Educação
|
6 de junho de 2023
|
18:10

Cotistas desligados da UFRGS relatam prazos curtos, falta de instruções e impossibilidade de recorrer

Por
Sul 21
[email protected]
Foto: Guerreiro
Foto: Guerreiro

Nesta terça-feira (6), a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) se reuniu com um grupo de estudantes ingressantes por cotas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que tiveram suas matrículas desligadas no fim de maio. Os estudantes estavam com a matrícula provisória, quando permanecem com a documentação em análise. À comissão, os representantes dos 160 alunos afetados relataram prazos curtos, dificuldade na entrega de documentações exigidas, falta de instruções e impossibilidade de recorrer das decisões da universidade.

Leia também:
DCE da UFRGS organiza mobilização contra o desligamento de 160 cotistas

Uma das estudantes, Adriana Rodrigues, relatou estar no hospital no dia de sua banca de aferição racial. “Eu tenho 51 anos, levei 30 para entrar numa universidade. Trabalhei como doméstica, fundei um grupo de teatro negro. Consegui vaga em um cursinho pré-vestibular popular, que inclusive pagava minha internet na pandemia. Estudei muito, professores me davam aula sábado à noite, domingo. Acabei adoecendo e fui hospitalizada”, disse. Giácomo de Carli, estudante de Direito, denunciou a falta de acolhimento com estudantes que obtiveram a vaga como pessoas com deficiência e explicou que os laudos e testagens comprobatórios da sua condição não foram aceitos pela universidade.

Abigail Soares Ferreira, oriunda de escola pública e de família de baixa renda, conseguiu com dificuldade os comprovantes necessários nos cinco dias que a universidade fornece, e mesmo assim perdeu a vaga. “Meus pais são idosos e não é fácil nos deslocarmos para bancos e conseguir documentos. Neste meio tempo, eu acabei ficando com um problema no joelho, sentia muitas dores. O médico me receitou um remédio muito forte, passei uma semana inteira apagada, que foi o prazo da matrícula definitiva”, contou a estudante de Medicina Veterinária.

A deputada Luciana Genro (PSOL), que convocou a audiência, explicou que os estudantes tentam reverter o desligamento e argumentou que “as dificuldades, o tempo escasso que a UFRGS oferece para a comprovação de documentos, além de aferições mal feitas online, provocaram grandes injustiças”. A parlamentar Sofia Cavedon (PT) propôs a criação de um documento, a ser encaminhado ao Conselho Universitário da UFRGS (Consun), questionando a morosidade, a falta de transparência e pedindo a participação efetiva dos representantes dos estudantes cotistas no acompanhamento destes processos.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora