Geral
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13 de julho de 2021
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18:39

Polícia investiga médico de Porto Alegre por crimes sexuais contra 22 mulheres

Por
Fernanda Nascimento
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Operação policial realizada nesta terça após denúncias de crimes sexuais. Foto: Polícia Civil/Divulgação
Operação policial realizada nesta terça após denúncias de crimes sexuais. Foto: Polícia Civil/Divulgação

Pelo menos 22 mulheres já apresentaram denúncia por violência sexual contra um cirurgião plástico de Porto Alegre. O médico é acusado de estupro de vulnerável, assédio sexual e importunação sexual e há indícios de que praticava os crimes há mais de 10 anos. Na manhã desta terça-feira (13), a Polícia Civil realizou operação de busca e apreensão na clínica e na residência do cirurgião. A delegada Jeiselaure Rocha de Souza solicitou a prisão preventiva do suspeito – negada pelo Judiciário – e afirma que há fortes indícios das práticas. “Todas as vítimas relataram a mesma conduta, elas marcavam uma consulta para realizar procedimento estético e sofriam violência sexual”.

De acordo com as investigações, o médico importunava sexualmente as vítimas, oferecia às pacientes a possibilidade de realização de procedimentos estéticos mediante realização de sexo, esfregava a genitália nas mulheres durante o atendimento, além de tocar em suas partes íntimas sem consentimento. Em alguns casos, o cirurgião teria estuprado pacientes sedadas. Uma ex-funcionária da clínica relatou à polícia que era coagida a filmar as práticas sexuais e a comprar preservativos para o médico, além de também sofrer assédio sexual. Celulares e itens de uso pessoal foram aprendidos para realização de comparação genética entre o material colhido no exame de corpo de delito das vítimas de estupro. De acordo com a delegada, a operação foi realizada a partir das denúncias de 12 mulheres e, ao longo do dia, com a repercussão da ação, outras 10 mulheres procuraram a polícia para representar contra o médico.

A advogada de uma das vítimas, Gabriela Souza, afirma que a cliente não conhecia as demais denunciantes, mas ao ouvir os outros relatos percebeu que as situações eram semelhantes. “Ele sugeriu que ela pagasse a cirurgia com sexo. Era uma consulta para uma prótese mamária e ele disse que ela precisava fazer a consulta apenas de calcinha. Ele também fez com que ela sentasse em cima dele”, conta Gabriela. Os fatos ocorreram há dois anos e, conforme a advogada, foram denunciados à polícia e ao Conselho Regional de Medicina (Cremers).

O vice-presidente do Cremers Eduardo Neubarth Trindade informou que a entidade abriu uma sindicância para apurar as denúncias. Como o Código de Processo Ético-profissional do Conselho da entidade prevê que as sindicâncias devem ocorrer em sigilo, o representante não confirmou a existência de investigações anteriores relacionadas às denúncias de crimes sexuais, mas prometeu celeridade na apuração. “Vamos solicitar acesso a todas as informações e já realizamos a abertura de investigação”. De acordo com Trindade, não está descartada uma interdição cautelar do registro profissional durante a investigação e, em caso de condenação, o profissional pode ter o registro cassado.


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