Protestos em Moçambique deixam quatro mortos e dezenas de feridos

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Igor Natusch

A polícia de Moçambique confirmou a morte de quatro pessoas durante as manifestações ocorridas na capital do país, Maputo, quarta-feira (1º). As mortes ocorreram durante protestos contra os aumentos dos preços do pão, da energia elétrica e da água no país.

Segundo levantamento do jornal A Verdade, houve protestos em mais de 50 pontos da capital moçambicana. Relatos dão conta de que veículos tentaram furar os bloqueios e foram parados e incendiados pelos manifestantes. Três ônibus foram queimados e mais de 20 lojas foram saqueados.

Já no começo da manhã os manifestantes fechavam o trânsito em várias das principais vias da cidade. O transporte coletivo por vans (“chapa 100”) não circulou, o que forçou milhares de pessoas a fazer longas distâncias a pé para tentar chegar ao trabalho. Lojas e bancos não abriram, e as escolas mandaram as crianças de volta para casa, o que deixou as ruas da cidade praticamente desertas.

Choque com a polícia

Houve choque com a polícia em muitos dos bloqueios feitos nas avenidas da capital. Mesmo com a presença de muitas crianças, a polícia tentou reprimir os protestos com bombas de gás lacrimogênio e tiros para o alto. Segunda a Polícia Militar de Moçambique (PMR), 142 pessoas foram presas e 27 ficaram feridas durante os protestos. Em oposição a esses números, a Cruz Vermelha afirma que pelo menos 46 pessoas deram entrada com ferimentos somente no Hospital Central de Maputo. Entre elas, estão dois policiais.

O presidente de Moçambique, Armando Guebuza, fez um pronunciamento na televisão no início da noite, lamentando as mortes e as depredações. “Nossos compatriotas que são usados nesta agitação estão a contribuir para trazer luto e agravar as condições de vida dos nossos concidadãos”, afirmou Guezuba.

Segundo o porta-voz da PRM, Pedro Cossa, a polícia agiu com a firmeza que o momento exigia. Além disso, garantiu que somente balas de borracha foram usadas na repressão aos protestos. Porém, várias pessoas deram entrada nos hospitais com ferimentos que, segundo elas, foram provocados por disparos da polícia. A Organização dos Trabalhadores de Moçambique (OTM) descartou qualquer envolvimento na organização dos protestos.

Desde domingo, mensagens anônimas enviadas por telefones celulares convocavam os moçambicanos para as paralisações. “Prepara-te para a greve geral”, diz o texto, que reclama do “preço do pão, da água e da luz”. O salário mínimo moçambicano equivale a cerca de R$ 120, o que leva um grande número de jovens à informalidade.

A Embaixada do Brasil em Maputo suspendeu o expediente e recomendou aos brasileiros residentes em Maputo que evitassem deslocamentos pela cidade. Até o momento, não há informações de brasileiros feridos durante as manifestações.

Com informações da Agência Brasil


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