Na Espanha, Dilma critica modelo de austeridade fiscal proposto pela União Europeia

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Na Espanha, Dilma critica modelo de austeridade fiscal proposto pela União Europeia
Na Espanha, Dilma critica modelo de austeridade fiscal proposto pela União Europeia

Da Agência Brasil

Dilma defendeu estímulo ao crescimento para combater a crise econômica mundial. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Em seu discurso na sessão de abertura da 22ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Conferência Ibero-Americana, que ocorre em Cádiz, na Espanha, a presidenta Dilma Rousseff voltou a defender o modelo brasileiro de investimento público e abertura de mercados como antídoto contra a crise econômica mundial.

Portugal e Espanha estão entre os países da Europa que mais têm sofrido com os efeitos da crise no continente. A presidenta criticou o modelo de austeridade fiscal proposto por alguns países da União Europeia que penaliza a população e não apresenta os resultados esperados.

“Temos assistido, nos últimos anos, aos enormes sacrifícios por parte das populações dos países que estão mergulhados na crise: reduções de salários, desemprego, perda de benefícios. As políticas exclusivas, que só enfatizam a austeridade, vêm mostrando seus limites em virtude do baixo crescimento. E, apesar do austero corte de gastos, assistimos ao crescimento dos déficits fiscais e não a sua redução. Os dados e as previsões para 2012 e 2013 mostram a elevação dos déficits e a redução dos PIBs [produtos internos brutos]”, disse.

Portugal e Espanha têm sofrido, não apenas com as pressões do resto da Europa pelo rigor fiscal, mas também com uma série de manifestações de trabalhadores contra as medidas adotadas em busca desta austeridade. Por causa dos cortes de salários e direitos sociais, os dois países têm enfrentado greves e confrontos entre trabalhadores e policiais.

Dilma cobrou que os países superavitários façam a sua parte para que se normalize e a atividade econômica sadia entre os países abrindo mercados e estimulando as importações em seus territórios. Segundo a presidenta, os governos devem estimular o aumentar os investimentos e do consumo tendo como objetivo a retomada do crescimento da economia mundial.

Ela também apresentou dados sobre a economia brasileira para demonstrar que o modelo adotado pelo Brasil apostou na inclusão econômica e na garantia de direitos sociais para conseguir um desenvolvimento sustentado ao longo dos últimos anos. Dilma lembrou que os países da América Latina passaram 20 anos adotando o modelo de austeridade proposto agora a Portugal e à Espanha.

Segundo a presidenta, o Brasil só conseguiu pagar sua dívida e acumular reservas, como recomendava o FMI, quando voltou a crescer. Atualmente, de acordo com Dilma, a estratégia adotada para manter o crescimento está centrada no investimento público em infraestrutura, estímulo à inovação tecnológica por meio de parcerias e manutenção dos investimentos sociais. A presidenta também lembrou que o aumento da competitividade das empresas é um desafio para o Brasil e os países da América Latina e propôs que a cúpula resulte em um documento que também priorize ações voltadas para a micro e pequena empresa e o empreendedorismo.

“A cooperação e a melhoria da competitividade requerem que asseguremos um ambiente econômico favorável às empresas parceiras de todos os pontos do mundo, em especial me refiro aqui à Espanha, a Portugal e, sobretudo, aos países latino-americanos, nesses investimentos. Daremos integral prioridade às pequenas e médias empresas e ao empreendedorismo”, disse.

A presidenta fica em Cádiz até este sábado (17) participando dos debates da 22ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Conferência Ibero-Americana. Depois, viaja para Madrid, capital da Espanha, onde terá compromissos bilaterais.


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