chegou ao seu limite”, diz o sindicato.

Desde o mês de dezembro, a direção da Ugeirm vem percorrendo o estado, realizando reuniões nas delegacias de Polícia e debatendo com a categoria. A conclusão dessas reuniões é que que a insatisfação dos policiais e das policiais civis é generalizada. Além dos problemas já crônicos, como a falta de pessoal, a categoria vem, a cada mês, vendo o seu poder de compra ser reduzido de forma acentuada, assinala a entidade.

Além da perda do poder aquisitivo, os policiais civis enfrentam outros problemas. Um exemplo disso, cita a Ugeirm, foi a dificuldade em completar o quadro da Polícia Civil para a Operação verão 2022. “Em anos anteriores, havia disputa por uma vaga na operação que garante a segurança dos banhistas nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Neste ano, foi necessário que a Chefia de Polícia realizasse uma convocação para completar o quadro. Muitos (as) policiais não se candidataram, pois o valor das diárias, que também se encontram há nove anos sem reajuste, não cobre nem mesmo a estadia no litoral. Ou seja, os (as) servidores que participam da Operação Verão estão, literalmente, pagando para trabalhar”.

Apesar dos salários congelados há mais de três anos, a categoria têm contribuído para que o estado registre recordes sucessivos na queda dos índices de violência, destaca ainda o sindicato. Desde 2018, o trabalho das forças policiais do estado foi responsável por evitar mais de 2.000 homicídios. Esses números vêm sendo largamente utilizados pelo governador Eduardo Leite, como exemplo de êxito do governo do PSDB. Para o vice-presidente da Ugeirm, Fabio Castro, “o Governador tem todo o direito de propagandear a queda nos índices de violência, inclusive é louvável os elogios feitos aos profissionais da segurança pública. Porém, esse reconhecimento deveria se manifestar através de medidas concretas, como a abertura de negociação com a Ugeirm”.

No final de janeiro, Eduardo Leite anunciou um superávit de R$ 2,55 bilhões nas contas do estado no ano de 2021.  Porém, ressalta o sindicato, esse resultado positivo não foi suficiente para mudar a postura do governo em relação aos servidores do estado. Se, antes, o argumento de Eduardo Leite era que as contas precisavam ser colocadas em ordem para atender as reivindicações dos servidores, com esse superavit, não existe motivo para o governador não sentar e negociar com os policiais civis, argumentam os policiais.

O presidente da Ugeirm, Isaac Ortiz, afirma que “apesar desse superavit ser uma boa notícia para o nosso estado, de nada adianta se ele não é utilizado para melhorar os serviços públicos. Esse dinheiro vem do bolso da população do estado, particularmente do aumento da alíquota de previdência dos inativos, e deve voltar para os seus cidadãos, através da melhoria nos serviços públicos. Considerando que não existe serviço público de qualidade com servidores mal pagos, está na hora do governo negociar uma reposição salarial urgentemente”.

Ainda segundo Ortiz, a Ugeirm já encaminhou um pedido de abertura de negociação ao governo mas, até agora, não recebeu resposta. “A categoria já chegou ao limite e não aceita continuar fazendo mais com menos. Vamos sair às ruas para dialogar com a população, mostrando a verdadeira face da segurança pública do estado: salários congelados há mais de três anos e um contingente de pouco mais da metade do mínimo necessário”, anuncia o dirigente sindical.

O movimento deve contar com a participação das demais categorias da segurança pública, que também sofrem com a defasagem salarial. O sindicato não descarta a possibilidade de paralisações pontuais, como forma de chamar a atenção do governo.

(*) Com informações da Ugeirm Sindicato.


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