Agenda Clandestina
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5 de junho de 2020
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19:19

Agenda Clandestina: (Re)conheça artistas negros

Por
Sul 21
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Revista Clandestina

A sexta-feira chega anunciando mais uma Agenda Clandestina aqui no Sul21. Essa semana está difícil. Na noite desta quinta-feira, 03, o Ministério da Saúde divulgou um novo recorde no número de mortos por covid-19 no Brasil, nos colocando no terceiro lugar do mundo em total de óbitos. Nas últimas 24h, a doença somou mais 1.473 mortos. Isso significa uma morte por minuto.

Mais do que nunca precisamos reforçar, se puder, fique em casa. Se não puder, atente-se às recomendações: lave as mãos por cerca de 20s com água e sabão em abundância; evite aglomerações; tenha um frasco de álcool gel consigo e sempre, sempre, use máscaras. 

Além disso, outra realidade dolorosa, pessoas negras seguem morrendo com aval do estado. O racismo estrutural e descarado está sendo denunciado ao berros em protestos antifascistas ao redor do mundo. 

Pensando em somar esforços para a luta antirracista, desta vez convidamos o jornalista e curador da Clandestina Édy Dutra para indicar artistas e obras que tratam da temática negra. Tem filme, livro, série e até peça de teatro.

Confira a mostra elaborada por Édy abaixo:

Livros

‘Na Minha Pele’, de Lázaro Ramos

Compartilhando experiências e reflexões pessoais, o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos convida o leitor a vestir outra pele, num relato sobre tomada de consciência, respeito à diferença e atitude. Movido pelo desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista como um valor positivo, e não uma ameaça, Lázaro Ramos divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação. Não se pode abraçar a diferença pela diferença, mas lutar pela sua aceitação num mundo ainda tão cheio de preconceitos. Um livro sincero e revelador, que propõe uma mudança de conduta e nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro.

‘O Pequeno Príncipe Preto’, de Rodrigo França (ficção infantil)

Em um minúsculo planeta, vive o Pequeno Príncipe Preto. Além dele, existe apenas uma árvore Baobá, sua única companheira. Quando chegam as ventanias, o menino viaja por diferentes planetas, espalhando o amor e a empatia. O texto é originalmente uma peça infantil que já rodou o país inteiro. Agora, Rodrigo França traz essa delicada história no formato de conto, presenteando o jovem leitor com uma narrativa que fala da importância de valorizarmos quem somos e de onde viemos – além de nos mostrar a força de termos laços de carinho e afeto. Afinal, como diz o Pequeno Príncipe Preto, juntos e juntas todos ganhamos.

Foto: Divulgação

Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro

Dez lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo. Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em dez capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito. Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.

Foto: Marlos-Bakker/Divulgação

Jogo da Velha, Duplo Fio e Xeque-Mate, trilogia de Malorie Blackman (ficção)

Um Romeu e Julieta em preto e branco, Jogo da velha, de Malorie Blackman, é um thriller chocante, que revelou a autora como uma das grandes revelações da literatura britânica. Negro vira branco, branco se torna negro, e somente um fato é certo: supor qualquer coisa pode ser fatal. Em uma Inglaterra alternativa, a sociedade é dividida entre zeros, os brancos, e Cruzes, os negros. Aos zeros só é permitido estudar até um certo nível, eles precisam morar em lugares mais afastados e violentos, quase não alcançam representatividade política e quase nunca conseguem se tornar bem-sucedidos. Os Cruzes, por outro lado, são a classe dominante: mais rica, importante e privilegiada.

Edvaldo Bala Valério – A Braçada da Esperança, de Raphael Carneiro (biografia)

Edvaldo Valério Silva Filho fez história ao se tornar o primeiro nadador negro brasileiro a ganhar uma medalha olímpica. O atleta teve uma carreira baseada na superação. De família humilde, precisava de ajuda dos companheiros de clube para se manter no esporte. Sofreu preconceito pela cor da pele e contrariou todas as análises fisiológicas de que o corpo do negro não é apto para a natação de velocidade. Conhecido como Valério Bala, o baiano foi o responsável por fechar o revezamento 4x100m do Brasil nas Olimpíadas de Sydney. Mesmo ao lado de atletas como Xuxa e Gustavo Borges, foi ele quem garantiu o bronze, ao cair na piscina com o Brasil na quinta colocação e encerrar a prova no terceiro lugar.

Foto: Divulgação

Filmes e séries

Olhos que Condenam, de Ava Duvernay (Netflix)

Uma das maiores injustiças já cometidas pelos Estados Unidos é o tema desta minissérie da Netflix, “Olhos Que Condenam”. Dirigida por Ava DuVernay, a série conta a história de quatro adolescentes negros e um latino, que foram presos e condenados injustamente por estuprarem e agredirem em 1989 uma mulher no Central Park, em Nova York, nos Estados Unidos.

Foto: Divulgação

Cara Gente Branca, de Justin Simien (Netflix)

A série acompanha um grupo de estudantes negros de uma importante universidade dos Estados Unidos, pertencente à Ivy League, cuja maioria dos alunos é branca. Dear White People retrata como esses personagens lidam com o racismo no campus da universidade. Depois de uma festa de Halloween, com a temática blackface, organizada por um grupo de alunos brancos, várias tensões raciais se desenrolam no ambiente acadêmico. São 10 episódios, cada um focando um dos personagens centrais, incluindo Sam White (Logan Browning), a criadora do programa de rádio que dá nome ao seriado.

Moonlight: Sob a Luz do Luar, de Barry Jenkins

Black trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Encontrando amor em locais surpreendentes, ele sonha com um futuro maravilhoso.

Foto: Divulgação

Bróder, de Jeferson De

Três amigos de infância planejam se reencontrar por um dia, no aniversário de um deles, para reafirmar sua amizade e brigar por suas diferenças.

Mãos Talentosas: A História de Ben Carson, de Thomas Carter

O Dr. Ben Carson, neurocirurgião de fama mundial, tem origem humilde e protestante em Detroit. Ele torna-se diretor do Centro de Neurologia Pediátrica do Hospital Universitário Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, aos 33 anos.

Estrelas Além do Tempo, de Theodore Melfi

No auge da corrida espacial travada entre Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria, uma equipe de cientistas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas, provou ser o elemento crucial que faltava na equação para a vitória dos Estados Unidos, liderando uma das maiores operações tecnológicas registradas na história americana e se tornando verdadeiras heroínas da nação.

Teatro

A Cor Púrpura, o musical, dirigido por Tadeu Aguiar

Versão brasileira do espetáculo da Broadway. A história é universal: fala do ser humano, em especial das mulheres. É imediata a identificação com o momento do País, onde há tantas histórias de opressão às mulheres. A Cor Púrpura é um grande grito de liberdade”, explica Tadeu Aguiar.

O Topo da Montanha, dirigido por Lázaro Ramos

O nome da peça faz alusão ao último discurso de Martin Luther King (I’ve Been to the Mountaintop) realizado em Memphis, na Igreja de Mason, no dia 3 de abril de 1968, um dia antes de seu assassinato, cometido na sacada do Hotel Lorraine. É exatamente neste cenário, do quarto 306 – e na sequência de suas derradeiras palavras públicas –, que Martin Luther King, interpretado por Lázaro Ramos, conhece Camae, encenada por Taís Araújo, a misteriosa e bela camareira em seu primeiro dia de trabalho no estabelecimento. Repleta de segredos, ela confronta o líder em clima de suspense e simultaneamente debochado. Deste modo, em perfeito jogo de provocações, faz o reverendo se lembrar que, como todos, é humano. Por meio do humor e da emoção, faz rir e pensar com retórica atual, seja para americanos ou brasileiros.

Música

Álbum AmarElo, Emicida (2019)

Tributo a Martin Luther King, com Wilson Simonal

Assumindo, com Leci Brandão


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