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18 de fevereiro de 2011
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18:22

BNDES aposta alto no potencial de crescimento econômico do Rio Grande do Sul

Por
Sul 21
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Coutinho e Tarso / Ramiro Furquim/Sul21

Rui Felten

A taxa de câmbio é madrasta para mercados exportadores, como o do Rio Grande do Sul, mas as dificuldades enfrentadas agora, por causa da excessiva valorização do real em relação ao dólar, serão transitórias. Foi esta a projeção feita pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, na manhã desta sexta-feira (18), em palestra na PUCRS, em Porto Alegre, sobre o novo ciclo de desenvolvimento brasileiro. Na presença do governador Tarso Genro, de membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e de representantes do governo do Estado, ele disse que o BNDES deve investir, neste ano, R$ 11,2 bilhões no Rio Grande do Sul — no ano passado, foram R$ 10,1 bilhões. “Poucos estados têm uma estrutura industrial tão completa e tão diversificada”, destacou.

Esta diversidade, na visão de Coutinho, é que dá ao Estado condições de responder bem às expectativas de desenvolvimento brasileiro e aos impactos da crise econômica que ataca o mundo todo. Citou como exemplos de fortalezas industriais gaúchas os setores metalmecânico, calçadista, moveleiro, vitivinícola e também siderurgia. Apostar no avanço econômico é, para ele, “o caminho indeclinável para fazer o país crescer”. Sobre os efeitos negativos acarretados pelo câmbio, enfatizou que o governo federal tem sabido lidar com a flexibilidade da moeda, com medidas graduais para evitar a apreciação muito elevada do real.

Até setembro, deve ser liberada a primeira parcela de um empréstimo que o governo gaúcho está buscando junto ao BNDES, no total de R$ 1,3 bilhão. Parte dos recursos vão ser aplicados na recapitalização da CaixaRS. O dinheiro beneficiará também projetos de saneamento básico e o setor produtivo. Para o governador Tarso Genro, está definido que o Banco financiará todo o plano de desenvolvimento do Estado, e não apenas algumas obras.

Luciano Coutinho / Ramiro Furquim/Sul21

Trunfos econômicos

O Brasil terá de crescer 5% ao ano, afirmou Coutinho, observando que “isso equivale a 7,5% lá do passado”, se for levado em conta o aumento populacional das últimas décadas. O que está viabilizando a expansão da economia nacional, de acordo com o presidente do BNDES, é o mercado interno, puxado pelo consumo básico das famílias, pela construção de habitações e a aquisição de bens duráveis. Petróleo, gás, energia elétrica, logística, oferta de habitação e agronegócio são, segundo ele, os grandes trunfos que vão patrocinar a aceleração econômica daqui para a frente. E no caso do petróleo, a perspectiva ganha peso com a exploração da camada de pré-sal brasileira. “Um dos nossos desafios será tirar proveito para que tenhamos, no país, também uma grande cadeia fornecedora da indústria de petróleo”, frisou. Saneamento e logística crescerão “a taxas expressivas”, conforme as previsões apresentadas.

Luciano Coutinho disse que o mercado interno está se fortalecendo a olhos vistos como resultado da queda do desemprego, que alcançou o índice mais baixo no final de 2010: “É uma situação inédita. Estamos nos aproximando do pleno emprego”. Mais empregos e mais renda estariam levando a uma migração maior das classes D e E para a classe C — o que, de acordo com o presidente do BNDES, vem se dando sem prejuízos às classes A e B. “É uma mobilidade ascendente, que representa esperança ao país”, completou.

Gestão e equipamentos

Sustentar a continuidade desse processo de redução das desigualdades sociais é outro desafio apontado por Coutinho. Da mesma forma — disse ele — terão de ser mantidos os ganhos permanentes em produtividade, porque é isso que permite distribuir renda entre o capital e o trabalho e assegurar empregos. E para tanto, segundo Coutinho, é necessário não apenas capacidade de gestão, mas também investir em equipamentos e em tecnologia da informação. “As políticas têm de ser certeiras nesse foco”, afirmou, acrescentando que tudo isso deve acontecer com a garantia, também, de sustentabilidade ambiental e social.

No que diz respeito à inflação, comparativamente a 2009, Coutinho demonstrou que ela foi maior em 2010, com uma decomposição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,9%, — mesmo percentual de 2008 e próximo ao de 2005, que foi de 5,7%. No ano passado, o índice ficou em 4,3%. O menor, de 2005 para cá, foi o de 2006, que fechou em 3,1%. Em 2007, houve elevação para 4,5%. Mas o presidente do BNDES ressalvou que a inflação será mantida sob controle. “Não será necessário, nem seria inteligente, produzir recessão”, salientou. Será necessário, no entanto — reconheceu ele –, frear o consumo e evitar o endividamento das famílias.

Ramiro Furquim/Sul21

Parceria fundamental

O governador Tarso Genro comemorou a projeção de safra recorde no Rio Grande do Sul — deverão ser colhidos 2,3% a mais de grãos neste ano — e disse que, pelo volume de empresas que estão querendo investir no Estado, a parceria do BNDES é muito importante. “Saberemos corresponder a essa confiança”, afirmou. Já o secretário do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Marcelo Daneris, destacou que está se iniciando, no Rio Grande do Sul, um novo ciclo de desenvolvimento, que será marcado por inclusão social e diálogo: “O Estado quer estar aberto para o mundo não só do ponto de vista econômico, mas também social, tendo o investimento nas pessoas como referência. E contar com o BNDES é fundamental”.


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