Apesar de recente, o curso superior em Tecnologia em Produção Multimídia ofertado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) Campus Alvorada já é avaliado com nota máxima nos conceitos do Ministério da Educação (MEC). Egressa da primeira turma do curso, formada em 2022, Cristyelen Ambrozio teve seu curta-metragem selecionado para a 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado e recebeu, no último domingo (13), o prêmio de Melhor Curta Gaúcho, da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCIRS).
A produção “Centenário da Minha Bisa”, resultado do projeto experimental de conclusão de curso, segue uma narrativa ficcional entre uma bisneta e sua bisavó a partir de álbuns de fotos de família. À medida que memória e realidade se entrelaçam e se tensionam, a bisavó, apesar de já falecida, se mantém presente na materialidade dos registros. Cristyelen também é egressa do curso técnico em Processos Fotográficos na mesma instituição e uniu os conhecimentos para resgatar fotografias antigas e montar a narrativa.
“A ideia para o curta veio de uma mania que eu tenho desde a infância de ver fotos de família, sempre gostei e a figura da minha bisavó sempre me chamou atenção, por ser uma mulher parda, me identificava com isso. A figura dela formou a minha subjetividade, talvez a minha forma de ver o mundo, e ao mesmo tempo era uma pessoa de que não sabia quase nada, porque ela morreu quando eu era muito pequena, eu tinha 5 anos, mas era uma pessoa que ficava martelando na minha cabeça. Eu sentia que eu precisava me aproximar e eu acho que a arte, o cinema, foi a maneira de criar esse caminho até ela”, conta Crystielen.
O curta foi inteiramente produzido, roteirizado, editado e dirigido por Cristyelen, que hoje é artista multimídia e graduanda em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O júri da ACCIRS considerou que o filme se destacou na mostra pelo “olhar íntimo que ofereceu conjugando identidade e memória de maneira sensível, tanto no conteúdo quanto na forma”.
A diretora explica que sua trajetória acadêmica no IFRS Alvorada foi marcada por projetos de pesquisa que a aproximaram ainda mais do cinema. “Acho que é o grande lance quando tu tá numa instituição federal é se envolver em projetos que vão para além da grade do curso. O primeiro projeto que me colocou na iniciação científica foi um projeto sobre o naturalismo e o realismo no cinema brasileiro”, relata.
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O andamento do curta-metragem foi acompanhado por diversas bancas de professores para que, de forma colaborativa, os docentes pudessem direcionar a produção. “O campus Alvorada é bem aberto às nossas propostas artísticas. Eu me senti acolhida pelos professores”, lembra Cristyelen. “O instituto está inserido em uma cidade da região metropolitana de Porto Alegre, que não recebe muitos recursos voltados para cultura. Então é muito bom quando essas coisas saem para fora do território geográfico, porque mostra que existe uma produção, que a gente merece atenção, precisa de recursos. Porque o meu curta foi feito com zero recursos, mas isso não significa que deve continuar sendo assim”, completa.
O filme ainda está no circuitos de festivais e, após isso, deve ser disponibilizado ao público. No sábado (19), ocorre uma exibição no IFRS Alvorada.
