Estevão Finger (*)
Daqui a praticamente uma semana, estaremos diante de uma das eleições presidenciais mais complexas de nosso país. De um lado, um candidato que representará a continuidade destrutiva das políticas públicas do governo Temer (no caso da saúde, sucateamento do SAMU, da Farmácia Popular e da atenção básica, são exemplos); este é Bolsonaro. Por outro lado, um candidato que devolverá a esperança de um futuro melhor ao Brasil; este é Haddad. É a barbárie – representado por Bolsonaro versus a democracia – representada por Haddad.
Após o golpe de 2016 (onde uma presidenta eleita democraticamente pelo povo – Dilma Rousseff – foi injustamente impedida de continuar governando o país), o Brasil entrou em uma escalada de retrocessos jamais visto nas últimas décadas. A nefasta reforma trabalhista, a tentativa da reforma da previdência e o congelamento de recursos para políticas públicas – por 20 anos – são grandes exemplos negativos. Nesse artigo, a ideia é explorar os programas da saúde dos candidatos as Presidência da República, baseado nos programas de governo.
A proposta do candidato Bolsonaro é superficial e tenta simplificar a complexidade da saúde de nosso país. A começar, é necessário chamar atenção para o fato de que o candidato votou a favor do congelamento de recursos para a saúde por 20 (vinte) anos, enquanto deputado federal. Então, esse candidato não valoriza essa importante política pública. O Prontuário Eletrônico Nacional Interligado, e a informatização dos serviços como um todo, proposta do Bolsonaro, necessita de financiamento específico. No que tange o Programa Mais Médicos, fundamental à população, não há nenhuma garantia de sua continuidade. Porém, o mais grave, é que o candidato afirma que pode “fazer mais” com o mesmo recurso – que por sinal ele ajudou a congelar.
É uma contradição, uma falácia enorme, má-fé e um engodo para a população. Comparando, é como se o cidadão quisesse reformar sua casa, mas sem o dinheiro necessário para isso, enganando a si mesmo. Porém, no caso do presidenciável, ele engana a população. Sabe-se que sem recurso não existe investimento e melhoria de absolutamente nada. Além disso, o candidato afirmou que pretende privatizar estatais, logo o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), um dos maiores hospitais públicos do país, corre sério risco.
As propostas de Haddad, por outro lado, dialogam com aquilo que o Brasil necessita para voltar a ser feliz. Ressalta a importância de aumentar imediata e progressivamente o financiamento da saúde (meta de 6% em relação ao PIB); valorização dos trabalhadores da saúde (políticas de saúde do trabalhador); investimento no complexo econômico-industrial da saúde, fomentando a produção de ciência e tecnologia e incrementando o mercado interno; articulação federativa entre municípios, Estados e União; diálogo permanente com a sociedade civil sobre o direito à saúde, fortalecendo os conselhos e conferências de saúde. Ainda, consolidação e aprimoramento da Atenção Básica, para tornar mais resolutiva e a criação das Clínicas de Especialidades Médicas, um dos grandes desafios do SUS. Por fim, chama atenção o compromisso com a população de mulheres, negra, LGBTI+, juventude, pessoas com deficiência, entre outras.
Nesse sentido, a população brasileira precisará decidir qual o futuro da saúde em nosso país. Será o futuro de mais pessoas chegando às emergências, baleadas pela liberação do porte de armas que o Bolsonaro propõe, juntamente com o fim do SUS pelo seu desfinanciamento e desmantelamento? Ou será um SUS de todas e todos, com investimento e propostas concretas e factíveis de serem realizadas e executadas, como propõe o Haddad? Fiquemos, indubitavelmente, com Haddad e Manuela, para resgatar nossa democracia, ampliar a saúde para a população brasileira e o povo voltar a ser feliz de novo!
Fonte das informações: plano de governo dos candidatos à presidência.
(*) Enfermeiro – militante do SUS e do Partido dos Trabalhadores (PT).
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