Alunos da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) denunciaram nesta terça-feira (10), à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, a falta de condições para o retorno às aulas presenciais no campus central de Porto Alegre.
Recentemente, estudantes divulgaram fotos de salas de aula no campus central sem condições de uso, com cadeiras e mesas empilhadas umas sobre as outras. De acordo com os estudantes, a transferência do campus da UERGS para as dependências da antiga Cientec não resolveu os problemas estruturais da universidade.
“Estamos felizes com o repasse da Cientec, mas é preciso adequar o espaço. Solicitamos apoio da Comissão de forma a pensar que a UERGS é do nosso Estado e devia ser tratada como a menina dos olhos, mas isso não é o que está acontecendo. Nosso capital humano está enfraquecido e é urgente um concurso para que se amplie o quadro de docentes, para que se amplie as pesquisas e projetos de extensão”, disse Camila Padilha, representante do Centro Acadêmico de Estudantes de Letras no campus Porto Alegre.
A deputada Luciana Genro, proponente da reunião, solicitou que a Comissão de Educação realize uma visita ao local para conferir as condições do campus e envie um ofício ao governo cobrando investimentos e condições de retorno presencial às aulas na UERGS. “Estamos diante de um governo que não valorizou a educação e muito menos a UERGS, então a gente precisa desta pressão e organização do Parlamento e dos estudantes para mostrar esse descontentamento e essa falta de atenção que a universidade está recebendo por parte do Executivo, que é quem detém a caneta e as verbas,” destacou.
Estudantes do curso de Letras procuraram a deputada do PSOL na semana passada alertando sobre o problema. De acordo com eles, a “UERGS está desmoronando em todos os sentidos”, especialmente depois que foi transferida do prédio alugado no bairro Agronomia para a antiga Fundação de Ciência e Tecnologia, sob a promessa de que a parte de laboratórios seria melhor atendida, o que não se concretizou.
Ederson Ferreira, representante do Conselho Superior da Universidade que tem como papel ajudar nas pautas dos acadêmicos, lembrou que a universidade tem um papel fundamental no desenvolvimento do Estado e que, infelizmente, a instituição conta com o menor orçamento enquanto universidade pública do Brasil. Ele defendeu que os parlamentares façam parte dessa luta por uma estrutura adequada, bem como de um quadro de professores que seja suficiente para atender os alunos, o que não representa a realidade atual. Ederson Ferreira informou ainda que já foi solicitado apoio para abertura de concurso público para professores e agentes técnicos e de apoio administrativo, além do repasse de 0,5% do orçamento líquido para a UERGS (que já está previsto em lei) e o repasse definitivo da sede do Campus Central no prédio da antiga Cientec.
A presidência da Comissão de Educação encaminhará ofício ao governo e solicitará uma visita oficial dos deputados ao campus da UERGS em Porto Alegre.
Na comemoração dos 20 anos da UERGS, em julho de 2021, o governo do Estado oficializou a transferência definitiva da universidade para o antigo prédio da Cientec. Na ocasião, o governador Eduardo Leite (PSDB) destacou o compromisso de sua gestão com a UERGS: “A nossa universidade estadual passa a ter um espaço qualificado e na vista de todos os gaúchos, porque passa a ficar no centro das tomadas de decisões do Estado. Isso reforça a responsabilidade dos gestores da UERGS para que ela, ao ser colocada no centro, possa estar também no centro daquilo que se espera dela para o desenvolvimento do nosso RS”.
No mesmo dia, o reitor Leonardo Beroldt também comemorou a transferência para a nova sede e as perspectivas de investimento: “Com a conclusão deste processo, a universidade deixará de comprometer mais de R$ 2,5 milhões ao ano com locações de imóveis, devendo redirecionar os recursos para o fortalecimento de suas atividades”.
A UERGS está organizada em sete campi regionais e em 23 unidades universitárias. A instituição tem cursos de graduação, de pós-graduação e de extensão sintonizados com as demandas locais de formação e de qualificação profissional.
