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9 de julho de 2012
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19:56

Com o apoio do governo, setor moveleiro resiste à crise

Por
Sul 21
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Da Redação

Congresso da Movergs reuniu empresários do setor moveleiro no Rio Grande do Sul | Foto: Movergs

Com o apoio de medidas de incentivo e isenção tributária do governo federal, o setor moveleiro no Brasil e no Rio Grande do Sul tem conseguido se manter relativamente imune à crise econômica e financeira que assola a Europa e traz consequências negativas para diversos mercados ao redor do mundo. O setor, que representa 26,7% das exportações nacionais e 17% do faturamento da produção no país, é contemplado com redução de IPI e medidas que dão mais seguranças ao empresário.

No Rio Grande do Sul, o setor está ainda mais seguro. Na semana passada, as principais empresas do ramo se reuniram no congresso da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs). A indústria moveleira no estado, que possui 2,7 mil empreendimentos e emprega 39 mil trabalhadores, representa mais de 18% da produção nacional. Ao todo são cerca de 14 mil empresas no país.

No estado, os moveleiros são formados majoritariamente por médias empresas, cerca de 42% do total, que faturam até R$ 600 mil por mês. Apenas 10% faturam acima de R$ 5 milhões mensais.

O presidente da Movergs, Ivo Cansan, conta que as turbulências na economia mundial assustam, mas garante que a ação do Palácio do Planalto tranquiliza o mercado e o setor. “A crise internacional tem prejudicado. Se não tivéssemos uma taxa de câmbio favorável nos últimos meses e incentivos do governo, a queda obviamente teria sido muito grande nas exportações”, observa.

No dia 29 de junho, o governo federal anunciou a prorrogação da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis até o dia 30 de setembro. A medida já estava em vigor desde 26 de março e durante esse período, a Movergs estima que a indústria tenha crescido aproximadamente 10% em relação ao ano passado.

Cansan cita outras medidas que afastam a crise do setor, como o desconto previdenciário dos funcionários, que poderá ser feito sobre o faturamento total da empresa, não sobre a folha de pagamento. “Em vez de pagr 20% sobre a folha, passaremos a descontar 1% do faturamento”, comemora. Ele também elogia a concessão de crédito subsidiado pelo BNDES e o adiantamento de créditos sobre as exportações.

O presidente da Movergs considera que programas como Minha Casa, Minha Vida também colaboraram para o crescimento do setor e para o acesso a outros públicos. “A grande maioria dos polos nacionais trabalha com a classe C. No Rio Grande do Sul, trabalhamos muito fortemente com as classes A e B, que investem mais e sentem menos os efeitos da crise. Mas agora a classe C também está vindo”, explica.

Barreiras argentinas e infraestrutura ainda são entraves

Ivo Cansan elogia apoio do governo, mas cobra melhores condições de infraestrutura | Foto: Movergs

Apesar de o setor moveleiro ter ficado relativamente alheio à crise internacional, outros fatores travam o crescimento no Rio Grande do Sul. O principal deles são as barreiras comerciais da Agentina, que se encerraram no dia 29 de junho, quando o país vizinho acertou uma “trégua” com o governo brasileiro. Mas no período em que as barreiras impediam o comércio, a Argentina caiu de 4º parceiro do setor gaúcho para 12º.

Além disso, Ivo Cansan diz que a deficiência na infraestrutura prejudica os produtores gaúchos. “O custo do Rio Grande do Sul é altíssimo. Defendemos que possamos ter plantas produtivas de matéria-prima e insumos ao lado das nossas indústrias”, cobra.

Pequenos produtores reivindicam redução de ICMS

Os pequenos e médios empresários do setor moveleiro gaúcho reivindicam a redução da alíquota de ICMS sobre os produtos no Estado – que vai de 6,9% a 17%. O presidente da Associação Garibaldense de Indústrias de Móveis e Afins (Agamóveis), Rogênio de Souza, reclama da carga tributária que recai sobre o ramo. “Temos que pagar para comprar matéria-prima e para vender os produtos”, lamenta.

Apesar da reclamação, ele conta que o setor de móveis planejados está economicamente estável, já que os consumidores costumam comprar os produtos somente quando estão realmente dispostos a pagar – além do fato de esse ramo não ser dependente da exportação. “O mercado sobre baixas, mas nossa relação é direta com o cliente. Nosso consumidor final só faz o móvel sob medida quando tem dinheiro em mãos”, compara Souza.


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