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28 de outubro de 2020
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09:56

Com atividades no contraturno escolar, João Derly quer fazer de Porto Alegre capital nacional do esporte

Por
Sul 21
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Com atividades no contraturno escolar, João Derly quer fazer de Porto Alegre capital nacional do esporte
Com atividades no contraturno escolar, João Derly quer fazer de Porto Alegre capital nacional do esporte
Candidato João Derly (Republicanos) é o oitavo entrevistado da série do Sul21. Foto: Reprodução/Facebook

Annie Castro

Foi o esporte, junto com as questões sociais, que aproximou João Derly da vida política partidária, em 2011. Com passagens pelo PCdoB, partido pelo qual foi vereador em Porto Alegre e deputado federal, e pela Rede, nesta eleição, o bicampeão mundial de judô concorre à Prefeitura da Capital pelo Republicanos.

Oitavo entrevistado na série de conversas do Sul21 com os candidatos e candidatas ao Paço Municipal, Derly apresenta suas principais propostas para Porto Alegre, avalia os problemas atuais de áreas como saúde, transporte, turismo e política de resíduos recicláveis, e promete uma gestão baseada no diálogo com o funcionalismo público, com a população, e com enfoque no fomento do empreendedorismo e na geração de empregos e renda na Capital.

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“O prefeito foi eleito baseado muito na desburocratização para que pudesse gerar emprego, mas também esteve de costas para aquele que empreende e que gera emprego na cidade. As pessoas precisam empreender e muitos têm feito informalmente. Vemos grupos de whatsapp sendo criados nos bairros, as pessoas criam brechós, vendem bolos, docinhos, salgadinhos, fazem sua fruteira. As pessoas se mobilizaram, mas não houve uma ação concreta da Prefeitura para que as pessoas empreendessem nos locais onde vivem”, afirma o candidato, que tem como uma das principais propostas de campanha a criação de uma Escola de Empreendedorismo.

Apesar de ver as parcerias entre a Prefeitura e a iniciativa privada como uma solução para a execução de determinados projetos, como eventos culturais, por exemplo, Derly não acredita que parcerias público privadas ou terceirizações funcionem ao se tratar de determinadas áreas geridas pelo poder público, como o setor da saúde, por exemplo. “A saúde, na nossa visão, não é gasto, é investimento. Então, o que baliza as tomadas de decisões não pode ser simplesmente o investimento. A terceirização na saúde pode muitas vezes precarizar o atendimento e o serviço prestado à comunidade. Estamos falando aí que, lá na frente, isso vai refletir em gastos para a Prefeitura, porque tu vais tendo uma precarização da saúde e tu vais prejudicar o atendimento, então, as pessoas vão ter dificuldades lá na frente”, afirma.

Para lidar com a crise do transporte público na Capital, Derly propõe, dentre outras medidas, a adoção do cálculo da tarifa por trecho andado, a fim de que exista um teto máximo para a passagem de ônibus. “Por exemplo, ter como teto máximo a passagem no valor de 4 reais, e, se a pessoa andar até tal bairro, que é mais próximo, ela paga o mínimo da passagem”, explica.

Sul21: Candidato, você lançou sua carreira política no PCdoB, depois foi para a Rede e hoje você integra o Republicanos. São legendas com posicionamentos bastante diversos em inúmeros temas. Como você explica essa mudança de posição?

João Derly: Em 2011 e 2012, quando eu estava decidindo se entraria na vida política partidária, eu tinha convite de vários partidos, mas tomei a decisão pelo PCdoB porque, na época, o partido geria o Ministério do Esporte, e o esporte estava me aproximando da política, porque vi que era um caminho em que eu poderia contribuir mais, não só com a parte técnica, mas também com as políticas públicas do esporte, que são fundamentais para dar oportunidade para as pessoas. Então, acabei indo para a via política partidária e escolhendo o PCdoB. Quando fui vereador, foi tranquilo trabalhar, mas, em Brasília, enfrentei muitos desafios, porque, às vezes, tínhamos posicionamentos diferentes e, muitas vezes, o posicionamento era histórico do próprio partido, então, tínhamos um enfrentamento grande para poder votar diferente, porque os poderes democráticos não permitem que a gente possa votar diferentes. Por convicções do que eu acreditava, acabei decidindo sair do PCdoB.

Na época, o único partido que tinha surgido era a Rede, aí eu tive algumas conversas com a Marina Silva, que é uma pessoa que admiro bastante na política, e acabei fazendo a opção pela Rede. Foi um sonho que tentamos levar adiante, mas sentimos que a Rede não tinha força política, que era muito distante da realidade das pessoas. Há muito tempo, eu também havia recebido o convite do Republicanos. Então, no final de 2018, acabei me aproximando do partido, que foi onde me encontrei no sentido de ter a minha liberdade, de usar causas sempre de cunho pessoal e de poder defender aquilo que eu acredito sem sofrer algum tipo de punição. Foi muito importante essa troca.

Sul21: Tanto a Rede, seu ex-partido, quanto o Republicanos, seu atual partido, integraram a base do governo Marchezan. Caso eleito, como a sua gestão iria se diferenciar da atual?

João Derly: Primeiro, o Republicanos esteve praticamente quase todo governo Marchezan independente. No final do ano passado, houve uma ruptura total com o governo Marchezan, e, mesmo na sua independência, algumas vezes [o partido] acabou votando com o próprio governo. Isso, para mim, não interfere em nada, porque acho que os próprios vereadores devem ter suas convicções e defender aquilo que eles acreditam que possa ser bom e viável para a cidade. Sempre acredito nessa liberdade, acho que cada um deve responder por si. Tanto é que, no Congresso Nacional, tive várias ações contra deputados que estavam eleitos, estavam presos e que frequentavam a Câmara dos Deputados, que é onde deveria haver um respeito, uma lisura; também desafios, independente de partidos e de local, enfrentei a corrupção fortemente. Acho que o parlamentar deve ter sim a sua liberdade de poder expressar o que acredita, porque muitas pessoas que votaram neles acreditam em seus trabalhos, e para que eles possam representar essas pessoas.

O partido Republicanos esteve independente e votou com as suas convicções. É isso que eu espero, espero que, ao termos a oportunidade de administrar a cidade de Porto Alegre, possamos dar liberdade às pessoas. Não devemos impor que, porque tu é da oposição ou independente, tu tenhas que votar obrigatoriamente de tal forma e defender as pautas de governo. Temos que defender que as pessoas participem, que possam emitir suas opiniões e achar o menor denominador comum para nossa sociedade. Acredito que uma gestão mais voltada para as pessoas é aquela que consegue ouvir o todo e chegar em soluções que sejam melhores para todo mundo.

É fundamental o contraturno para mudarmos a cabeça e acabar com um ciclo, que muitas vezes é vicioso em algumas famílias, de não ter a preocupação com uma outra formação ou com a graduação dessas crianças, desses jovens, porque simplesmente tem que vencer o ensino médio para poder assinar uma carteira de trabalho ter um emprego formal.

Sul21: Na sua visão, quais são os principais problemas que Porto Alegre enfrenta hoje?

João Derly: Teria que mencionar muita coisa, mas vamos começar pelo serviço de zeladoria da cidade. Nós vamos nas periferias da cidade e vemos que são locais que foram jogados pela administração, mas isso não vem só desta administração, e sim de um somatório de administrações que acabaram jogando seu peso no centro da cidade, até chegar no ponto de que, hoje, o centro também está largado. As pessoas têm dificuldade em circular na nossa cidade. É muito complicado quando o serviço público, que deveria ter um cuidado com esse serviço de zeladoria das pessoas, acaba não executando esse papel e deixando com que a sociedade fique jogada. Avalio que este governo, que já vem se somando de sucessivos governos, tem deixado, principalmente na periferia, o serviço de zeladoria da cidade piorar cada vez mais e vem fazendo com que a nossa sociedade sangre, no sentido de sofra. O serviço de zeladoria hoje está jogado, assim como as políticas sociais, que acredito bastante e que, junto com a questão esportiva, foi uma das coisas que me aproximou da política.

As políticas sociais estão jogadas às traças. Não é à toa que este governo juntou em uma única secretaria o DEMHAB [Departamento Municipal de Habitação], a assistência social, o esporte, enfim, uma infinidade de pastas importantes que, muitas vezes, os governos consideram como gasto, mas que, na verdade, são investimento, porque tem um retorno. Como tu vai deixar todas dentro de uma secretaria com o intuito de dizer que estamos economizando? Como estamos economizando com políticas que não são efetivas?

Falando agora de segurança: a segurança até melhorou diante da pandemia na nossa cidade, mas foi fruto de um trabalho do governo do Estado, que é o RS Seguro. Com a pandemia, as pessoas ficaram muito mais em casa, e acabou diminuindo bastante os crimes na cidade de Porto Alegre, mas isso não se mantém sem uma efetividade na questão de segurança, sem funcionar o Gabinete de Gestão Integrada do Município (GGIs), sem funcionar os conselhos e os fóruns de segurança. Temos que fazer com que isso possa ser potencializado. É importante também levar em consideração as câmaras de vigilância da nossa cidade, as câmeras da EPTC, e fazer todas elas se integrarem melhor e usar o sistema de inteligência que temos dentro da Prefeitura. Também precisamos fazer uma integração com as forças policiais da Polícia Civil, da Brigada Militar, da Polícia Federal, além dessas outras secretarias que prestam serviços, por exemplo, como poda de árvores, iluminação, porque tudo isso também afeta a questão da segurança. Essa é uma política que também está enfraquecida e que pretendemos trabalhar fortemente.

A educação é outro problema. No IDEB, somos o 24º lugar no país, e isso é bem grave e demonstra que temos que fazer plano municipal de educação, fundamentar bem, colher os dados, e conseguir ser mais assertivos. Precisamos escutar, principalmente, aqueles que são linha de frente, que estão ali no dia a dia e que sabem dos problemas. É impressionante como temos uma administração que não ouve as pessoas, que não ouve seus servidores e que ainda faz um cabo de guerra com os servidores, que são aqueles que, independente do governo que estiver, seguirão ali prestando um serviço para a sociedade. Então, é importante ouvi-los e que isso seja levado em consideração, para podermos fazer um plano bem razoável a curto, médio e longo prazo, a fim de podermos melhorar nossa educação. Uma coisa que eu aposto muito, porque sou fruto disso, é o contraturno escolar. Eu ensino judô em uma escola estadual e sei o quanto é importante termos oportunidades de praticar modalidades esportivas para fortalecermos a educação integrada, a educação motora, e também ajudar no combate à evasão escolar. Hoje, as oficinas de contraturno foram praticamente esgotadas na nossa cidade. Nisso, entra também a parte cultural, porque estamos perdendo as altas habilidades. Hoje, temos na rede municipal um universo de 70 mil crianças. A Associação Brasileira das Altas Habilidades estima que de 5% a 7% das crianças e dos nossos jovens possuam algum tipo de habilidade, mas hoje temos apenas 27 detectadas na cidade de Porto Alegre, de um universo de 70 mil. Isso demonstra que não estamos percebendo, por falta de oportunidade, os possíveis talentos em diversas áreas. Então, é fundamental o contraturno para mudarmos a cabeça e acabar com um ciclo, que muitas vezes é vicioso em algumas famílias, de não ter a preocupação com uma outra formação ou com a graduação dessas crianças, desses jovens, porque simplesmente tem que vencer o ensino médio para poder assinar uma carteira de trabalho ter um emprego formal.

Também tem a questão do empreendedorismo. O próprio prefeito foi eleito baseado muito na desburocratização para que pudesse gerar emprego, mas também esteve de costas para aquele que empreende e que gera emprego na cidade. Precisa existir ações concretas da Prefeitura que possa gerar um ecossistema sadio daqueles que querem empreender na cidade de Porto Alegre. Hoje temos uma cidade que vive de serviços, mas que é fraquíssima no turismo. Temos o 4º distrito, que seria o grande boom da indústria da nossa cidade e que alaga até hoje. Então, não tem um plano de ação. Muitas vezes, a administração importa talentos, como se muitas vezes a inteligência só viesse de fora, sendo que temos aqui muitos talentos que estão sendo levados para outros estados porque não tem oportunidades aqui.

Sul21: A pandemia do novo coronavírus, além de criar uma crise sanitária, também potencializou o cenário de desemprego, crise econômica e de pouca assistência social na Capital e também em âmbito nacional. Tudo indica que esse será o cenário do início do mandato do próximo prefeito ou prefeita da cidade. Como conduzir a gestão municipal nesse contexto?

João Derly: Temos informação que muitos recursos foram aportados pelo governo federal para o enfrentamento da pandemia. Eu tive a oportunidade de estar no Estado como secretário estadual de Esporte e Lazer, não conseguimos participar diretamente das decisões, e vimos o quanto o próprio governo do Estado ofereceu para esse enfrentamento, como leitos, por exemplo, e a Prefeitura abriu mão dizendo que alta complexidade não era da Prefeitura. Então, demonstra que os recursos que foram aportados foram direcionados não sei para que áreas, mas, como vimos no processo de impeachment do prefeito, trata-se de propaganda da própria cidade e da Prefeitura, ao invés de passar mais informações para a nossa sociedade que carecia de informações. Foram aportados em torno de 260 milhões, sendo que esse dado pode até estar desatualizado e, até então, 131 milhões tinham sido investidos, porque gastos em saúde não são gastos, são investimentos. Deixamos de utilizar 110 milhões, que poderiam fortalecer nosso sistema de saúde.

Precisamos trabalhar fortemente para que venha a vacina, independente de se o governo federal vá ou não alcançar, não podemos medir esforços para que possamos imunizar nossa sociedade, para que possamos preservar vidas e os empregos e fazer com que os negócios tenham continuidade. Isso é fundamental.

Temos que trabalhar fortemente com essa retomada, principalmente para fortalecer nosso sistema de saúde, que vimos fragilizado. Pensamos em uma criação de um fundo emergencial para não sermos pegos mais de surpresa, caso venha outra pandemia ou outro problema que possa fugir daquilo que está previsto. No início da pandemia, quem trabalhava na saúde não tinha EPIs suficientes, por exemplo.

Porto Alegre tem tudo para dar certo, ela só não tem dado certo porque as administrações estão preocupadas com reeleição, com a ideologia, em brigas. Nossa cidade tem belezas naturais, o extremo sul, por exemplo, tem um potencial enorme para fortalecer o turismo, mas hoje não temos direito lá nem restaurantes, nem bares, que possam receber o turismo.

Nesse desafio para poder retomar a economia, apostamos que as pessoas possam empreender, como muitos têm feito informalmente. Vemos grupos de whatsapp sendo criado nos bairros, as pessoas criam brechós, vendem bolos, docinhos, salgadinhos, fazem sua fruteira. As pessoas se mobilizaram, mas não houve uma ação concreta da Prefeitura para que as pessoas empreendessem nos locais onde vivem. Eu falo em algo parecido com o Rio de Janeiro, que existe o Favela Road, que tem como mantra que favelado compra de favelado, para que os recursos fiquem lá e que a cadeia produtiva aconteça dentro da periferia, dentro dos locais onde as pessoas mais necessitadas possam fazer relações de negócios. Para isso, temos uma proposta muito importante, que eu creio que vai fazer a diferença na cidade de Porto Alegre, que é a Escola de Empreendedorismo. A ideia é a Prefeitura ser parceira, utilizar a rede de dados que possui e auxiliar as pessoas a investirem ou buscarem microcréditos, mas sabendo utilizar esses microcréditos. Eu vejo muitos candidatos falando sobre microcréditos, que temos que liberar, mas não adianta liberá-los se a pessoa não sabe utilizar microcréditos. Ela vai fazer com que esse sonho de empreender se torne um pesadelo, porque depois ela vai perder o negócio por não saber utilizar. A Escola do Empreendedorismo irá ajudar muito aqueles que necessitam empreender, mas não sabem como. Ao mesmo tempo, queremos linkar com as escolas, fazendo com que, desde jovens, as crianças possam aprender a empreender e possam visualizar isso. É importante que a escola de empreendedorismo esteja mais linkada com as próprias escolas no município.

Também é muito importante salientar a questão do turismo. Porto Alegre tem tudo para dar certo, ela só não tem dado certo porque as administrações estão preocupadas com reeleição, com a ideologia, em brigas. Nossa cidade tem belezas naturais, o extremo sul, por exemplo, tem um potencial enorme para fortalecer o turismo, mas hoje não temos direito lá nem restaurantes, nem bares, que possam receber o turismo. Não tem acesso pro catamarã, as vias de acesso pro extremo sul são bem ruins, em horário de pico é praticamente intransitável, e o Plano Diretor tem que ter uma estratégia para desenvolver isso. Temos que nos preocupar com isso para que possamos levar o turismo com os caminhos rurais, com toda região, nossa orla do extremo sul.

Sem falar da área muito pertinente à minha, que é a questão esportiva. Temos uma vocação enorme para os esportes náuticos, o Guaíba tem um potencial enorme para esses esportes, mas não tem nenhum tipo de incentivo ou uma articulação da Prefeitura. Os eventos acontecem aqui porque as pessoas querem fazer eles aqui e não porque há uma estratégia de ação da Prefeitura em conjunto com os atores da cidade.

Nas questões culturais, temos o próprio carnaval, o Saint Patrick’s Day, por exemplo. Temos em torno de 27 cervejarias artesanais no 4º Distrito, que no Saint Patrick’s Day poderiam potencializar esse trabalho e a própria população conhecer as cervejas produzidas aqui em Porto Alegre. Os próprios festivais sempre foram produzidos por iniciativa privada e temos o Araújo Vianna, com 30 datas destinadas à Prefeitura. Vamos trabalhar para que 15 datas sejam apenas para produtores locais, porque queremos fortalecer as bandas de Porto Alegre, e vamos utilizar também os outros 15 da Prefeitura com eventos nossos. Sem falar da nossa riquíssima cultura gaúcha, que não é levada em consideração. Muita gente desce aqui na cidade de Porto Alegre e vai para Gramado conhecer um galpão, ver como é uma vestimenta gaúcha, como é a alimentação, como é que é o chimarrão, sendo que temos aqui a cidade de Porto Alegre, capital dos gaúchos, uma infinitude de galpões e não conseguimos segurar os turistas aqui.

Sul21: Você mencionou a Escola de Empreendedorismo, que é uma das suas principais propostas de campanha. De onde partiriam as verbas para esse projeto? Seria por meio das finanças da Prefeitura, por parcerias público privadas?

João Derly: A escola de Empreendedorismo não é só a escola física. Primeiro, é para aquelas pessoas que querem empreender independentemente da idade, então, não irá tratar só aqueles jovens, mas sim com todas as pessoas, até aquelas mais idosas que têm sonhos de empreender, que têm potencial, mas que não tiveram as oportunidades para poder empreender. Nisso, nós vamos precisar sim de ações com parcerias, temos sempre que buscar parcerias. A Prefeitura hoje tem em torno de 200 milhões de poder de investimento, então, se disser que tudo será investimento da própria Prefeitura, estarei sendo leviano, porque não temos como executar todas ações que estamos nos propondo sem ter parcerias. Muita gente da iniciativa privada quer ser parceira da Prefeitura, desde que ela sinta segurança que a Prefeitura está querendo tornar um lugar sadio para que se possa empreender. É necessário ter as parcerias para que a gente possa oportunizar.

A outra parte da Escola de Empreendedorismo é direto nas escolas, por isso falei de um projeto piloto entre essas duas escolas, a Emílio Meyer e a Liberato Salzano, porque são as duas do município que possuem ensino médio. Podemos fazer uma parceria também com a iniciativa privada para potencializar os talentos e sair potenciais empreendedores da nossa cidade, mais ou menos como o projeto Pescar, mas com uma efetividade maior da Prefeitura, junto com uma parceria com as empresas que já atuam dentro da cidade, buscar o conhecimento e pessoas já qualificadas. Eu acredito que a escola de empreendedorismo necessita sim das parcerias para que a Prefeitura possa fazer a gestão dessa escola e desenvolver aquele que quer empreender.

A saúde, na nossa visão, não é gasto, é investimento. Então, o que baliza as tomadas de decisões não pode ser simplesmente o investimento. A terceirização na saúde pode muitas vezes precarizar o atendimento e o serviço prestado à comunidade. Estamos falando aí que, lá na frente, isso vai refletir em gastos para a Prefeitura, porque tu vais tendo uma precarização da saúde e tu vais prejudicar o atendimento, então, as pessoas vão ter dificuldades lá na frente.

Sul21: As parcerias público privadas são justamente uma das marcas da gestão atual da Capital, principalmente no setor da saúde, que teve a concessão da gestão de diversos equipamentos. Como você avalia essa política na área da saúde e, na sua visão, quais estratégias são necessárias por parte da gestora ou do gestor do município para conduzir esse setor nos próximos anos, principalmente diante da crise sanitária gerada pelo novo coronavírus?

João Derly: A saúde, na nossa visão, não é gasto, é investimento. Então, o que baliza as tomadas de decisões não pode ser simplesmente o investimento. A terceirização na saúde pode muitas vezes precarizar o atendimento e o serviço prestado à comunidade. Estamos falando aí que, lá na frente, isso vai refletir em gastos para a Prefeitura, porque tu vais tendo uma precarização da saúde e tu vais prejudicar o atendimento, então, as pessoas vão ter dificuldades lá na frente. Por exemplo, temos duas enfermeiras que são candidatas a vereadoras aqui em Porto Alegre e elas nos comentaram que a insalubridade não está sendo paga agora na pandemia, e, provavelmente, todos servidores vão entrar contra a Prefeitura, e a próxima administração vai ter que pagar. Quando o prefeito vai e diz que ao estar terceirizando está baixando o custo da saúde e está conseguindo entregar melhores serviços, ele está ludibriando a sociedade. Tenho dados, que ainda não estão concretizados nas minhas mãos, de que com os investimentos na terceirização está acontecendo o maior gasto da Prefeitura, mas isso não está respondendo no melhor tratamento, no melhor cuidado com a saúde da cidade.

A terceirização na saúde também é muito perigosa porque há a necessidade da criação de vínculos. Quando há o vínculo, se conhece as pessoas, se conhece aquela situação ali e tu consegues prestar um serviço melhor. O quanto pode melhorar a saúde dessas pessoas, porque elas se sentem acolhidas, vão querer frequentar mais vezes, vão fazer os tratamentos preventivos, vão se cuidar mais, porque elas têm um cuidado. Se tu perdes esse vínculo, tu distancia a prestação de serviço das pessoas, não tem mais a criação de vínculo e aí tu precariza. A pessoa pode pensar ‘ah, não fui muito bem atendida por esse médico, esse médico já é outro’, e a pessoa não cria esse vínculo, aí já pensa que não vai ir porque não gostou muito de um médico. Isso acaba prejudicando a saúde.

Sul21: Essa questão da importância do vínculo é justamente um dos pontos levantados diante do caso do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família, o Imesf. Qual a proposta da sua candidatura para a situação do Imesf e dos trabalhadores do Instituto?

João Derly: O Imesf é um grande problema hoje, porque, quando foi criado, na época da administração Fortunati e Melo, tinha o parecer da procuradoria dizendo que era inconstitucional, mas eles forçaram a barra e acabaram fazendo a contratação. Os funcionários não têm culpa e hoje estão pagando diante de uma ação da Prefeitura de populismo, de fazer esse chamamento diante da dificuldade que sofria com a saúde. Aí aconteceu o que aconteceu, que os próprios sindicatos entraram dizendo da inconstitucionalidade, e a Prefeitura lavou as mãos oportunizando que pudessem fazer essa terceirização.

O que pretendemos fazer com o pessoal do Imesf? Hoje eles já adquiriram vínculo com as pessoas, já conhecem os casos, e entraram em um sistema. Acho muito ruim quando tu inicia uma caminhada e, no meio da caminhada, o sistema muda. Vamos fazer uma analogia com o judô: eu entro no judô e a regra é que pode pegar a perna, aí, no meio da luta, o árbitro decide que não pode mais pegar perna, e aí eu fico como? Eu não tenho culpa que ele mudou a regra no meio do caminho. Então, são vidas, são pessoas que já prestam um belo papel na nossa saúde e que hoje estão sofrendo com isso, e a nossa própria saúde também vai sofrer muito. Estamos levantando se temos possibilidade de desfazer os atos do prefeito, se temos segurança jurídica para fazer essa ação e aí estudarmos como conseguimos fazer esse remanejo do pessoal do Imesf. Vamos ter que sentar e dialogar bastante com o pessoal para vermos que estratégias podemos usar para solucionar esse problema, que é grave, porque estamos falando de vidas, de atendimento à saúde, do pessoal que já faz um belo trabalho e com os quais temos toda solidariedade. Me estranha muito que, aqueles que criaram o problema, forçando a barra do Imesf nesse formato que foi criado, agora sinalizam que também são favoráveis aos funcionários do Imesf.

Sul21: A concessão para a iniciativa privada também marca outros setores na Capital. Um dos casos mais emblemáticos no momento é o do Mercado Público, que a Prefeitura quer conceder à iniciativa privada, mas esse processo vem sendo barrado pela Justiça. Quais suas propostas para a gestão do Mercado Público?

João Derly: Entendemos que o Mercado Público não é um shopping, ele é o cartão postal da cidade e temos ali famílias que estão há anos como permissionários. Não sentamos ainda com eles, inclusive, teremos nesta semana uma reunião, porque queremos ouvi-los. Tem que ser ouvidas as pessoas que têm interesse, as pessoas que já realizam um trabalho e tem um papel lá. A situação que está hoje precisa ser melhorada, isso é fato, e os próprios permissionários, pelas falas que escutamos deles, geralmente falam que precisa ser feitas mudanças de melhoria do espaço do Mercado para poder receber melhor as pessoas.

Não vamos trabalhar na linha de privatização, entendemos que tem que melhorar sim o serviço, mas aí temos que encontrar as soluções em conjunto. Não queremos entregar à iniciativa privada, porque a entrega à iniciativa privada não quer dizer que terá garantia de uma boa execução e até porque, daqui a pouco, tu faz com que o local se torne um shopping, e isso não é como o Mercado Público deva ser. A Prefeitura não tem que buscar o lucro e os serviços públicos têm que acontecer da melhor forma possível.

Sul21: O transporte público de Porto Alegre enfrenta há diversos anos uma crise, com perda de passageiros, com alta tarifa e com um serviço denunciado como sucateado pela população. Quais suas propostas para resolver essa crise no transporte público?

João Derly: Primeiro, vamos falar sobre os corredores de ônibus: temos duas vias, que são a Perimetral e a Sertório, onde há corredores de ônibus que não funcionam porque possuem um índice muito baixo de ônibus transitando ali. Poderíamos fazer um ajuste para melhorar a circulação dos carros e ônibus, principalmente em horários de pico.

Falando especificamente da passagem, a nossa passagem hoje é a mais cara das capitais do país, e já entendemos qual é o problema: é muito difícil entender o cálculo de tarifa. Tem que ter um estudo muito bem aprofundado e a Prefeitura não tem nenhum estudo mais aprofundado, ela simplesmente leva o que a ATP passa para ela como sendo a verdade. A Lei federal diz que tem que funcionar no mínimo 7 horas, podendo estender as horas extras. Algumas empresas levam de 7 a 9 horas de trabalho e outras utilizam apenas 6 horas. O que isso faz? Aumenta o custo. O valor da tarifa está baseado no custo da passagem, no custo que é gerado. Isso significa que tu coroa a ineficiência, porque quanto mais ineficiente tu for, mais caro vai sair, e aí tu pode ganhar mais com isso. Nós vamos mudar isso, vamos revisar os contratos com as empresas. Se fala que não tem subsídio para os ônibus, mas entra ano e sai ano e sempre tem algum tipo de subsídio. Esse ano foi 40 milhões pela Prefeitura diante da pandemia, ano passado foi a Greve dos Caminhoneiros, no outro foi a crise do diesel, enfim, entra ano sai ano e sempre tem um problema, o subsídio acontece, e a passagem continua cara.

Acreditamos fortemente que podemos diminuir 30 centavos da passagem só numa ação, que é a flexibilização de frota, a apropriabilidade de frota. Hoje, as empresas só podem utilizar ônibus, então, tem linhas circulares que poderiam ocorrer pela cidades e investir em locais que, por exemplo, não chegam os ônibus, como Morro da Cruz, Morro da Polícia, extremo sul. Poderia haver circulares nessas regiões e ter essa circulação de linhas com mais horários, podendo passar e conseguir diluir a circulação das pessoas. Só nessa iniciativa podemos baratear a passagem em 30 centavos. Acreditamos que a passagem é o que tem deixado as pessoas distantes dos ônibus.

Para distâncias menores, muita gente tem utilizado os aplicativos, e pretendemos, como projeto piloto, fazer o cálculo da tarifa ser por trecho andado, com um teto máximo. Então, por exemplo, ter como teto máximo a passagem no valor de 4 reais, e, se a pessoa andar até tal bairro, que é mais próximo, ela paga o mínimo da passagem. Isso faria com que tivéssemos mais chegando para esse modal.

Além disso, pretendemos trabalhar com aplicativos para os táxis, parecido com o que existe no Rio de Janeiro e em São Paulo. Isso também poderia até limitar a circulação de carros da própria Prefeitura com a utilização do aplicativo. Também pretendemos ter um cartão, como o TRI, que pudesse ser utilizado em diferentes modais, com integração em bicicletas, ônibus e táxis. Então, por exemplo, um dia tu pretende ir para o trabalho de bicicleta, mas aí acaba chovendo e tu quer usar o táxi, tu pode usar esse cartão em vários modais. Acreditamos que ele pode ajudar bastante as pessoas e a mobilidade da cidade.

Sul21: O atual governo é conhecido pelas constantes desavenças com o funcionalismo público e sindicatos que os representam. Como o senhor pretende lidar com as categorias que integram o funcionalismo municipal?

João Derly: Com respeito e diálogo. Acho que isso é uma premissa nossa. Se coloca a culpa no servidor, mas é a administração que gere o servidor. As administrações apostam nas políticas erradas e culpam o serviço, como se o gestor das políticas públicas fosse simplesmente o funcionalismo público. Vamos ter que dialogar bastante e criar um pacto com o funcionalismo, para que possamos não prometer coisas que não tem como serem cumpridas. Tem que ser pactuado e tu tens que trazer alternativas e plano de carreira para aqueles que não possuem. Como tu vai buscar o aperfeiçoamento, uma melhora na qualidade, um mestrado, cursos técnicos, se tu não tens estímulo nenhum em sua carreira? Então, é importante dar o estímulo ao servidor e não vir simplesmente com a desculpa de ‘vocês tem segurança, tem garantias’. São vidas que apostaram e entraram, na maioria dos concursos, com uma regra, e não se pode mudar a regra no meio do caminho. Agora, se tu quer mudar a regra para a frente, isso tem que estar claro nos próprios concursos e as pessoas, quando entrarem, estarão aceitando já esse desafio, sabendo como será o seu futuro. Podem esperar de mim e do delegado Fernando o diálogo. Vamos tratar [os servidores] com muito respeito, diálogo e sentando pra conversar, mas não serão monólogos, simplesmente sentar para bonito, nós vamos dialogar mesmo, mostrando o que dá, o que pode, o quanto nós podemos ir e o que podemos fazer de ações e compactuar com nossos servidores uma ação para Porto Alegre.

O esporte é fundamental para que possamos desenvolver nossas crianças e nossos jovens com oportunidades, com mudanças de panoramas, de vida, e com os valores que o esporte acaba nos dando de perseverança, de respeito, de regras.

Sul21: Uma das suas principais propostas é tornar Porto Alegre a capital nacional do esporte. Como você pretende colocar em prática esse projeto?

João Derly: Isso é o grande sonho que eu tenho, porque eu sei o papel, a força e o poder que o esporte tem na ascensão social, na quebra daquele ciclo vicioso de derrotas. O esporte é fundamental para que possamos desenvolver nossas crianças e nossos jovens com oportunidades, com mudanças de panoramas, de vida, e com os valores que o esporte acaba nos dando de perseverança, de respeito, de regras. Eu lembro que, quando eu era atleta, em São Caetano foi criado um número enorme de espaços esportivos, em parceria com a prefeitura, para a administração, trabalhando fortemente com o contraturno e oportunizando as diferentes modalidades esportivas sendo praticadas dentro da cidade. Então, é muito importante fazermos parcerias dentro da nossa cidade, porque nós temos os clubes sociais esportivos, academias, escolas de dança, escolas de samba, uma infinidade de atores dentro da cidade que podem fazer uma parceria com a Prefeitura. Temos a limitação de espaço físico das escolas, mas já tem esses espaços. Inclusive, até as próprias praças, os campos de futebol e os centros comunitários podem fazer esse papel do contraturno, fortalecer os nossos jovens com a prática esportiva, e aí nos tornarmos uma capital nacional do esporte. O esporte não está reduzido só à competição, mas sim à prática esportiva, ao desenvolvimento motor e aos valores de sociedade que é ganho através da prática esportiva.

Sul21: Outra das suas propostas é a Porto Alegre Zero Resíduos. Atualmente, os catadores e catadoras de materiais recicláveis conveniados à Prefeitura denunciam a falta de repasses e o sucateamento dos seus espaços de trabalho. No caso dos carrinheiros, os catadores enfrentam a possível proibição da profissão por conta do projeto de lei apelidado de Lei das Carroças. Junto disso, a população ainda descarta materiais recicláveis ou orgânicos nos locais errados. Como você pretende atuar na política de resíduos da Capital diante deste cenário?

João Derly: Hoje Porto Alegre produz em torno de uma tonelada e meia de resíduos que vai para o transbordo na Lomba do Pinheiro, depois é encaminhado até Minas do Leão. Não temos hoje um local para descarte da construção civil, isso é importante, e pretendemos, nem que seja por meio de parceria público privada, conseguir fazer com que possamos criar uma usina de reciclagem para os resíduos da construção civil. Pretendemos trabalhar com a Porto Alegre Resíduo Zero, mas é claro que não vamos fazer isso da noite para o dia, mas tem que ter o início. Acreditamos que podemos, diante de todo o ciclo de reciclagem, fortalecer os catadores e fazer com que esse meio se transforme em renda para as pessoas.

A Prefeitura hoje gasta 240 milhões em 4 anos, em torno de 50 e tantos milhões por ano para poder levar o lixo até o transbordo e depois até Minas do Leão, sendo que o lixo é a coisa certa indo para o lugar errado, porque ele poderia se transformar em renda para as pessoas. Isso é algo que queremos aperfeiçoar, principalmente, levando em consideração o elo mais fraco que são os catadores, que é para quem tem sobrado praticamente a pior parte. Queremos fazer com que eles possam, nesse ciclo da reciclagem, também serem beneficiados; queremos melhorar os espaços de coleta e de triagem da nossa reciclagem. Acreditamos que iremos, com isso, diminuir absurdamente o número de lixo que vai ser enviado até Minas do Leão e iremos tentando reduzir ao máximo e, se possível, chegar a zero produção de resíduo.

Também queremos trabalhar com um projeto parecido com o que tem em Curitiba, em Ponta Grossa, que é a troca de resíduos por alimentos. Lá, em torno de 4 kg de resíduos, você troca por 1 kg de alimentos. Podemos fazer parcerias com o banco de alimentos, com mercados, para que possamos estimular as pessoas a fazerem suas triagens e essa troca, assim como também qualificar um pouco sua alimentação, tendo a oportunidade de trocar resíduos por alimentos. Sabemos que o lixo nas grandes metrópoles é um problema grave que temos que enfrentar de frente, temos que enfrentar porque não existe planeta B. Temos que pensar no planeta desde agora e pensar em ações concretas para, ao invés de manter nossos resíduos como gastos para a Prefeitura, tornar eles benéficos para a Prefeitura e para as pessoas que fazem parte do ciclo da reciclagem.

Se o estado é laico, também tem que ter oportunidade para todos. Acredito que cada um tenha a oportunidade de poder estar nos pleitos ou nos espaços de poder, mas trabalhando para a sociedade e não simplesmente trabalhando para um feudo ou para alguma coisa vinculada à religião.

Sul21: O seu partido, Republicanos, é conhecido pelos vínculos com a Igreja Universal. Como o senhor enxerga essa relação entre política e religião?

João Derly: Eu entendo que se o estado é laico, ele não tem que intervir na religião e a religião não tem que intervir no estado. Muitas vezes, é linkado pela Igreja Universal porque tem muitas pessoas que estão, que participam dos pleitos e que acabam ocupando espaços de poder, mas isso é tentar tirar a oportunidade de uma parcela da sociedade que já presta um trabalho, seja social, psicológico ou espiritual para as pessoas; é tentar linkar aqueles que buscam melhorias e políticas sociais por possuírem um tipo de religião, e que, muitas vezes, as pessoas não fazem esse link com outras religiões. Então, eu entendo que se o estado é laico, também tem que ter oportunidade para todos, seja para aquele que é ateu, que é espírita, que é evangélico, que é umbandista, que é católico. Acredito que cada um tenha a oportunidade de poder estar nos pleitos ou nos espaços de poder, mas trabalhando para a sociedade e não simplesmente trabalhando para um feudo ou para alguma coisa vinculada à religião. Então, não vejo problema nenhum ter pessoas linkadas à Igreja Universal ou a qualquer outro tipo de religião dentro do partido, até porque os partidos aglomeram pessoas das mais diferentes matizes, no sentido religioso.

 

 


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