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26 de junho de 2021
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13:46

Morre aos 92 anos José Paulo Bisol

Por
Sul 21
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Bisol em entrevista ao memorial do legislativo.  Foto: ALRS
Bisol em entrevista ao memorial do legislativo. Foto: ALRS

Morreu neste sábado (26), aos 92 anos, o senador constituinte José Paulo Bisol. O porto-alegrense foi o primeiro candidato a vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas eleições de 1989. Bisol vivia em sua casa, em Osório, com a esposa, Vera Lúcia Zanette.

Desembargador aposentado, Bisol formou-se em Direito pela PUCRS em 1954. Iniciou a carreira política nas eleições de 1982, quando conquistou uma cadeira para a Assembleia Legislativa do RS pelo MDB. Em 1987, foi eleito senador.

Depois de 1989, quando se filiou ao PSB, Bisol voltou a ser vice de Lula em 1994, quando acabou por se retirar da chapa durante o pleito. Na época, diversos jornais do país moveram uma ampla campanha contra ele, o acusando de manipular verbas orçamentárias e superfaturar emendas para obras que beneficiavam a própria fazenda. Vários desses veículos de imprensa foram condenados a pagar uma indenização milionária a Bisol em 2001.

Em 1992, ele teve papel destacado na CPI que levou ao impeachment de Fernando Collor. Com a eleição de Olívio Dutra para governador do RS em 1998, assumiu a Secretaria de Justiça do Rio Grande do Sul. Em junho de 2000 filiou-se ao PT. Após sua gestão na Secretaria de Justiça do Rio Grande do Sul em 2003, Bisol afastou-se da vida política, dedicando-se apenas ao Direito.

Em entrevista à RBA em 2017, ele falou sobre o desejo de ver uma “convulsão social”. “Eu até gostaria de uma convulsão social, porque aí nós teríamos de fazer uma constituinte. O diabo é que ela não acontece. Já estamos com tudo para uma convulsão. E a convulsão não acontece. Desculpe a ironia, mas vai faltar convulsão. O que é a convulsão? É o estremecimento dessa monstruosa estrutura. E a possibilidade de destruição dela. E necessariamente de uma outra coisa em seu lugar. É terrível dizer isso, mas eu estou dizendo, paciência…”.

Na mesma entrevista, ele falou sobre uma nova candidatura de Lula: “Bom, acredito na força mágica do Lula. Acredito que ele tem força ainda. Mas não vai ser tão fácil. O Lula tem o discurso mais penetrante, mais convincente, mais consistente que já vi em política no Brasil. O discurso dele entra docemente e profundamente nas pessoas que o escutam. Esse é o segredo da liderança dele: é a linguagem”.

Em outra entrevista, de 2011 ao Sul21, ele fala sobre si mesmo: “Sempre fui um rebelde. Quer dizer, sempre estive em desacordo com o mundo. Estou sempre do lado de lá do comum das coisas. Eu não tenho ajuste”.


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