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25 de janeiro de 2017
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18:15

Rodoviários rejeitam proposta para parcelar dissídio em reunião com empresas de ônibus

Por
Luís Gomes
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Rodoviários rejeitam proposta para parcelar dissídio em reunião com empresas de ônibus
Rodoviários rejeitam proposta para parcelar dissídio em reunião com empresas de ônibus
Reajuste do dissídio é um dos principais fatores a ser levado em conta em cálculos de aumento da tarifa | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Nesta terça-feira (25), representantes do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre (Stetpoa) e do Sindicato das Empresas de Ônibus (Seopa) participaram da segunda rodada de negociações sobre o dissídio dos motoristas e cobradores da Capital, cuja data-base é 1º de fevereiro, mas não chegaram a um acordo. Os rodoviários querem um reajuste da inflação dos últimos 12 meses, medida pelo INPC e a ser fechada em 31 de janeiro, mais 3,5% de ganho real, além do aumento do vale alimentação para R$ 29. Por outro lado, o Seopa oferece o reajuste da inflação parcelado em duas vezes, metade em fevereiro e a outra metade a ser complementada no mês de julho.

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De acordo com Sandro Abade, vice-presidente do Stetpoa, a categoria não aceita a proposta feita pelas empresas e sequer a considera como uma posição oficial a ser levada para análise em assembleia. “Isso é uma afronta à categoria. O sindicato não trata isso como uma proposta e rejeita qualquer tipo de oferta nesse sentido. Isso não é proposta para ser levada ao trabalhador”, disse. Por outro lado, ele pondera que ainda não há nenhuma discussão sobre movimentação e que a categoria lidará com a questão “com tranquilidade e maturidade” para fechar a negociação até o dia 1º de fevereiro.

Advogado do Seopa, Alceu Machado afirma que a proposta está “no limite” do que as empresas podem oferecer. Segundo ele, foi apresentado aos rodoviários um quadro geral da situação das empresas de queda no número de passageiros. “O fato é que cada vez as empresas transportam menos passageiros. É um fato que os rodoviários mesmo reconhecem. Do ponto de vista deles, não é problema deles, mas para quem gerencia é o maior problema”, disse.

Apesar de Abade frisar que não há nenhuma chance de os trabalhadores aceitarem negociar conquistas passadas, Machado afirmou que as empresas também tentam negociar questões como a participação no plano de saúde, com o pagamento de parte das consultas. “O plano de saúde é difícil manter”, afirmou.

De acordo com o Seopa, houve uma queda de 10,58% no número de passageiros transportados de fato em 2016 com relação ao montante previsto no edital de licitação do novo sistema de transporte público, que entrou em vigor em fevereiro do ano passado. Machado cita como exemplo da crise pela qual as empresas passariam o fato de que a Prefeitura repassou, na semana passada, R$ 9 milhões para a Carris. “Por que colocou R$ 9 milhões? Porque o sistema é deficitário”, disse.

Em geral, o salário dos rodoviários compõe 50% do preço tarifa dos ônibus da Capital e é um dos principais fatores a ser levado em conta no reajuste da tarifa. De acordo com Machado, ainda não há nenhuma sinalização do poder público às empresas sobre a tarifa, que tradicionalmente é reajustada em fevereiro, após a conclusão das negociações do dissídio.


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