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24 de agosto de 2011
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12:45

UNE repudia agressão sofrida por diretor da entidade em SP

Por
Sul 21
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UNE repudia agressão sofrida por diretor da entidade em SP
UNE repudia agressão sofrida por diretor da entidade em SP
Como ficam outros gays que apanham e não têm onde se apoiar? (Foto: Facebook)

Rachel Duarte

Ainda ferido fisicamemte e emocionalmente abalado, o diretor da setorial LGBT da União Nacional dos Estudantes (UNE), Denílson Alves Batista (23 anos), falou ao Sul21 sobre a agressão que sofreu neste final de semana, em São Paulo. Segundo o jovem ativista, a entidade irá tomar as medidas judiciais cabíveis ao caso e emitir nota oficial de repúdio às recorrentes manifestações violentas contra a diversidade sexual no Brasil. “Eu sou um ativista e tenho voz. Sei como lutar pelos meus direitos. Mas como ficam outros gays que apanham e não têm onde se apoiar?”, indaga, cobrando mais efetividade do governo federal.

Assim como qualquer outro jovem, na madrugada da última sexta-feira (19), Denilson resolveu ir a um bar tomar cerveja com amigos, no bairro de Santo André, região metropolitana de São Paulo. Por volta das 3h resolveram ir embora e no caminho foram surpreendidos por motoqueiros que fizeram provocações sobre a cor do cabelo de Denilson (loiro) e os trejeitos do amigo. “Meio afetados”, como descreveu Denilson.

As características físicas dos dois já foi motivo de xingamentos e insultos. Ao ouvir: “loiro viado do c…”, um dos amigos de Denilson revidou verbalmente e a resposta veio em chutes e pontapés. “Eu revidei o chute, ainda em gesto de defesa. Mas, só me lembro de ter acordado com o socorro médico depois”, relata Denilson, que apanhou até desmaiar.

Com ferimentos no rosto, braços e mãos, Denílson conta que foi registrado o Boletim de Ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, (Decradi), da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

A União Nacional dos Estudantes deve emitir nota oficial em repúdio à violência. “Eu acredito que depois do reconhecimento da união homoafetiva pelo Supremo Tribunal Federal, as pessoas começaram a assumir. Quem é contra os gays não tolera mais”, disse Denilson sobre um aumento nos crimes de ódio em São Paulo.

Segundo o jovem, a agressão sofrida neste final de semana não foi a primeira desde que se assumiu gay. “A primeira vez fui atacado por um grupo de neonazistas da região do ABC. Aqui eles não aceitam a diversidade sexual e esta região é considerada à parte de São Paulo, onde ocorre a Parada Gay e os LGBTs vivem melhor”, falou.

A ONG ABCDS criada para defesa da diversidade sexual é um aparelho inoperante do governo paulista, denuncia Denílson. “Nenhum gay ou travesti se sente amparado nesta entidade. Virou uma secretaria comandada por evangélicos que desconstroi o verdadeiro estado laico que lutamos”, falou.

O diretor da UNE também cobrou a ineficiência na execução do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, criado em 2009. “Este plano nunca foi executado. A 2º Conferência LGBT será uma reprise da primeira, pois ainda aguardamos o cumprimento das diretrizes do Plano”, critica. Segundo ele, “há um descaso da presidente da Dilma Rousseff que se posiciona de forma imparcial sobre os homossexuais. Isto influencia inclusive os atos violentos da sociedade”.


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