Educação
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17 de julho de 2022
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09:41

Pesquisa revela aumento no consumo de álcool entre estudantes da Capital

Por
Sul 21
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Estudo mostra que três, de cada quatro alunos do 9º ano na Capital, já experimentou bebida alcoólica. Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Estudo mostra que três, de cada quatro alunos do 9º ano na Capital, já experimentou bebida alcoólica. Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A experimentação de bebida alcoólica por jovens da capital gaúcha teve um crescimento de 74,9% em 2019, em relação a 2012. Porto Alegre revelou uma proporção bem acima do total das capitais brasileiras, que ficou em 63,2% no mesmo ano. O dado foi mais significativo entre as meninas, com aumento de 79,4% em 2019, em relação a 2012. No mesmo período, entre os meninos, o indicador de crescimento na experimentação de bebida alcoólica foi de 69,6%.

Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2009/2019, divulgados na última quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo teve como base os estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental na Capital e mostra a tendência de ocorrência de determinados comportamentos. Na ocasião, o IBGE apresentou uma análise inédita das quatro edições da pesquisa (2009, 2012, 2015 e 2019).

“Nessa década, foram incorporadas inovações e modificações que impossibilitavam uma comparação de forma direta. Para fazer a análise, além da tradicional comparação temporal entre pontos da série, aplicaram-se novas estratégias metodológicas, como a harmonização das variáveis, empilhamento das bases e regressão logística”, explica Marco Andreazzi, gerente da pesquisa.

A ocorrência de embriaguez em algum momento da vida entre os jovens de Porto Alegre, por exemplo, passou de 24,5% a 35,3% no período de 2009 a 2019. A distribuição das razões de chance de ocorrência de embriaguez destaca a capital gaúcha com o maior índice entre as capitais brasileiras (1,53), o que significa uma chance 53% maior do que a observada no município de referência (São Paulo).

A experimentação ou exposição ao uso de drogas também cresceu em Porto Alegre nos últimos 10 anos. O percentual foi de 6,8% em 2009 para 16,9% em 2019. O aumento da exposição não foi uniforme entre os sexos: para as meninas, cresceu de 5,7% em 2009 para 19,9% em 2019, enquanto para os meninos foi de 7,9% para 13,4%.

Em relação à precocidade dessa exposição, ou seja, antes de completar 14 anos de idade, o percentual passou de 3,3% em 2009 para 4,8% em 2019. Já o consumo recente de drogas ilícitas, entre aqueles que haviam usado drogas alguma vez na vida, teve queda no último ano da pesquisa em relação aos anos anteriores. O percentual havia sido de 50,3% em 2012, cresceu para 60,3% em 2015 e diminuiu para 40,7% em 2019.

No caso do consumo de cigarro, a pesquisa também identificou tendência de queda, embora os adolescentes continuem experimentando. O estudo mostrou que a experimentação ou início da exposição ao tabaco por adolescentes em Porto Alegre mostrou variação de 28,6% para 21,7% entre a edição de 2009 e 2019. Teve queda importante também a precocidade da exposição, em idade inferior aos 14 anos, de 21% em 2009 para 10,1% em 2019.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2009/2019 analisou também aspectos do comportamento sexual dos jovens em Porto Alegre. O percentual de estudantes do 9º ano que já tinham tido relações sexuais passou de 28% em 2009, para 35,6% em 2019. O comportamento dos dados é diferenciado conforme o sexo e a rede de ensino. Para as meninas, houve significativo aumento na iniciação sexual, de 19,8% em 2009, para 31,2% em 2019; enquanto para os meninos essa variação foi menos expressiva, de 36,7% para 40,8% no período.

Em 2019, 43,5% dos alunos do 9º ano da rede pública de Porto Alegre já tinham tido relação sexual alguma vez, contra 17,5% da rede privada. O uso de preservativo na última relação, entretanto, mostrou tendência de queda, variando de 72,9% em 2009, para 65,8% em 2019.

A pesquisa também revelou a insatisfação dos jovens com a imagem do próprio corpo. Em 2009, 21% dos estudantes do 9º ano de Porto Alegre reclamavam por serem magros ou muito magros, número que saltou para 30,2% em 2019. Já os que se consideravam gordos ou muito gordos se mantiveram em patamar semelhante: eram 23,5% e passaram a 24,2%.

Entre os estudantes que se avaliaram como gordos e muito gordos, houve diferença significativa entre meninas e meninos: em 2019, 30,0% das meninas tinham esse julgamento em relação ao próprio corpo, contra 17,3% dos meninos.

Outra aspecto analisado no estudo foi a atividade física dos estudantes. Em 2019, 66,3% dos alunos do 9º ano na Capital foram classificados como insuficientemente ativos, ou seja, o tempo acumulado de atividade física que declararam ter praticado nos sete dias anteriores à pesquisa ficou abaixo de 300 minutos.

As diferenças entre os sexos são relevantes: 60,3% dos meninos e 71,4% das meninas em 2019. Em 2009, os índices haviam sido de 54,1% e 68,8%, respectivamente.

Nos dez anos de abrangência da pesquisa, aumentou em 47,9% o percentual de estudantes que costumam fazer atividades sentados por mais de três horas diárias, passando de 47% em 2009, para 69,5% em 2019. O percentual em Porto Alegre foi o maior entre as capitais brasileiras na edição mais recente da pesquisa.

O percentual de estudantes que sofreram agressão física por um adulto da família teve aumento em Porto Alegre no período de 2009 a 2015, passando de 8,1% para 12,2%. Em 2019, houve mudança no quesito, com a separação em dois grupos de agressores e mudança do período de referência para 12 meses anteriores à pesquisa.

Assim, 20,6% dos alunos do 9º ano sofreram alguma agressão física nos 12 meses anteriores à pesquisa cujo agressor foi o pai, a mãe ou responsável, e 13,5% dos estudantes sofreram agressão por outras pessoas.

Conforme a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2009/2019, quanto mais baixa a escolaridade da mãe do estudante, pior o estado de saúde do filho e maior o risco de mortalidade e a chance de pobreza. De 2009 a 2019, a prevalência desse indicador em Porto Alegre caiu de 25,6% para 18,0%. Entre alunos de escolas particulares, foi de 4,9% em 2019, enquanto entre os das escolas públicas chegou a 23,8%.

O índice que diz respeito às mães com ensino superior passou de 17,9% para 21,4% no período, também com diferenças importantes observadas entre as escolas públicas e privadas: nas públicas, atingiu 11,7% dos estudantes, ao passo que nas privadas abrangeu 43,5%.


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