Rachel Duarte
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou hoje (29) que é preciso compatibilizar o aumento da produção de alimentos no país com a preservação do meio ambiente. Segundo ele, o governo tem estimulado práticas de não agressão ao meio ambiente, mas é preciso “ter os pés no chão”.
“As pessoas que, às vezes, defendem a natureza têm uma boa intenção, mas não conhecem o processo produtivo rural, não são capazes de entender que é perfeitamente possível compatibilizar [produção e preservação]. Ninguém quer que haja erosão, assoreamento, ninguém deixa de proteger um manancial na sua propriedade. Quem mais preserva no Brasil é o produtor rural”, disse, ao comentar o novo Código Florestal brasileiro.
Durante entrevista a emissoras de rádio no programa Bom Dia, Rossi avaliou que a nova legislação não prejudicou em nada a preservação, apenas representou um “entendimento” de como o processo produtivo acontece no Brasil. “Produzir e preservar não são incompatíveis”, reforçou.
O ministro destacou ainda a importância de investimentos na chamada floresta plantada, uma vez que ela diminui a agressão em florestas naturais. Uma das áreas mais promissoras nesse setor, segundo ele, são as florestas de eucalipto que, com financiamentos específicos, despertam o interesse de empresários.
“Os ambientalistas têm todo o direito a ideias e opiniões, mas não podem parar o país”, disse. “Os ambientalistas que me desculpem, mas não podem fazer regras contra o povo, contra quem está levando o Estado para frente. Temos que ter cautela, normas. E elas serão respeitadas”, completou Rossi.
Contraponto
O Ministério Público do Rio Grande do Sul acompanhou o debate sobre o novo Código Florestal brasileiro junto às entidades ambientalistas do estado. Em entrevista ao Sul 21 em junho, o coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente, o promotor Júlio Alfredo de Almeida, disse que a mudança no Código Florestal visa atender interesses do agronegócio e não deveria seguir do modo como estava sendo proposta. “Ao longo dos anos já aconteceram inúmeras alterações na legislação. O tempo para recuperação de uma Área de Preservação Permanente é de 13 anos. Imagina se transformarmos de forma definitiva as áreas desmatadas em áreas agrícolas?”, argumentou diante de uma das propostas previstas na reforma.