Da Redação
Acusada de acobertar escândalos sexuais envolvendo seus próprios funcionários, a organização não governamental britânica Oxfam, uma das mais importantes instituições de caridade do mundo, divulgou nota nesta quarta-feira (14) se posicionando sobre a denúncia. “Os casos de abuso sexual envolvendo integrantes da Oxfam Grã Bretanha são revoltantes e inadmissíveis, e devem ser condenados sem contemporização. É preciso reconhecer os erros cometidos. Os casos denunciados não foram tratados com a rigidez necessária e nem foram tomadas as medidas cabíveis. É preciso não apenas pedir desculpas às vítimas de assédio e abuso sexual, mas principalmente tomar providências para que isso não volte a ocorrer”, afirma a organização.
O jornal britânico The Times foi o primeiro a revelar, na sexta-feira (09), que dirigentes e funcionários da instituição contrataram prostitutas e organizaram orgias em instalações financiadas pela Oxfam no Haiti, durante a missão humanitária depois do terremoto que destruiu o país em 2010. Segundo a publicação, a Oxfam tinha conhecimento de “preocupações internas” relacionadas a Roland van Hauwermeiren, diretor da ONG no Haiti, e a outro homem quando estes ainda trabalhavam no Chade, antes de assumirem postos mais altos no país caribenho. Na época, a Oxfam divulgou apenas que sérios desvios tinham sido identificados no Haiti, mas não revelou detalhes do caso.
Na terça-feira (13), o presidente da organização, Juan Alberto Fuentes Knight, foi preso na Guatemala durante uma operação contra a corrupção que resultou também na detenção do ex-presidente guatemalteco Álvaro Colom. Antes de presidir a Oxfam, Fuentes foi ministro das Finanças no Governo de Colom. O chamado caso Transurbano investiga o desvio de recursos na rede de transporte urbano construída durante o governo do partido social-democrata Unidade Nacional da Esperança, sob o mandato de Colom, entre 2008 e 2012. De acordo com o posicionamento oficial da organização, o indiciamento e prisão provisória de Fuentes “tornou insustentável sua permanência no cargo de presidente do Conselho da Oxfam Internacional, ainda que o caso seja do período anterior ao seu mandato com a organização”.
Na segunda-feira (12), o órgão regulador de ONGs no Reino Unido, Charity Commission, anunciou que iria abrir uma investigação para analisar como a Oxfam lidou os fatos ocorridos no Haiti. Em comunicado publicado online, a Charity Commission afirma acreditar em omissões graves por parte da Oxfam. No mesmo dia, uma ex-chefe da entidade revelou ao canal de televisão Channel 4 que há indícios de que adolescentes voluntárias foram abusadas no Reino Unido e que funcionários trocaram ajuda humanitária por sexo no exterior. Segundo afirmou Helen Evans, que foi chefe do departamento de prevenção de danos da Oxfam entre 2012 e 2015, em alguns países (não especificados por ela), 1 em 10 dos funcionários foi assediado sexualmente ou testemunhou abusos envolvendo colegas.
Em comunicado, a Oxfam afirma que “uma comissão independente para investigação externa está sendo formada para a identificação dos erros cometidos e a prevenção de futuros casos”. Além disso, os procedimentos de recrutamento também estariam passando por um processo de revisão.