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16 de agosto de 2012
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21:45

VÍDEO: mineiros grevistas são mortos a tiros por forças policiais na África do Sul

Por
Sul 21
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Al Jazeera / reprodução
Disputas entre sindicatos rivais e protestos contra a mineradora Lonmin ocorrem há uma semana | Foto: Al Jazeera / reprodução

Da Redação

A greve dos mineradores da empresa Lonmin, com sede em Marikana (África do Sul), acabou resultando em pelo menos dez mortos após tentativa policial de repressão dos manifestos. Enquanto isso, a direção da mineradora estatal inglesa de platina, cujo lucro bruto em 2011 foi de US$ 321 milhões, afirma que demitirá os funcionários que não retornarem ao seu trabalho, sem, contudo, estabelecer um prazo para esse retorno.

Na tarde desta quinta-feira (16) a polícia tentou dispersar os grevistas, que se encontravam em um morro próximo à fábrica, com disparos de gás lacrimogênio e canhões d’agua. Para contra-atacar, os trabalhadores das minas, cuja área de concentração foi isolada com arame farpado, empunhavam facões e teriam utilizado armas de fogo, segundo policiais.  Em resposta, as forças dispararam contra o grupo, causando um número ainda incerto de mortes. Um repórter sul-africano citado pelo  Mail & Guardian relata ter contado 18 corpos em uma favela próxima ao local do embate. Os números oficiais, embora menores, já contabilizavam dez mortos, dois deles policiais, em quase uma semana de disputas entre os sindicatos rivais.

“Estamos chocados e decepcionados com esta violência sem sentido. Acreditamos que haja espaço em nossa ordem democrática para resolver qualquer disputa através do diálogo”, lamenta o presidente da África do Sul, Jacob Zuma. Por sua vez, o porta-voz da polícia, capitão Dennis Adriao, afirmou aos jornalistas presente na cena que a abordagem da polícia foi tática, apesar da situação tensa.

O vídeo abaixo mostra cenas da violenta repressão aos mineiros em Marikana. AVISO: contém imagens fortes 

http://youtu.be/SqUPlYQqjN0

Nesta quarta-feira (15) cerca de 3 mil oficiais de uma tropa especial da polícia já haviam chegado até o local. Vestindo camuflagens, escoltados por helicópteros e montados a cavalo, os guardas encararam os mineradores, mas o confronto foi, então, evitado. Os desentendimentos entre a terceira maior produtora de platina no mundo,­ que extrai do solo sul-africano 80% de seus rendimentos, fizeram com que os diretores ordenassem a paralização das extrações na mina de Marikana – a outra sede de extração da empresa encontra-se em Limpopo e a central de operações em Johannesburgo. Desde o início dos confrontos, as ações da empresa caíram mais de 13%.

Devido a uma suposta falta de clareza nas demandas dos grevistas, há acusações de que os impasses responsáveis pela greve tenham surgido de disputas entre os dois sindicatos rivais, o Sindicato Nacional de Mineradores (NUM, na sigla em inglês) e a Associação dos Sindicatos de Mineradores e Trabalhadores de Construções (AMCU, na sigla em inglês).

De fato, há acusações entre ambas as associações, mas as condições de trabalho e vida dos mineiros e de suas famílias são bastante precárias, segundo relatório divulgado na quinta-feira passada (11) pela Bench Marks Foundation, uma ONG que monitora as práticas em corporações mineradoras. Devido aos baixos salários, os mineiros habitam barracos deteriorados, sem eletricidade e rede cloacal precária, que vaza e têm provocado doenças crônicas nas crianças.

Com informações do Mail & Guardian, Al Jazeera , Lonmin e da Presidência da África do Sul


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