Cultura
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14 de janeiro de 2023
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11:24

Prédio histórico do Centro, Solar do IAB ganha restauro da fachada

Por
Duda Romagna
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Parte do casarão está escondida por tapumes há anos. Foto: IAB-RS
Parte do casarão está escondida por tapumes há anos. Foto: IAB-RS

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS) está investindo cerca de R$ 400 mil para restaurar o prédio em que está sediado, o histórico Solar do Conde, no Centro Histórico de Porto Alegre. Localizado na esquina da Rua Riachuelo com a Rua General Canabarro, o edifício erguido por volta de 1835 foi morada de Manoel Marques de Souza, o Conde de Porto Alegre, entre 1855 e 1875, e, desde 1999, abriga o IAB-RS. O restauro foi iniciado no início de dezembro de 2022 e deve ser finalizado até agosto de 2023.

Em 2020, foram investidos R$ 100 mil em melhorias internas, quando foi realizado o assentamento de 190 m² de assoalho de madeira oriunda de uma apreensão do Ibama. Na sequência, ocorreu também a renovação da pintura na fachada da Rua General Canabarro, além da revisão e atualização elétrica de todo o Solar.

Durante o restauro, são percebidos traços originais do prédio. Foto: IAB-RS

O arquiteto responsável pela obra, Lucas Volpatto, relata que o espaço já passou por diversas reformas, como em 1930, quando foi vendido ao governo do Estado. Ele também explica que, durante o processo, são percebidas as outras intervenções e traços originais. “O Solar do Conde é uma verdadeira aula, no momento que a gente começou a intervir na fachada, ele mostrou todos os elementos desse sobrado do século XIX. Foi incrível ver os traços da arquitetura, os métodos construtivos e as técnicas tradicionais que estavam ali presentes”, conta.

Ainda, o restauro do Solar do Conde faz parte de esforços para que a região possua uma cena comum, apesar dos diversos estilos presentes no local. “O Centro Histórico, embora tenha esse nome porque é a parte mais antiga da cidade, não é dotado de unidade estética, primeiro porque ele é um resultado de diversas fases de ocupação desse território”, relata o arquiteto.

Responsável também pelos restauros da Igreja Nossa Senhora das Dores, hoje Basílica, e parte da equipe de restauração da Catedral Metropolitana e da Biblioteca Pública Estadual, Lucas reforça a importância do cuidado dos edifícios históricos. “O progresso das décadas de 50 a 70 fez com que muitos desses edifícios fossem destruídos e demolidos. Inclusive esse próprio sobrado foi ameaçado de uma possível demolição quando pegou fogo na década de 80. É importante que esses prédios históricos, em qualquer parte da cidade, estejam aptos para ocupação, eles não podem ficar abandonados, não podem chegar a ruínas.”

Antes e depois da estadia do Conde, o espaço teve outras finalidades, inclusive, sediou órgãos públicos como o Quartel General da Guarda Civil, o Instituto Médico Legal (IML) e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), centro de repressão durante a ditadura militar. Para Lucas, o trabalho do arquiteto anda lado a lado com o dos historiadores e ajuda a recuperar o legado desses espaços.

“Em todo o trabalho de restauro a gente faz uma pesquisa histórica, contratamos um historiador e nós temos achado coisas fabulosas sobre a história, uma delas é que o Conde não era dono do Solar, sempre foi da Condessa. Ela ganha de herança e no casamento eles tinham um contrato que não tinha partilha de bens”, conta.


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