Da Redação
A conta do Cpers no Twitter divulgou na tarde deste sábado (14) uma série de cálculos que apontam que o novo plano de carreira deverá apenas acompanhar o crescimento médio do piso nacional do magistério e que, considerando os valores que serão poupados pela reforma administrativa proposta pelo governador Eduardo Leite (PSDB), não significará nenhum dinheiro novo investido na educação. Pelo contrário, significará uma redução dos investidos ao que ocorreria caso o plano de carreira atual não fosse mudado.
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Pela proposta apresentada nesta semana por Leite, o Estado deve conceder um reajuste de 19,8% aos professores estaduais em três anos. No entanto, a sequência de postagens do Cpers aponta que esse percentual é praticamente o mesmo crescimento do piso nacional nos últimos três anos, 7,64% (2017), 6,81% (2018), e 4,17% (2019). Caso o plano de carreira continue como está hoje, o governo teria que continuar acompanhando o pagamento do piso para quem ganha abaixo desse valor como forma de completivo.
A diferença do completivo para salário básico é que o primeiro não conta para o cálculo das vantagens adicionais na carreira. No entanto, como a proposta atual do governador transforma todas as vantagens em parcela autônoma, isto é, separada do salário, a diferença entre pagar o piso e o completivo será, na prática, pequena, ainda mais considerando que o pacote também pretende acabar com as vantagens temporais concedidas aos servidores estaduais, como triênios, e prevê que a parcela autônoma pode ser absorvida em caso de reajuste.
O governador diz que a nova proposta significará um aporte de R$ 530 milhões em educação nos próximos três anos. No entanto, o Cpers aponta que este valor é inferior ao que ele vai economizar acabando com o crescimento vegetativo da folha de pagamento do magistério, que tem variado entre 2,5% e 3% ao ano, o que representa cerca de R$ 218 milhões por ano ou R$ 654 milhões em três anos. Isso significa que, na prática, o governo seguirá reduzindo em cerca de R$ 120 milhões os investimentos em educação com a reforma administrativa.
O novo “aporte” no salário básico seria de R$ 530 milhões em 3 anos
É um valor INFERIOR ao crescimento vegetativo da folha da Educação, que varia entre 2,5 e 3% ao ano: + ou – R$ 218 milhões
Multiplicado por 3: R$ 654 milhões
MAS, o projeto acaba com o crescimento vegetativo pic.twitter.com/2aKUoGopfj
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
Portanto, o governador pretende confiscar, só aí, R$ 124 milhões (654 MENOS 530) do contracheque dos profes.
É o famoso crescimento de rabo de cavalo. Para baixo.
MAS COMO, se ele anuncia um aumento real de 19,8%?
Contabilidade criativa. Siga.
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
Esse é o reajuste do piso nacional, ano a ano, nos últimos três:
2017: 7,64%
2018: 6,81%
2019: 4,17%A gente, que é de humanas mas não é idiota, jogou aqui num rolê de juros compostos na calculadora e… EUREKA!
19,76%
QUE GRANDE COINCIDÊNCIA, HEIN GOVERNADOR pic.twitter.com/tcbFbCWjCI
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
Ou seja: 19,8% é provavelmente o que o governador JÁ PRECISARIA DAR PARA QUEM RECEBE O COMPLETIVO, SEM RETIRAR DIREITO ALGUM, COMO OS TRIÊNIOS
Hoje, metade da categoria recebe o completivo para chegar ao piso já que o básico está congelado HÁ CINCO ANOS. Mas e quem não recebe?
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
AÍ ESTÁ O PULO DO GATO. Este é o contracheque da presidente do CPERS, a @HelenirSchurer, com mais de 30 anos de magistério, em um dos seus vínculos de 20h, nível 5 e classe B no atual Plano de Carreira
Básico de R$ 1.282,25
Triênios: R$ 512,89
Total: R$ 1795,54— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
PRESTE MUITA ATENÇÃO: para dizer que paga o piso no salário básico de todo educador – como deveria ser por Lei -, Eduardo Leite vai pegar todos os triênios e jogar pra dentro do básico. O que sobrar, além do piso, será transformado em “parcela autônoma”.
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
Toda vez que houver um reajuste do básico, o aumento será descontado da tal parcela autônoma. Quem vai pagar o reajuste, portanto, é o próprio educador.
Voltando, então, à MATEMÁGICA (continue, falta pouco)
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
Proposta de Eduardo Leite para 2020, no contracheque da @HelenirSchurer
.
Básico de R$ 1650,89
Parcela autônoma: R$ 144,65
Total: R$ 1795,54A MESMA COISA, REAJUSTE ZERO
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
Proposta de Eduardo Leite para 2021, no contracheque da @HelenirSchurer
.
Básico de R$ 1753
Parcela autônoma: R$ 42,54
Total: R$ 1795,54A MESMA COISA, REAJUSTE ZERO
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
Proposta de Eduardo Leite para 2022, no contracheque da @HelenirSchurer
.
Básico de R$ 1861,95Reajuste de R$ 66,41
REPOSIÇÃO DE INCRÍVEIS TRÊS POR CENTO EM TRÊS ANOS
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
DETALHE: assim como a presidente, milhares de educadores(as) estão com o contracheque absolutamente congelado desde 2014. A inflação acumulada de lá pra cá, somada à projeção do Banco Central até 2022, é de 46,9%
ESSAS PESSOAS TERÃO PERDIDO METADE DO PODER DO COMPRA
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
Isso só com a inflação, pois se os triênios fossem mantidos, quem recebe acima do completivo teria ao menos este pequeno alívio, completando um novo ciclo de três anos em 2022 (superior aos 3% oferecidos pelo governador)
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
RESUMINDO, das duas uma:
Ou o governador não entendeu NADA do próprio projeto.
Ou está mentindo descaradamente, o que não seria novidade alguma. Basta ver este vídeo delicioso:https://t.co/fZu1UuXdtJ
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
Sem contar os funcionários(as) de escola, como merendeiras, secretárias e serventes, cuja existência o governador ignora e para quem não há qualquer proposta de “alívio”, só de massacrar direitos e vantagens temporais.
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019
A gente adoraria estar errado. Se for o caso, @EduardoLeite_, sinta-se desafiado a comprovar.
Sabemos que o Sr. não é muito chegado a um diálogo. Mas sempre é tempo de honrar o cargo.#éGUERRAéGREVE#Retira!
— CPERS/Sindicato (@Cpersoficial) December 14, 2019