Por Ricardo Silvestrin
Salvador Dalí era monarquista.
Mas não na política concreta.
Se dizia um monarquista metafísico,
um artista, um esteta.
De política, nada entendia.
Para Jorge Luís Borges,
a democracia
é uma crença demasiada
na estatística,
pois supõe que a maioria
por ser maioria
esteja certa.
Harold Bloom tem certeza
de que Shakespeare é melhor lido
do que encenado.
E numa entrevista
disse que mesmo que ninguém concorde
com seu ponto de vista
não crê estar errado.
Maiakovski,
um poeta politizado,
no meio da revolução,
falou que para o júbilo
o mundo ainda não estava maduro.
Era preciso emprestar alegria
ao futuro.
Já os Titãs,
num outro futuro que passou agora mesmo,
também queriam mais da vida:
“A gente não quer só comida,
quer comida, diversão e arte.”
Gil, o Gilberto, quando ministro,
falou que o povo sabe o que quer,
mas também quer o que não sabe.
E Gil, o Gil Vicente,
lá no início da idade moderna,
não se ilude,
fez uma peça com dois personagens:
Todo Mundo e Ninguém.
“Busca o poder Todo Mundo
e Ninguém busca a virtude.”
Para Sêneca, o filósofo romano,
era melhor viver bem do que apenas viver,
defendendo o direito ao suicídio.
Foi condenado ao suicídio por Nero,
de quem era conselheiro.
E Millôr, o maior pensador brasileiro:
“Liderar não é nada duro.
As perguntas são todas no presente.
As respostas, todas no futuro.”
Antes de chamar o artista,
é sempre bom lembrar,
como disse o Velho Guerreiro,
“Eu vim para confundir,
não para explicar!”.